Os anticoncepcionais ou contraceptivos, como o nome sugere têm a função de evitar a concepção. O mais popular entre eles, a pílula, um dos principais símbolos dos movimentos feministas na década de 1960 por representar uma evolução na liberdade reprodutiva das mulheres, permanece como o mais utilizado no mundo todo, inclusive no Brasil.
Porém, apesar de seus benefícios para evitar uma gravidez indesejada não previne a contaminação por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que podem causar alterações na fertilidade.
Apenas os preservativos, as camisinhas masculinas e femininas, conhecidos como métodos de barreira por impedirem a entrada dos espermatozoides, evitam o contato com secreções contaminadas, embora os percentuais de falhas se o objetivo for apenas não engravidar sejam acima de 10%, bem expressivos.
Além disso, por ser um anticoncepcional hormonal a pílula é contraindicada em alguns casos, por isso é sempre importante procurar um especialista antes de escolher o melhor método anticoncepcional.
Por outro lado, não é à toa que a pílula foi considerada um dos avanços da medicina socialmente mais significativos das últimas décadas, seus percentuais de eficácia, quase 100% atualmente, permitiram às sociedades contemporâneas planejar o crescimento da família.
Ainda que adiar a gravidez tenha se tornado tendência, entretanto, o uso prolongado desse anticoncepcional gera muitas dúvidas e mitos, incluindo a possibilidade de resultar em infertilidade permanente. Continue a leitura até o final para entender como a pílula age e esclarecer tudo sobre sua utilização. Confira!
Desde a puberdade, a mulher passa por diversas alterações fisiológicas que preparam o corpo para uma possível gravidez, o que é chamado de ciclo menstrual. Dividido em três fases, folicular, ovulatória e lútea, coordenadas por diferentes hormônios, ocorre continuamente; inicia no primeiro dia da menstruação e finaliza no anterior à seguinte.
Na fase folicular, o FSH (hormônio folículo-estimulante) e o LH (hormônio luteinizante) atuam no recrutamento, desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, bolsas que contêm os óvulos imaturos. Enquanto o FSH estimula o recrutamento e crescimento de vários folículos, o LH promove o amadurecimento do que se destaca entre eles, o folículo dominante.
O folículo dominante secreta estrogênio enquanto se desenvolve, hormônio que inicia o preparo do endométrio, tecido que reveste o útero internamente no qual o embrião se implanta para dar início à gestação.
Na segunda fase, a ovulatória, um pico de LH induz o folículo ao amadurecimento final, rompimento e liberação óvulo, evento conhecido como ovulação. Após liberar o óvulo, na terceira fase, a lútea, o folículo rompido se transforma em corpo lúteo, estrutura cuja função é secretar progesterona, hormônio que finaliza o preparo endometrial.
Se o óvulo não for fecundado, o corpo lúteo se degenera, ocorre, então, uma queda nos níveis hormonais, provocando a descamação do endométrio e a menstruação, que marca o início de um novo ciclo.
A pílula anticoncepcional é um método hormonal oral. É formulada com a versão sintética dos principais hormônios femininos, estrogênio e progesterona.
Existem vários tipos disponíveis, os mais comuns são a pílula só de progesterona e a combinada, o que as diferencia são os hormônios presentes em sua composição. A primeira é formulada somente com progesterona e age tanto no bloqueio da ovulação quanto no endométrio impedindo que ele esteja receptivo para receber o embrião, bem como causa um espessamento do muco cervical, o que evita a entrada de espermatozoides.
Já a combinada contém estrogênio e progesterona, que em níveis mais altos no organismo inibem a secreção de FSH e LH e, dessa forma, o desenvolvimento e amadurecimento do folículo dominante e sua ruptura. Assim, sua principal função é impedir a ovulação.
O uso da pílula envolve ainda outros benefícios além da prevenção da gravidez, como a redução do fluxo menstrual, das cólicas e da TPM (tensão pré-menstrual), vilã bem conhecida no universo feminino, além da diminuição do risco de desenvolver câncer de ovário e endométrio a longo prazo. No entanto, como cada organismo é diferente, o que é vantagem para algumas mulheres pode representar risco para outras. Entre as situações em que a pílula é contraindicada estão, por exemplo, histórico de câncer de mama ou ovários, ou de trombofilia, condição em que há propensão para formação de coágulos.
Procurar um especialista, portanto, é fundamental na escolha do método anticoncepcional mais adequado em cada caso.
A resposta para essa pergunta é não. A infertilidade provocada pela pílula anticoncepcional é apenas transitória. O que significa que ao interromper o tratamento a fertilidade é naturalmente restaurada, independentemente do tempo que foi utilizada. Ou seja, a capacidade de engravidar das mulheres que a usaram ou não é a mesma.
Porém, as diferenças entre os organismos também influenciam no retorno da fertilidade. Na maioria das vezes é possível engravidar em aproximadamente três meses, embora em alguns casos o período seja um pouco maior, de seis meses. Por isso surgiu o mito de que esse anticoncepcional pode causar infertilidade permanente, mesmo que as orientações médicas sejam contrárias à essa informação.
No entanto, como o principal objetivo da pílula é impedir a ovulação, seu uso pode mascarar algumas condições que têm como característica a ausência de ovulação ou anovulação, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e a endometriose, que podem interferir na liberação do óvulo inclusive nos estágios iniciais.
Assim, se após a seis meses a dificuldade para engravidar ainda permanecer, um especialista em reprodução humana deve ser consultado para que as possíveis causas sejam investigadas.
Todas as técnicas de reprodução assistida proporcionam a gravidez quando o uso da pílula anticoncepcional mascara condições que tenham como característica a anovulação. A primeira etapa desses tratamentos é a estimulação ovariana, procedimento em que medicamentos hormonais estimulam o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos ovarianos, obtendo uma quantidade maior de óvulos disponíveis para a fecundação.
Nos casos mais leves, por exemplo, a relação sexual programada (RSP) ou a inseminação artificial (IA), técnicas em que a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas, utilizam dosagens hormonais mais baixas para obter até três óvulos maduros, dessa forma, há mais chances de sucesso.
Já a FIV, técnica mais complexa, reproduz a fecundação em laboratório. Por isso, as dosagens hormonais são mais altas, com objetivo de obter mais óvulos e formar um número maior de embriões, que posteriormente também se desenvolvem por alguns dias em ambiente laboratorial e são transferidos diretamente ao útero materno.
A definição da mais adequada para cada paciente é feita a partir dos resultados diagnósticos apontados por exames laboratoriais e de imagem. No entanto, todas, quando bem indicadas ajudam bastante a engravidar.
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