A gravidez é um processo complexo, que depende do funcionamento adequado dos órgãos reprodutores masculinos e femininos, além de todos os elementos envolvidos na geração de uma nova vida.
Esse processo é marcado por eventos importantes, entre eles a fecundação, quando ocorre o encontro entre óvulo e espermatozoide, as células sexuais ou gametas, que se fundem gerando um embrião, primeiro estágio de desenvolvimento do futuro ser humano. Para que isso aconteça, um óvulo é liberado pelos ovários a cada ciclo menstrual, enquanto milhares de espermatozoides disputam a corrida para fecundá-lo.
Quando o homem ejacula, um fluído espesso, conhecido como sêmen, é expelido pelo pênis para transportar, proteger e nutrir os gametas masculinos no trajeto que percorrem pelo organismo feminino e neutralizar o ambiente ácido da vagina.
O sêmen é uma substância viscosa e que possui dois componentes principais: os espermatozoides e o fluído seminal produzido pelas vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais. Enquanto os espermatozoides possuem cabeça, uma peça intermediária e cauda com flagelo. A cabeça contém uma cópia de cada cromossomo, os genes masculinos, e o flagelo é responsável pelo movimento ou motilidade.
A composição do sêmen e a natureza dos espermatozoides, sua vitalidade, motilidade ou morfologia, são fundamentais para a função espermática. Alterações resultam em distúrbios seminais, que podem levar a dificuldades reprodutivas. A azoospermia está entre eles e é considerada uma das causas mais comuns de infertilidade masculina.
Continue a leitura até final para saber o que é azoospermia, como a condição é diagnosticada e os tratamentos indicados. Confira!
O sistema reprodutor masculino é composto por órgãos externos e internos. Os externos são o pênis e a bolsa testicular e, os internos, os testículos, as vias espermáticas – epidídimos, ductos deferentes, ductos ejaculatório e uretra –, além das glândulas sexuais acessórias, vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais.
A função da bolsa testicular é armazenar os testículos e mantê-los a uma temperatura adequada para a produção de espermatozoides, espermatogênese, que ocorre nos túbulos seminíferos, túbulos enovelados localizados em cada lóbulo testicular. Os testículos também respondem pela síntese de testosterona, principal hormônio masculino fundamental para a espermatogênese.
Após serem produzidos os espermatozoides são armazenados nos epidídimos, ductos em que eles amadurecem formando a cauda. Durante a excitação sexual do homem são transportados para os ductos deferentes, recebem os líquidos das glândulas anexas e são lançados na uretra para serem ejaculados.
Homens com azoospermia não apresentam nenhum espermatozoide no sêmen ejaculado, o que pode acontecer como consequência de obstruções que inibem o transporte ou de interferências no processo de produção dos gametas masculinos. Assim, a condição é classificada em dois tipos principais, azoospermia obstrutiva e azoospermia não obstrutiva.
A obstrutiva é o tipo mais comum, frequentemente causada por inflamações nos epidídimos, epididimite, ou nos testículos, orquite, que podem levar à formação de aderências provocando o bloqueio. Essas inflamações normalmente resultam de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como clamídia e gonorreia.
A azoospermia não obstrutiva, por outro lado, tem como causas comuns a varicocele, doença caracterizada pelo surgimento de varizes testiculares que provocam um aumento na temperatura da bolsa, e por desequilíbrios nos níveis dos hormônios sexuais masculinos, que podem ser resultado de distúrbios na hipófise e no hipotálamo ou de doenças genéticas.
Lesões nos testículos, tratamentos para neoplasias e algumas doenças, como o diabetes e a caxumba, também podem provocar alterações que interferem no processo de produção.
Por ser uma condição geralmente assintomática a azoospermia tende a ser descoberta apenas quando há dificuldades para engravidar a parceira. No entanto, alguns sintomas característicos de doenças que provocam o problema podem funcionar como alerta.
Exemplos incluem dor e inchaço nos testículos, presença de nódulos, secreção peniana, alterações na cor do sêmen, na libido, diminuição de pelos corporais e faciais, perda de força muscular, depressão e crescimento anormal das mamas (ginecomastia).
Quando há suspeita de azoospermia o primeiro exame solicitado é o espermograma, que analisa aspectos do sêmen e dos espermatozoides, apontando critérios como a concentração dos gametas nas amostras, motilidade e morfologia.
O diagnóstico é determinado se não houver presença de espermatozoides nas amostras de sêmen analisadas. Para identificar a causa e planejar o tratamento adequado em cada caso, são, então, realizados diferentes exames laboratoriais e de imagem.
O tratamento pode ser feito por medicamentos e/ou por cirurgia para remoção do bloqueio ou correção da varicocele, embora, de acordo com os danos, nem sempre a fertilidade será restaurada. Nesses casos, se houver o desejo de engravidar, é indicada a reprodução assistida.
A técnica de reprodução assistida indicada para homens com azoospermia é a fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), que permite a recuperação dos gametas diretamente dos epidídimos ou dos testículos por diferentes abordagens.
A recuperação dos epidídimos pode ser realizada por PESA (percutaneous epididymal sperm aspiration, ou aspiração percutânea de espermatozoides do epidídimo) e MESA (microsurgical epididymal sperm aspiration, ou aspiração microcirúrgica de espermatozoides do epidídimo).
Já nos testículos são recuperados por TESE e Micro-TESE (testicular sperm extraction, ou extração de espermatozoides dos testículos e microdissection testicular sperm extraction, ou extração de espermatozoides por microdissecção testicular).
Após serem recuperados do epidídimo ou testículo, os espermatozoides serão selecionados para que os melhores sejam utilizados para a fecundação que ocorrerá no laboratório. Na FIV com ICSI cada espermatozoide é novamente avaliado, individualmente e em movimento, por um microscópio de alta magnificação e injetado diretamente no citoplasma do óvulo, o que aumenta as chances de sucesso.
Portanto, apesar de a azoospermia ser uma causa comum de infertilidade masculina, as chances de ter filhos biológicos com o tratamento adequado são bastante altas. Para que seus amigos também tenham acesso a essa informação, compartilhe o texto nas redes sociais!