Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como o nome indica são doenças transmitidas pelo sexo desprotegido, ou seja, sem o uso de preservativos de barreira, as famosas camisinhas masculinas ou femininas.
Após um período de grande diminuição de incidência com as campanhas de conscientização e o desenvolvimento de medicamentos como os antibióticos, que combatem os agentes infecciosos, voltaram novamente a se disseminar motivadas pelos hábitos das sociedades contemporâneas, incluindo o aumento da atividade sexual de adolescentes, tornando-se novamente um problema de saúde pública mundial.
Atualmente, a mais prevalente, que apresenta maiores índices de contaminação, é a clamídia. Saber identificar os sintomas dessa IST é fundamental para diagnosticá-la precocemente e evitar maiores danos à saúde geral e reprodutiva. A permanência da infecção pode resultar em diferentes danos à fertilidade de mulheres e homens.
Quer saber como identificar os sintomas da clamídia? É só continuar a leitura do texto até o final. Confira!
Clamídia é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Geralmente, é transmitida pelo sexo vaginal ou anal, embora a contaminação sem penetração possa ocorrer da mesma forma, pelo sexo oral, contato com os genitais e secreções contaminadas ou compartilhamento de objetos sexuais. Mães com clamídia também podem transmitir a bactéria para seus filhos durante o parto, principalmente o vaginal.
O risco de ser infectado pela bactéria Chlamydia trachomatis é maior em alguns grupos quando o sexo é praticado sem nenhum tipo de proteção, como por exemplo, jovens entre 15 e 24 anos, independentemente da opção sexual; jovens ou adultos com parceiros novos, ou seja, que desconhecem o histórico clínico de seus atuais companheiros; jovens ou adultos que tenham mais de um parceiro sexual e pessoas que já possuem histórico de outras ISTs.
No último caso, o inverso também pode ocorrer: pessoas com histórico de clamídia têm mais chances de contrair outras ISTs, inclusive o HIV.
No entanto, não são apenas os integrantes dos grupos de risco que podem ser infectados pela clamídia. Todos que têm vida sexual ativa e praticam sexo sem nenhum tipo de proteção, mesmo que eventualmente, estão expostos, independentemente da idade e opção sexual.
Por isso, a única forma de evitar a clamídia e outras ISTs e a disseminação dessas infecções é o uso de preservativos em todas as relações sexuais. Às pessoas dos grupos de risco, por outro lado, os órgãos de saúde do mundo todo, incluindo os nacionais, recomendam o rastreio anualmente.
Por ser muitas vezes assintomática, a clamídia é conhecida na literatura médica como doença oculta, o que dificulta o diagnóstico precoce e aumenta as chances dos danos provocados pela permanência da infecção, entre eles as alterações na capacidade reprodutiva.
Assim, a infertilidade se torna um dos principais sintomas dessa IST, descoberta, nesses casos, normalmente quando há dificuldades em engravidar.
Porém, alguns sintomas característicos da clamídia podem se manifestar aproximadamente duas semanas após a contaminação e costumam ser mais intensos nas mulheres, que podem apresentar micção urgente e frequente, queimação e dor ao urinar, dor abdominal leve, dor após as relações sexuais, sangramento entre os períodos menstruais, inchaço na vagina e ao redor do ânus e febre baixa.
Micção urgente e frequente e queimação ou dor ao urinar são igualmente comuns aos homens que apresentam sintomas, além de inchaço, dor e sensibilidade testicular, irritação no ânus e sangramento retal.
Ao observar qualquer sintoma, isoladamente ou em associação, é fundamental procurar um especialista com urgência. Uma das consequências da clamídia nas mulheres, normalmente as mais impactadas pela infecção, é doença inflamatória pélvica (DIP), que é a subida do agente infeccioso pelo endométrio, tuba até atingir a cavidade peritoneal, podendo causar inflamações em todos os órgãos reprodutores.
Nos ovários, a inflamação do ovário (ooforite) pode afetar o desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, que armazenam o óvulo imaturo. A cada ciclo menstrual, vários folículos são recrutados, crescem e um deles se torna dominante, se desenvolve, amadurece e se rompe, liberando o óvulo para ser fecundado pelo espermatozoide.
Aderências consequentes do processo inflamatório também podem impedir essa liberação quando o folículo dominante consegue concluir o processo de desenvolvimento e amadurecimento, assim como a inflamação pode comprometer a qualidade dos óvulos.
Nas tubas uterinas, cuja função é abrigar a fecundação e garantir o transporte dos gametas (óvulo e espermatozoides) e do embrião formado ao útero, a inflamação, salpingite, pode levar ao acúmulo de líquido em uma ou ambas, condição denominada hidrossalpinge, provocando obstruções que impedem que essas estruturas cumpram sua função e assim, a fecundação. Obstruções podem, ainda, ser resultado de aderências formadas.
Já no útero, pode afetar o endométrio, causando a endometrite. Endométrio é o tecido que reveste internamente o útero no qual o embrião se implanta para dar início à gestação. Nesse caso, a inflamação pode interferir no preparo adequado do endométrio durante os ciclos menstruais, resultando em falhas na implantação e abortamento.
Ainda que nos homens os impactos provocados pela clamídia sejam menos severos, a infecção pode, da mesma forma, causar a inflamação dos testículos (orquite), interferindo na produção de espermatozoides, ou dos epidídimos, epididimite, ductos em que são armazenados após serem produzidos, levando à formação de aderência que impedem o transporte para serem ejaculados e fecundar o óvulo.
Ambos os casos podem resultar na ausência de espermatozoides no sêmen, condição denominada azoospermia.
Saber identificar os sintomas, portanto, é um importante recurso para evitar qualquer dano ao sistema reprodutor de mulheres e homens.
A clamídia é diagnosticada pela análise das secreções, exames de sangue ou urina, que permitem identificar a presença da bactéria Chlamydia trachomatis. Se o quadro for de infertilidade, são solicitados ainda exames de imagem para analisar os órgãos reprodutores e verificar os possíveis danos causados.
O tratamento é bastante simples, realizado por antibióticos, administrados em ciclos curtos ou longos, de acordo com cada caso. A parceria sexual deve ser igualmente medicada para evitar a reinfecção e disseminação da infecção.
Apesar de promover a cura, entretanto, o antibiótico não repara os danos causados pela permanência da bactéria. Se houver a formação de aderências a cirurgia pode ser necessária para removê-las, assim como para drenar líquidos ou abscessos.
Em alguns casos, a fertilidade é restaurada após a abordagem cirúrgica, e é possível engravidar naturalmente. Nos casos em que isso não acontece a reprodução assistida ajuda a obter a gravidez.
A principal técnica indicada é a fertilização in vitro (FIV), que prevê a fecundação em laboratório com posterior transferências dos embriões formados diretamente ao útero materno depois de alguns dias de desenvolvimento. As tubas uterinas, portanto, não têm nenhuma função, contornando possíveis obstruções.
Além disso, os gametas são previamente coletados e selecionados para a fecundação, e quando os espermatozoides não estão presentes no sêmen, podem ser recuperados diretamente dos testículos ou epidídimos por diferentes métodos (técnica usada para os casos de azoospermia).
Antes da transferência dos embriões ao útero, o órgão pode ser preparado por medicamentos hormonais, minimizando possíveis falhas.
Assim, a FIV permite solucionar diferentes problemas de infertilidade que podem ser causados pela clamídia possibilitando o sucesso da gravidez.
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