Mês: setembro 2023
Pólipo endometrial: conheça os sintomas
Por Prof. Dr. Gustavo André
O termo pólipo é usado para denominar o tecido que se desenvolve anormalmente em uma membrana mucosa. O pólipo endometrial, por exemplo, se forma a partir do crescimento anormal das células do endométrio, tecido de revestimento interno do útero, que sofre modificações durante o ciclo menstrual para receber um possível embrião.
São formações sésseis ou pediculadas, quando se fixam ao endométrio por uma haste vascularizada, compostas por células que reproduzem as características desse tecido. Têm maior prevalência na pós-menopausa, embora possam surgir em qualquer idade.
O pólipo endometrial geralmente é benigno e com baixo potencial de malignização, pode ter poucos milímetros ou vários centímetros, ocupando toda a cavidade uterina. Nem sempre apresenta sintomas, porém, quando isso acontece, tende a impactar a qualidade de vida das mulheres, bem como podem afetar a saúde reprodutiva, resultando, muitas vezes, em infertilidade.
Por isso, conhecer os sintomas é um recurso importante para as mulheres em idade fértil ou em tentativa para engravidar, uma vez que eles funcionam como um alerta para a possibilidade da doença. Além disso, apesar de o potencial de malignidade ser baixo é importante que sejam observados.
Continue a leitura até o final para conhecer os principais sintomas do pólipo endometrial e tratamentos mais indicados em caso, inclusive quando eles afetam a capacidade de engravidar. Confira!
Quais são os sintomas do pólipo endometrial?
As causas que podem levar à formação do pólipo endometrial ainda permanecem desconhecidas pela ciência. No entanto, estudos destacam fatores de risco, incluindo o desequilíbrio nos níveis de estrogênio, hormônio que atua no preparo do endométrio tornando-o mais espesso e vascularizado para abrigar o embrião, obesidade e hipertensão arterial.
Endométrio é a camada em que o embrião se implanta, evento que marca o início da gestação. Se não houver fecundação, descama originando a menstruação e um novo ciclo menstrual. O pólipo endometrial se forma quando as células endometriais crescem desordenadamente.
A assintomatologia desses pólipos está principalmente associada aos estágios iniciais, quando podem, inclusive, retroceder naturalmente em muitos casos. Os sintomas normalmente ocorrem à medida que crescem e/ou se espalham pela cavidade uterina. O mais comum é o sangramento uterino anormal (SUA), que é um sangramento fora do padrão considerado normal.
Veja abaixo quais tipos de sangramento uterino anormal as mulheres com pólipo endometrial podem apresentar:
- Aumento excessivo da quantidade do fluxo menstrual (menorragia);
- Sangramento entre os períodos menstruais;
- Sangramento menstrual irregular;
- Sangramento após as relações sexuais;
- Sangramento após a menopausa.
Ainda que o SUA seja a manifestação mais comum, também podem ocorrer cólicas menstruais aumentadas antes e durante o período menstrual (dismenorreia), assim como a infertilidade. O pólipo endometrial pode interferir no preparo do endométrio, provocando falhas na implantação do embrião e abortamento.
Pode, ainda, causar distorções anatômicas em tamanhos maiores ou quando se espalha pela cavidade uterina, o que compromete o desenvolvimento e sustentação da gravidez, levando, da mesma forma, à perda gestacional.
Além disso, a presença de pólipos resulta em um processo inflamatório, cuja consequência é a formação de aderências, que podem, da mesma forma, levar a anormalidades na anatomia.
O diagnóstico do pólipo endometrial é feito por exames de imagem. Normalmente, o primeiro solicitado é a ultrassonografia transvaginal. Muitas vezes, inclusive, principalmente quando são assintomáticos, são incidentalmente descobertos quando esse exame é solicitado em avaliações de rotina.
No caso dos pólipos, a ultrassonografia pode ser mais ou menos sensível para o diagnóstico, a depender da fase do ciclo que a mulher se encontra. É mais fácil identificá-lo na primeira fase – no período logo após o término da menstruação e anterior à ovulação. Com o recurso do Doppler, é possível identificar o vaso que nutre a lesão, aumentando ainda mais o poder diagnóstico.
A histerossonografia, uma variação da ultrassonografia com soro fisiológico para expandir a cavidade uterina e a vídeo-histeroscopia diagnóstica, técnica que possibilita a visualização direta, podem ainda ser solicitados de forma complementar.
Esses exames possibilitam, ao mesmo tempo, descartar a incidência de outras patologias uterinas que podem causar sintomas semelhantes, como os miomas uterinos e as sinequias uterinas. O tratamento mais adequado para cada paciente é definido a partir dos resultados diagnósticos.
Como o pólipo endometrial é tratado?
O tratamento do pólipo endometrial pode ser apenas expectante, feito por medicamentos hormonais, por cirurgia ou com auxílio da reprodução assistida. Entenda quando cada abordagem terapêutica é indicada:
- Conduta expectante: é a abordagem utilizada nos casos em os pólipos são menores, não causam sintomas e não há desejo reprodutivo. Envolve apenas a observação periódica e considera o fato de que eles podem retroceder naturalmente;
- Medicamentos hormonais: podem ser prescritos para pólipos maiores, que causam sintomas como como SUA e dismenorreia, porém não é um tratamento adequado se a mulher desejar engravidar;
- Cirurgia: a cirurgia é indicada nos casos em os pólipos, em maiores tamanho ou quantidade, causam sintomas mais severos, incluindo infertilidade. O procedimento, conhecido como polipectomia, tem como objetivo a remoção. É realizado por vídeo-histeroscopia cirúrgica.
Na maioria das vezes a fertilidade é restaurada após a remoção do pólipo endometrial. Quando isso não acontece, é possível inferir que há outro motivo da infertilidade e, para obter a gravidez, pode ser indicada a fertilização in vitro (FIV), principal técnica de reprodução assistida.
Essa técnica prevê a fecundação em laboratório, precedida da coleta e seleção dos melhores óvulos e espermatozoides, com posterior transferência dos embriões formados diretamente ao útero materno depois de alguns dias de desenvolvimento, também em ambiente laboratorial.
Antes de os embriões serem transferidos, o endométrio pode ser preparado por medicamentos hormonais semelhantes aos naturais, minimizando, assim, possíveis falhas de implantação.
Mulheres que tiveram o útero removido em situações extremas podem contar ainda com uma das técnicas complementares ao tratamento, o útero de substituição ou barriga solidária, em que uma parente de até quarto grau dos pacientes em tratamento recebe os embriões formados com os gametas dos pais.
A FIV registra os percentuais mais altos de sucesso gestacional da reprodução assistida, entretanto, como na gestação espontânea o pólipo endometrial pode interferir no processo de implantação do embrião, que ocorre naturalmente, por isso, deve obrigatoriamente ser anteriormente removido.
Agora que você já conhece os sintomas do pólipo endometrial, compartilhe esse texto nas redes sociais e informe também aos seus amigos, uma vez que reconhecê-los contribui com o diagnóstico precoce, ajudando a evitar maiores danos à saúde reprodutiva e geral.
Mioma: veja o que é
Por Prof. Dr. Gustavo André
As mulheres têm um tempo limitado de fertilidade. Chamado de idade fértil, inicia na puberdade com a primeira menstruação e se encerra na menopausa, etapa marcada pela última.
Durante esse período é utilizada a reserva ovariana, termo que descreve a quantidade de folículos, estruturas que contêm o óvulo imaturo, armazenados nos ovários desde o nascimento.
Assim, naturalmente a capacidade reprodutiva se torna menor à medida que a mulher envelhece, da mesma forma que diferentes doenças podem impedir ou dificultar o sucesso gestacional durante a fase fértil.
O mioma uterino, também chamado de leiomioma, é uma das patologias mais comuns. Apesar de ser um tumor benigno, alguns tipos podem causar alterações em etapas essenciais para o sucesso da gravidez, efeitos obstétricos adversos, bem como outros sintomas, muitas vezes severos, que comprometem de diversas formas a qualidade de vida das mulheres portadoras.
Acompanhe o texto até o final e veja o que é mioma, quais as possíveis causas, os principais sintomas, diagnóstico e tratamento, inclusive quando a infertilidade é uma das consequências. Confira!
O que é o mioma uterino?
Útero, ovários e tubas uterinas, que os conecta, são os principais órgãos do sistema reprodutor feminino. A cada ciclo menstrual, os ovários liberam um óvulo para ser fecundado. Ele é capturado pelas tubas uterinas, local em que a fecundação acontece, também responsáveis por facilitar o transporte dos espermatozoides e do embrião formado na fecundação ao útero.
O útero, maior órgão, abriga o embrião-feto até o nascimento. Muscular e oco, tem o formato de pera invertida e é dividido em três partes, corpo, istmo e colo do útero. O corpo do útero, maior porção, também possui três camadas de revestimento, endométrio, a interna, miométrio, a intermediária e perimétrio (ou serosa), a externa.
O endométrio é um tecido epitelial altamente vascularizado, no qual o embrião se implanta para dar início à gestação, enquanto o miométrio é formado por células musculares lisas, que facilitam as contrações na hora do parto e para expulsão do sangue menstrual, e o perimétrio é uma serosa, que protege o órgão na cavidade pélvica.
O mioma uterino se desenvolve a partir uma única célula do miométrio, que se multiplica formando um tumor benigno. A causa exata ainda permanece desconhecida pela ciência, porém alguns fatores são apontados como de risco por diferente estudos. Entre eles estão a ascendência africana e a genética.
- Ascendência africana: mulheres de pele negra apresentam maior prevalência e sintomas mais graves;
- Genética: é alta a incidência registrada em mulheres que têm parentes de primeiro grau portadoras.
Além disso, o mioma está entre as doenças estrogênio-dependentes, ou seja, que dependem da ação desse hormônio para desenvolver, responsável pelo preparo do endométrio durante o ciclo menstrual, tornando-o adequado para receber um possível embrião.
Por isso, mulheres mais velhas, acima dos 40 anos, as que menstruaram precocemente ou nunca tiveram filhos, expostas por mais tempo ao hormônio, também fazem parte do grupo de risco.
Miomas podem ser únicos ou múltiplos e são classificados em três tipos principais de acordo com o local de crescimento: se originam no miométrio, porém podem se projetar para as outras camadas uterinas. Veja abaixo:
- Mioma intramural: é o tipo localizado apenas no miométrio;
- Mioma submucoso: se projetam para o interior da cavidade uterina, próximo ao endométrio;
- Mioma subseroso: se projeta em direção ao perimétrio, camada externa.
Os sintomas do mioma, incluindo alterações na fertilidade, são igualmente associados ao local de crescimento.
Sintomas, diagnóstico e tratamento do mioma uterino
Nem todas as mulheres com miomas apresentam sintomas, porém, quando estão presentes, podem ser muitas vezes severos, comprometendo a qualidade de vida das portadoras, levando muitas vezes ao afastamento social e desenvolvimento de transtornos, como ansiedade e/ou depressão. Os mais comuns são:
- Mioma submucoso: sangramento e cólicas severas entre os períodos menstruais, aumento excessivo do fluxo menstrual, muitas vezes prolongado, o que pode resultar em anemia;
- Mioma intramural: aumento do fluxo e cólicas severas durante o período menstrual;
- Mioma subseroso: por ter mais espaço para crescer, esse tipo de mioma pode atingir grandes dimensões e comprimir órgãos próximos, como a bexiga e o intestino, provocando micção frequente e urgente ou constipação, bem como em inchaço abdominal.
No entanto, apenas dois tipos são associados à infertilidade feminina, o submucoso e o intramural. O submucoso, por estar localizado próximo ao endométrio pode causar interferências no preparo endometrial, levando a falhas na implantação do embrião e abortamento. Já o intramural, em tamanhos maiores pode provocar distorções na anatomia uterina, dificultando ou impedindo o desenvolvimento da gravidez.
Ambos aumentam, ainda, as chances de efeitos obstétricos adversos, tais como parto prematuro, placentação anormal e RCIU (restrição de crescimento intrauterino), quando o bebê não atinge o peso normal durante a gravidez.
O mioma é diagnosticado por exames de imagem. Muitas vezes é um achado incidental durante as avaliações de rotina com a ultrassonografia transvaginal. Quando o ultrassom for inconclusivo, é possível realizar o diagnóstico por meio da vídeo-histeroscopia diagnóstica, técnica que permite a visualização direta da cavidade uterina, identificando a localização e o tipo.
A partir dos resultados diagnósticos, é definido o tratamento mais adequado para cada paciente, ou seja, é sempre individualizado. A conduta pode ser apenas expectante, se não houver nenhum sintoma, assim como considerar o desejo da mulher de engravidar no momento.
Se não houver o desejo, por exemplo, e os sintomas forem mais leves, é feito o tratamento com medicamentos hormonais, que promovem a suspensão da menstruação e, consequentemente, a exposição menor ao estrogênio, levando à estabilização e às vezes até à redução do tumor.
Para sintomas mais severos, incluindo infertilidade, e/ou se houver o desejo de engravidar, geralmente é indicada a remoção cirúrgica, procedimento conhecido como miomectomia, realizado por vídeo-histeroscopia cirúrgica na maioria dos casos. A cirurgia também é necessária para correção de possíveis anormalidades anatômicas consequentes de miomas intramurais.
Nos casos em que a fertilidade não é restaurada após a remoção, é indicado, então, o tratamento por reprodução assistida.
Infertilidade e reprodução assistida
A fertilização in vitro (FIV) é a principal técnica de reprodução assistida indicada para o tratamento da infertilidade por diversos motivos. Prevê a fecundação em laboratório com posterior transferência dos embriões diretamente ao útero materno, depois de alguns dias de desenvolvimento.
Na FIV, o endométrio pode ser previamente preparado por medicamentos hormonais sintéticos, semelhantes aos envolvidos no ciclo endometrial. Dessa forma, as chances de falhas na implantação do embrião são minimizadas.
Os percentuais de sucesso gestacional proporcionados pela FIV são bastante expressivos e os mais altos da reprodução assistida. A técnica responde, anualmente, pelo nascimento de milhares de crianças no mundo todo.
Assim, mesmo quando a infertilidade por mioma não é solucionada pelos tratamentos primários, ainda é possível engravidar com auxílio da FIV.
Compartilhe esse texto nas redes sociais e informe aos seus amigos o que é mioma, as possíveis interferências na fertilidade, diagnóstico e tratamentos mais indicados em cada caso!
Hipotireoidismo: saiba identificar os sintomas
Por Prof. Dr. Gustavo André
Os hormônios são mensageiros químicos, viajam pela corrente sanguínea e encontram receptores em tecidos ou órgãos funcionando como um sinalizador celular, regulando funções importantes, do crescimento e desenvolvimento ao processo reprodutivo. O termo deriva do grego ormóni, que significa evocar ou excitar.
São produzidos e/ou secretados por glândulas do sistema endócrino, a tireoide, uma das maiores glândulas do corpo humano, está entre as principais. Localizada no pescoço, abaixo da laringe, tem o formato semelhante ao de uma borboleta e responde por hormônios importantes para controlar o metabolismo das células, garantindo o equilíbrio de diferentes sistemas, como o reprodutor.
Os hormônios tireoidianos atuam nas funções dos ovários e testículos – no desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos e na produção dos espermatozoides. Assim, qualquer alteração no funcionamento correto da tireoide pode interferir na fertilidade de mulheres ou homens e levar à infertilidade.
O hipotireoidismo é um dos distúrbios da tireoide que pode causar esse efeito. Continue a leitura até o final e conheça os possíveis sintomas associados ao problema, que contribuem para diagnóstico e tratamento precoces, evitando, dessa forma, maiores danos à saúde reprodutiva. Confira!
Entenda o que é hipotireoidismo
O sistema endócrino é controlado por diferentes eixos, compostos geralmente pelo hipotálamo, região do encéfalo, centro do sistema nervoso, e pela hipófise, também chamada de glândula pituitária ou mestra, localizada na parte inferior do cérebro, além do órgão alvo.
A produção dos hormônios tireoidianos é controlada pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. O hipotálamo responde pela produção do hormônio liberador de tireotrofina (TRH), que por sua vez estimula a hipófise a produzir TSH, hormônio estimulante da tireoide, que se liga aos receptores presentes nessa glândula estimulando a secreção de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), os hormônios tireoidianos.
Algumas condições podem interferir no funcionamento adequado da tireoide, resultando no aumento (hipertireoidismo) ou insuficiência (hipotireoidismo) dos hormônios tireoidianos.
Hipotireoidismo ou tireoide hipoativa, portanto, é o distúrbio caracterizado pela produção insuficiente. A tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune em que anticorpos atacam a glândula por engano, é a causa mais comum, entretanto também pode ser consequência de tumores na hipófise, geralmente benignos, histórico familiar, câncer da tireoide e seus tratamentos, bem como alguns medicamentos para o tratamento de distúrbios psiquiátricos.
Raro em homens, nas mulheres o hipotireoidismo é mais frequentemente observado acima de 40 anos, ainda que possa ocorrer em qualquer idade, incluindo a reprodutiva, quando pode provocar alterações da fertilidade.
Observar os possíveis sintomas característicos desse distúrbio contribui para o diagnóstico e tratamento precoces, permitindo regular a atividade da glândula e, desse forma, os níveis hormonais.
Principais sintomas do hipotireoidismo
O hipotireoidismo normalmente é assintomático nos estágios iniciais, no entanto, com o avanço da doença tendem a surgir diferentes sintomas, que variam em intensidade de acordo com a deficiência hormonal. Nas mulheres, é possível observar particularmente irregularidades no ciclo menstrual, aumento do fluxo e às vezes até a parada do fluxo – a amenorreia, que é a ausência da menstruação por mais de 3 ciclos; enquanto nos homens podem ocorrer problemas relacionados à potência sexual.
A dificuldade de engravidar também está entre os sintomas. Nas mulheres, como os hormônios tireoidianos atuam no desenvolvimento, amadurecimento e rompimento do folículo ovariano, que contêm o óvulo imaturo, a infertilidade é consequência de distúrbios de ovulação, dificuldades nesse processo que levam à ausência de ovulação, condição denominada anovulação.
Nos homens, estimulam a secreção de testosterona, principal hormônio masculino cuja ação é essencial na espermatogênese, processo de produção dos espermatozoides. Níveis baixos podem resultar na baixa concentração (oligozoospermia) ou ausência de espermatozoides no sêmen.
Além desses sintomas, outros são comuns a ambos os sexos:
- perda da libido;
- ganho de peso com dificuldades para emagrecer;
- dores musculares;
- cansaço e fraqueza;
- dor, rigidez ou inchaço nas articulações;
- inchaço na face;
- ressecamento da pele;
- queda de cabelo;
- rouquidão;
- glândula tireoide aumentada;
- diminuição do ritmo cardíaco;
- depressão;
- elevação do colesterol;
- infertilidade.
É importante procurar um especialista se houver a manifestação de qualquer sintoma, isoladamente ou em associação.
Diagnóstico e tratamento do hipotireoidismo
O diagnóstico do hipotireoidismo é feito a partir do acolhimento dos sintomas e realização de exame de sangue para analisar os níveis do hormônio estimulador da tireoide TSH e da tiroxina (T4). Quando o quadro é de hipotireoidismo, há uma elevação do TSH, enquanto os níveis da tiroxina (T4) geralmente são mais baixos do que o normal.
Todas as pessoas que têm histórico familiar, bem como as mulheres em idade reprodutiva, devem fazer a investigação, independentemente de apresentarem sintomas ou alterações na fertilidade.
Ainda que o tratamento do hipotireoidismo seja bastante simples, feito por reposição hormonal, é vitalício: os medicamentos são de uso diário e as dosagens ajustadas de acordo com a necessidade.
O tratamento promove o alívio dos sintomas e, na maioria das vezes, proporciona a restauração da fertilidade. Quando isso não acontece, podem ser indicadas as técnicas de reprodução assistida para obter a gravidez.
Infertilidade e reprodução assistida
A principal técnica indicada é a fertilização in vitro (FIV), em que fecundação é realizada em laboratório após a coleta e seleção de óvulos e espermatozoides.
A mulher é submetida à estimulação ovariana, procedimento que utiliza medicamentos hormonais para induzir o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos ovarianos, coletados individualmente por aspiração folicular para posterior extração e seleção dos óvulos em laboratório.
Os espermatozoides do parceiro, por outro lado, são selecionados por técnicas de preparo seminal. Se não estiverem presentes nas amostras de sêmen, podem ser obtidos diretamente dos testículos, local em que são produzidos, ou dos epidídimos, ductos em que são armazenados após a produção.
Atualmente, a fecundação é realizada por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) nas maioria das clínicas de reprodução assistida. Método em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo com auxílio de um micromanipulador de gametas.
Os embriões formados se desenvolvem por alguns dias em laboratório e são posteriormente transferidos diretamente ao útero materno.
A FIV, portanto, permite solucionar os principais problemas relacionados à infertilidade, proporcionando chances de sucesso gestacional bastante expressivas, as mais altas da reprodução assistida.
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Como calcular o período fértil? Veja a importância para a fertilidade
Por Prof. Dr. Gustavo André
Os ciclos menstruais ou reprodutivos femininos têm início na puberdade, inaugurando a idade fértil das mulheres, que se encerra na menopausa. Ou seja, somente nesse intervalo, período também denominado menacme, que fica entre a puberdade e a menopausa, é possível engravidar.
Além do tempo de fertilidade limitado, as chances de gravidez também estão concentradas em um curto período do ciclo menstrual, conhecido como período fértil. Para se ter uma ideia, dos aproximados 28 dias que compõem um ciclo considerado padrão, em apenas um deles o óvulo pode ser fecundado pelo espermatozoide, gerando, assim, uma nova vida.
O período fértil, entretanto, é um pouco mais extenso, 5 dias, pois considera diferentes fatores. Essencial para o sucesso gestacional e, consequentemente, para fertilidade feminina, saber calculá-lo é um recurso necessário para os casais em tentativa de engravidar, permitindo programar e intensificar a relação sexual, assim como é um alerta para possíveis problemas de infertilidade conjugal.
Continue a leitura até o final para saber como calcular o período fértil e entender sua importância para a fertilidade. Confira!
Ciclo menstrual e período fértil
As mulheres nascem com uma reserva de óvulos para serem utilizados durante a idade fértil, o que é chamado de reserva ovariana. Os óvulos primários, ainda imaturos, são armazenados nos ovários em estruturas denominadas folículos. O processo de maturação acontece durante o ciclo menstrual, dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea.
Na fase folicular vários folículos são recrutados e crescem motivados pela ação do hormônio folículo-estimulante, FSH. Porém, entre eles apenas um se destaca. Chamado de folículo dominante, desenvolve e amadure estimulado pelo hormônio luteinizante (LH).
Enquanto se desenvolve, libera estrogênio, hormônio que inicia o preparo do endométrio, tecido que reveste o útero internamente no qual o embrião se implanta para dar início à gestação.
Aproximadamente na metade do ciclo menstrual, quando o folículo já amadureceu o suficiente, um pico de LH o induz ao rompimento para a liberação do óvulo, também maduro. Isso acontece na segunda fase, a ovulatória, durante o evento conhecido como ovulação.
O óvulo liberado é captado pelas tubas uterinas, órgãos que fazem a ligação entre os ovários e o útero em que a fecundação acontece, e aguarda por até 24h o encontro com o espermatozoide. Durante a relação sexual, milhares de espermatozoides são liberados na ejaculação e viajam pela extremidade oposta das tubas para fecundar o óvulo. Um deles vence a corrida e o penetra, originando a primeira célula do embrião.
Na última fase do ciclo menstrual, a lútea, o folículo rompido se transforma em corpo lúteo, uma glândula endócrina temporária cuja função é secretar progesterona, hormônio que finaliza o preparo endometrial. Se não houver fecundação, por outro lado, o corpo lúteo degenera, os níveis hormonais diminuem provocando a descamação do endométrio, a menstruação e o início de um novo ciclo.
Período fértil
O período de maior fertilidade das mulheres é marcado pela ovulação, ou seja, as chances de engravidar dependem da liberação do óvulo e consideram particularmente seu tempo de sobrevida. No entanto, o tempo que os espermatozoides sobrevivem no organismo feminino também é necessário para calcular o período fértil.
Isso porque os que já estão disponíveis no organismo feminino são atraídos por substâncias químicas liberadas pelo óvulo, iniciando a corrida antes mesmo que ocorra uma nova ejaculação. Por outro lado, apenas os espermatozoides mais saudáveis têm capacidade de sobrevivência, o que significa que também estão mais capacitados para vencer a corrida e fecundar o óvulo.
Entenda como o período fértil é calculado
O cálculo do período fértil pode ser feito com maior precisão apenas nos ciclos menstruais regulares, aqueles que acontecem sempre no mesmo intervalo, iniciam com a menstruação e finalizam no dia anterior à próxima. O mais comum, nesses casos, é que tenham a duração de 28 dias, embora possam ser um pouco mais curtos ou longos.
No ciclo de 28 dias, a ovulação geralmente ocorre no 14º. Por isso, para calcular o período fértil é importante anotar a data do primeiro dia da menstruação, estabelecendo, dessa forma, a da provável liberação do óvulo, além de considerar o tempo de sobrevida de ambos os gametas.
Por exemplo, se o dia 1 for o primeiro da menstruação, a ovulação provavelmente vai ocorrer no dia 14: 14 – 3 (tempo de sobrevida do espermatozoide) = 11; 14+1 (tempo de sobrevida do óvulo) = 15. Assim, o período fértil está localizado entre os dias 11 e 15, podendo a fecundação ocorrer apenas após a liberação do óvulo, durante o tempo em que sobrevive. Depois disso, é naturalmente absorvido pelo organismo.
É importante ter em mente que o ciclo menstrual pode ser dividido em 3 fases: a primeira é a chamada folicular, depois vem a fase ovulatória e então, por fim, acontece a fase lútea. Sabe-se que a primeira fase pode ter uma duração variável e que a segunda e terceira são fixas.
A ovulação é um momento único e corresponde a um único dia, enquanto a fase lútea dura 14 dias. Dessa forma, podemos dizer que uma mulher que tenha a duração do ciclo de 33 dias tem a primeira fase com a duração de 33 – 14 = 19 dias. Qual é a importância disso? Em um ciclo de 33 dias, a fase ovulatória ocorrerá no 19° dia, portanto a janela de oportunidade para a gravidez será do 16° ao 20° dia do ciclo.
Para mulheres com ciclos mais curtos, como de 25 dias, calculamos 25 – 14 = 11. Dessa forma, o provável dia fértil ocorrerá no 11° dia e o período fértil será do 8° ao 12° dia do ciclo.
Período fértil e fertilidade
Casais que sabem como calcular o período fértil têm mais chances de engravidar ou mesmo de detectar possíveis problemas de fertilidade. Quando a relação sexual é intensificada durante o período fértil por um ano ou mais, sem o uso de nenhum método contraceptivo, e ainda assim não há sucesso gestacional, o quadro provavelmente é de infertilidade, resultado de fatores femininos, masculinos, ou da associação de ambos.
Os distúrbios de ovulação são uma das principais causas de infertilidade feminina, provocados por doenças como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e a endometriose, comuns durante a fase reprodutiva. Têm como característica dificuldades no desenvolvimento, amadurecimento e liberação do folículo ovariano, o que impede a ovulação e, consequentemente, a fecundação.
Os fatores masculinos associados aos espermatozoides podem igualmente impedir ou dificultar a fecundação. Desde alterações estruturais, na morfologia (forma) ou motilidade (movimento), à baixa concentração ou ausência no sêmen, condições denominadas oligozoospermia e azoospermia, respectivamente, causas de infertilidade masculina frequentemente registradas.
Apesar de algumas mulheres demorarem mais a engravidar, o que é normal, se houver suspeita de infertilidade é importante procurar um especialista em reprodução humana para investigar as possíveis causas. Atualmente, o problema pode ser solucionado na maioria dos casos, as técnicas de reprodução assistida são o tratamento padrão.
Infertilidade e reprodução assistida
Hoje, as três principais técnicas de reprodução assistida, relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV), proporcionam a solução de praticamente todas as necessidades reprodutivas.
As de menor complexidade, RSP e IA, são indicadas para o tratamento de fatores de infertilidade menos graves, pois a fecundação acontece como na gestação natural, nas tubas uterinas. A RSP, por exemplo, geralmente é a primeira opção para solucionar distúrbios de ovulação mais leves, enquanto a IA é indicada se houver pequenas alterações nos espermatozoides.
Em ambas o período fértil tem a mesma importância que na gestação natural. No primeiro caso, para programar a relação sexual e, no segundo, para inserir os espermatozoides mais capacitados no útero, selecionados por técnicas de preparo seminal.
Já a FIV é uma técnica mais complexa, que reproduz etapas importantes em laboratório como a fecundação e o desenvolvimento inicial dos embriões formados no processo, posteriormente transferidos diretamente ao útero materno.
Assim, permite solucionar praticamente todas as demandas reprodutivas, independentemente da severidade do fator de infertilidade que impede a gravidez.
No entanto, todas as técnicas quando bem indicadas são um importante auxílio para a gravidez e registram percentuais de sucesso compatíveis com a complexidade do procedimento, que podem ser ainda mais expressivos quando a infertilidade é diagnosticada precocemente. Por isso, os casais tentantes que sabem como calcular o período fértil e não obtêm sucesso após um ano de tentativas, não devem demorar a procurar um especialista.
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FIV, IA e RSP: conheça as técnicas de reproduçãoo assistida
Por Prof. Dr. Gustavo André
Hoje, milhares de pessoas no mundo todo sofrem com infertilidade, ou seja, não conseguem engravidar naturalmente por relação sexual, como consequência de diversas condições, incluindo, por exemplo, doenças e hábitos de vida. Os percentuais são tão elevados que a organização mundial da saúde (OMS) passou a considerar o problema questão de saúde pública mundial.
No entanto, apesar dos altos números registrados anualmente, com o tratamento adequado é possível engravidar na maioria dos casos. A reprodução assistida é considerada o tratamento padrão para os fatores de infertilidade femininos e masculinos, além de possibilitar a gravidez em outras situações, como casais homoafetivos ou pessoas solteiras que desejam ser pais independentes.
Essa área da medicina reúne técnicas e procedimentos que auxiliam no processo reprodutivo, as principais são a fertilização in vitro (FIV), a inseminação artificial (IA) e a relação sexual programada (RSP). A definição da mais adequada em cada caso é feita após a realização de exames, laboratoriais e de imagem, para identificar a causa da dificuldade de engravidar.
Este texto aborda detalhadamente o funcionamento e indicação de cada uma delas. Continue a leitura até o final e confira!
FIV, IA e RSP
Algumas mulheres podem demorar um pouco mais do que outras para engravidar, isso depende de cada organismo e é considerado normal. Para o diagnóstico de infertilidade é necessário haver pelo menos um ano de tentativas com relações sexuais desprotegidas, sem o uso de nenhum método contraceptivo.
A infertilidade feminina geralmente é consequência de distúrbios de ovulação, obstruções tubárias ou anormalidades uterinas, enquanto a masculina pode resultar de interferências na espermatogênese, processo de produção dos espermatozoide, ou de obstruções que impedem o transporte para fecundar o óvulo.
Entre as doenças femininas mais comuns durante a idade fértil, que podem provocar esses problemas, estão as estrogênio-dependentes – endometriose, miomas uterinos ou pólipos endometriais – e a síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Já entre as masculinas a varicocele e os processos inflamatórios dos órgãos reprodutores, epididimite, dos epidídimos, orquite, dos testículos e prostatite, da próstata, se destacam por serem causas prováveis de azoospermia, ausência de espermatozoides no sêmen, bem como podem interferir na qualidade dos gametas.
Após identificada a causa da infertilidade, o tratamento pode ser realizado pelas técnicas de baixa complexidade, RSP e IA, em que a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas, ou pela FIV, mais complexa, em que o processo é realizado em ambiente laboratorial. Veja abaixo o funcionamento e indicação de cada uma:
RSP – Relação sexual programada
A RSP é a técnica de reprodução assistida mais simples. Como o nome sugere, o objetivo do tratamento é programar a relação sexual para o período do ciclo menstrual feminino em que há mais chances de engravidar. Para isso, a mulher é submetida à estimulação ovariana, procedimento que utiliza medicamentos hormonais para estimular os ovários e obter mais óvulos maduros.
No ciclo menstrual normal vários folículos são recrutados, estruturas que contém o óvulo imaturo. Porém, apenas um deles se destaca, desenvolve, amadurece e rompe liberando o óvulo na ovulação.
Os medicamentos administrados estimulam o desenvolvimento de mais folículos. Na RSP são utilizadas baixas doses, uma vez que a fecundação acontece naturalmente, para obter entre 1 e 3 óvulos.
O desenvolvimento dos folículos é acompanhado por exames de ultrassonografia transvaginal periódicos, que indicam quando eles atingem o tamanho ideal para que novos medicamentos os induzam ao amadurecimento e ovulação, que ocorre em aproximadamente 36 horas. Permitem, dessa forma, programar a relação sexual para o período em que há mais chances de engravidar.
O período de maior fertilidade das mulheres é marcado pela ovulação e considera o tempo de sobrevida do óvulo, 24h, e dos espermatozoides, aproximadamente 72h.
A RSP apresenta percentuais de sucesso semelhantes aos da gestação espontânea: cerca de 20% a cada ciclo de tratamento. É indicada nas seguintes situações:
- Para mulheres com até 35 anos, idade em que a qualidade e os níveis da reserva ovariana ainda estão altos. Reserva ovariana é o termo que descreve a quantidade de folículos presentes desde o nascimento, utilizados durante a fase fértil;
- Para mulheres com distúrbios de ovulação mais leves, que podem ser provocados por doenças em estágios iniciais, como a SOP e a endometriose;
- Para mulheres com as tubas uterinas permeáveis, uma vez que a fecundação acontece naturalmente;
- Para mulheres cujos parceiros possuem os espermatozoides saudáveis, dentro dos padrões de normalidade.
IA – inseminação artificial
Assim como a RSP, a IA inicia com a estimulação ovariana; as doses dos medicamentos são igualmente mais baixas. No entanto, essa técnica permite o tratamento quando há pequenas alterações na morfologia (forma) ou motilidade (movimento) dos espermatozoides.
Simultaneamente à estimulação ovariana, as amostras de sêmen do parceiro são coletadas e submetidas ao preparo seminal, técnica que utiliza diferentes métodos para capacitar os gametas masculinos e selecionar os com maior capacidade de penetrar o óvulo para fecundá-lo.
Os espermatozoides selecionados são, então, inseridos em um cateter e depositados diretamente no útero, encurtando o caminho até as tubas uterinas, durante o período fértil apontado pelos exames ultrassonográficos.
Os percentuais de sucesso da IA também são semelhantes aos da gestação espontânea, cerca de 20% por ciclo. É indicada nas seguintes situações:
- Para homens com pequenas alterações nos espermatozoides;
- Para homens com dificuldades em ejacular, como ejaculação precoce ou em pequenos volumes;
- Para mulheres com até 35 anos (melhor qualidade dos óvulos) e as tubas uterinas permeáveis;
- Para mulheres com alterações no muco cervical, substância produzida pelo colo do útero que protege contra ascensão de bactérias presentes na vagina e facilita a entrada e transporte dos espermatozoides durante o período fértil;
- Para casais homoafetivos femininos, que utilizam, nesse caso, sêmen de um doador.
FIV – fertilização in vitro
A FIV é a técnica mais complexa e é considerada a principal por atender a praticamente todas as demandas reprodutivas.
Possibilita desde o tratamento de fatores de infertilidade, mais ou menos graves, à gravidez de casais homoafetivos masculinos, que contam com a doação de óvulos, o processo compartilhado no caso dos femininos, além de ser a única técnica que permite evitar a transmissão de distúrbios genéticos para os filhos.
O tratamento com a FIV é realizado em cinco etapas, estimulação ovariana, preparo seminal, fecundação e cultivo embrionário.
A estimulação ovariana, entretanto, se difere das outras técnicas em alguns pontos. Além da dosagem hormonal ser mais alta, pois o objetivo é obter de 5 a 15 óvulos maduros e garantir que mais embriões sejam formados, após a administração dos medicamentos indutores os folículos maduros são coletados por punção folicular, os óvulos extraídos e selecionados em laboratório.
O preparo seminal também permite a seleção dos espermatozoides mais saudáveis. Na FIV em homens com azoospermia (ausência de espermatozoides no ejaculado) eles podem em boa parte dos casos ser coletados dos epidídimos ou testículos por diferentes métodos.
Apenas os melhores óvulos e espermatozoides são utilizados na fecundação, geralmente realizada por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que cada espermatozoide é diretamente injetado no óvulo.
Os embriões formados são acomodados em incubadoras e se desenvolvem por até seis dias. Podem ser transferidos ao útero em duas fases de desenvolvimento, D3 ou clivagem, entre o segundo e terceiro dia, ou no blastocisto, entre o quinto e o sexto.
Além de o tratamento principal contornar diferentes problemas que podem dificultar a gravidez, a FIV conta com um conjunto de técnicas complementares, que oferecem ainda outras soluções. Entre elas está o PGT (teste genético pré-implantacional), que analisa as células do embrião indicando possíveis distúrbios genéticos. Dessa forma, apenas os mais saudáveis são transferidos.
Os percentuais de sucesso proporcionados pela FIV são os mais altos da reprodução assistida, embora todas proporcionem a gravidez quando são bem indicadas.
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Testosterona: o que é e qual a relação com a fertilidade masculina?
Por Prof. Dr. Gustavo André
Sabe-se hoje, que a fertilidade dos homens é igualmente fundamental para a gravidez ser bem-sucedida, ou seja, todos os órgãos reprodutores devem cumprir adequadamente sua função, mediada por diferentes hormônios.
As funções reprodutivas masculinas são coordenadas pelo eixo hipotálamo-hipófise-testículo, responsável por produzir, secretar e regular a ação dos hormônios envolvidos nesse processo, entre eles a testosterona, principal hormônio sexual masculino.
Qualquer alteração no funcionamento adequado dos órgãos reprodutores e nos níveis hormonais, portanto, pode resultar em infertilidade masculina, um problema muitas vezes descoberto apenas quando há dificuldades para engravidar a parceira.
Continue a leitura até o final para conhecer em detalhes a atuação da testosterona e sua relação com a fertilidade masculina. Confira!
O que é testosterona?
A testosterona é um hormônio andrógeno, o que significa que promove o desenvolvimento das características masculinas.
Ainda durante a vida intrauterina inicia a formação dos órgãos reprodutores internos e externos e, na puberdade, estimula o amadurecimento desses órgãos, o crescimento de pelos corporais e pubianos, o engrossamento da voz, o aumento do pênis, dos testículos e da próstata, além do início da expressão de desejos e comportamentos sexuais.
É responsável ainda por regular a massa muscular, a distribuição de gordura e a produção de glóbulos vermelhos, durante e após a puberdade, e, de espermatozoides, processo conhecido como espermatogênese.
A testosterona é produzida principalmente nos testículos, as glândulas sexuais masculinas, e em quantidades menores pelas glândulas suprarrenais. Embora seja o hormônio mais importante dos homens, os ovários também a produzem em pequenas quantidades. Nesse caso, é convertida no principal hormônio sexual feminino, o estrogênio.
Testosterona e fertilidade masculina
O sistema reprodutor masculino é composto por órgãos externos e internos, cuja função é produzir os espermatozoides, os gametas ou células sexuais masculinas, garantir o seu transporte e introdução no corpo da mulher, além da produção de testosterona.
Os externos são o pênis e a bolsa testicular, enquanto os testículos, epidídimos, ductos deferentes, ejaculatórios, as glândulas anexas (vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais) e uretra compõem os internos.
Entenda, abaixo, o funcionamento desse sistema:
Os homens produzem espermatozoides durante toda a vida após a puberdade. O processo, chamado espermatogênese, acontece nos túbulos seminíferos, localizados nos testículos, e é coordenado pelo eixo hipotálamo-hipófise-testículo (HTT).
O hipotálamo libera de forma pulsátil o GnRH, hormônio liberador de gonadotrofinas, que por sua vez estimula a hipófise a secretar as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), que viajam pela corrente sanguínea até os testículos.
O LH atua nas células de Leydig, localizadas entre os túbulos, estimulando a produção de testosterona, e o FSH nas células de Sertoli, que revestem o interior, para auxiliar na espermatogênese.
No interior dos túbulos seminíferos ficam localizadas as células percussoras dos espermatozoides, que se dividem durante a espermatogênese até que os gametas masculinos estejam completamente formados.
Depois de formados, os espermatozoides são armazenados nos epidídimos, ductos em que ocorre o amadurecimento final e a formação da cauda, parte que lhes permite o movimento no organismo feminino. O espermatozoide formado possui cabeça, peça intermediária e cauda. Na cabeça fica localizado o núcleo com as informações genéticas.
Durante o estímulo sexual são transportados aos ductos deferentes e ejaculatórios. No trajeto, recebem os líquidos produzidos pelas glândulas anexas formando o sêmen, lançado na uretra para ser ejaculado pelo pênis. Ainda que milhares de espermatozoides sejam ejaculados, apenas um alcança o óvulo e o penetra gerando a primeira célula do embrião, estágio inicial do futuro ser humano.
A testosterona atua na divisão celular e no amadurecimento dos espermatozoides. Portanto, é fundamental para a fertilidade dos homens. Alterações nos níveis desse hormônio podem, por exemplo, provocar a baixa concentração (oligozoospermia) dos gametas no sêmen, ou a ausência deles (azoospermia), uma das principais causas de infertilidade masculina.
Além disso, pode resultar em um percentual alto de espermatozoides com problemas de motilidade, impedindo ou dificultando o encontro com o óvulo.
Infertilidade e reprodução assistida
O tratamento padrão para os fatores de infertilidade masculina, incluindo a consequente do desequilíbrio de testosterona, é a fertilização in vitro (FIV) com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
Na FIV com ICSI a fecundação é realizada em laboratório. Os melhores espermatozoides são previamente selecionados por técnicas de preparo seminal e, posteriormente, cada um é novamente avaliado em movimento por um microscópio de alta magnificação. Após ter a saúde confirmada é injetado no citoplasma do óvulo.
Dessa forma, mesmo quando há baixa concentração de espermatozoides no sêmen as chances de o processo ser bem-sucedido são altas. Nessa técnica, também é possível recuperá-los dos epidídimos ou dos testículos quando eles não estão presentes no sêmen com a utilização de diferentes métodos.
Os embriões formados na fecundação são, então, cultivados por alguns dias em laboratório e depois transferidos diretamente ao útero materno em duas fases de desenvolvimento, D3, entre o segundo e terceiro dia, ou no blastocisto, entre o quinto e sexto. O processo é acompanhado diariamente por um embriologista, permitindo a definição da mais adequada em cada caso.
A FIV registra percentuais bem expressivos de gravidez por ciclo de tratamento, sendo responsável pelo nascimento de milhares de crianças, anualmente, no mundo todo.
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