A endometriose é uma doença feminina estrogênio-dependente, considerada, atualmente, a principal causa de infertilidade feminina no mundo todo.
Complexa e de crescimento lento, pode se manifestar de diversas formas e provocar sintomas dolorosos, que interferem nas atividades do dia a dia, além dos riscos de afetar a capacidade de engravidar durante a fase fértil.
Os sintomas podem ser mais ou menos severos, assim como os problemas de fertilidade, porém não são comuns à todas as mulheres com a doença. Algumas podem ser assintomáticas, casos em que a endometriose geralmente é descoberta incidentalmente durante os exames de rotina.
Por outro lado, mesmo quando dificulta ou impede a gravidez existem tratamentos disponíveis, que ajudam a aliviar os sintomas e aumentam as chances de realizar o sonho de ser mãe.
Continue a leitura até o final e veja quais são as possibilidade de engravidar quando a endometriose afeta a saúde reprodutiva. Confira!
A endometriose é uma doença crônica, que se desenvolve progressivamente pela ação do estrogênio, hormônio sexual feminino cuja ação nos ciclos menstruais é fundamental para o preparo do endométrio, camada de revestimento interno uterino na qual o embrião se implanta marcando o início da gestação.
Tem como característica o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio fora do útero em órgão próximos, como os ovários, as tubas uterinas, a bexiga e o intestino. As células endometriais anormais formam implantes e provocam um processo inflamatório no local, fator responsável pela manifestação dos possíveis sintomas e por interferências na fertilidade.
O endométrio é um tecido epitelial que se torna mais espesso e vascularizado nos ciclos menstruais para receber um possível embrião, nutrindo-o e protegendo até que a placenta seja formada. Quando não há fecundação descama originando a menstruação, e o início de um novo ciclo.
Junto com o sangue menstrual são expulsos os fragmentos do endométrio. Diferentes estudos na literatura científica atribuem o desenvolvimento da doença à uma condição comum denominada menstruação retrógada, em que parte do sangue retorna pelas tubas uterinas em vez de ser expulso por completo e, com ele, as células endometriais, que se implantam em outros locais.
A teoria foi proposta pela primeira vez na década de 1920 pelo ginecologista norte-americano Albert Sampson, um dos principais estudiosos da endometriose, tornando-se conhecida como ‘teoria da implantação de Sampson’, amplamente aceita pela comunidade científica como a possível causa para justificar o desenvolvimento da doença, porém ela isoladamente não explica o porquê ocorre em algumas mulheres e não ocorre em outras. Fatores genéticos e imunológicos são prováveis chaves desse mecanismo etiológico ainda em investigação.
Infertilidade é a incapacidade de ter filhos de forma natural. No entanto, o diagnóstico é determinado apenas após um ano de tentativas malsucedidas sem o uso de contraceptivos.
A infertilidade como consequência da endometriose pode acontecer desde os estágios iniciais da doença, quando normalmente as lesões são rasas e planas localizadas apenas no peritônio, membrana que reveste a cavidade pélvica e os órgão nela abrigados.
Chamada endometriose superficial, pode, por exemplo, interferir no processo de desenvolvimento dos folículos ovarianos, bolsas que contém os óvulos primários, resultando em distúrbios de ovulação; ou no ciclo endometrial, provocando um deslocamento da janela de implantação, período mais receptivo para o embrião se implantar, levando, assim, a falhas na nidação.
Quando atinge os ovários, endometriose ovariana, ocorre a formação de cistos conhecidos como endometriomas, que podem comprometer os folículos ao redor, principalmente quando crescem muito ou estão presentes em maior quantidade, e, consequentemente, a qualidade dos óvulos.
Assim, podem igualmente resultar em distúrbios de ovulação, ou levar à perda folicular e à diminuição da reserva ovariana, quantidade de folículos disponíveis para serem utilizados durante a fase fértil, presentes desde o nascimento.
Nas tubas uterinas, por outro lado, quando os implantes infiltram mais profundamente, endometriose infiltrativa profunda, podem causar distorções anatômicas e prejudicar a função dessas estruturas, responsáveis por sediar a fecundação, pela captação do óvulo liberado na ovulação, pelo transporte dos espermatozoides e do embrião ao útero para se implantar.
Além disso, o processo inflamatório tende a provocar a formação de aderências cujo resultado são obstruções tubárias, uma das principais causas de infertilidade feminina.
Mesmo quando os implantes estão presentes em outros locais, como a endometriose intestinal, há chances de o processo inflamatório comprometer a capacidade reprodutiva.
A doença, portanto, impacta a fertilidade feminina de diferentes formas, particularmente quando o diagnóstico é feito tardiamente. Contudo, normalmente é possível engravidar com o tratamento adequado.
Quando a portadora de endometriose deseja engravidar, são indicados dois tipos de tratamento, cirurgia e/ou reprodução assistida.
A técnica de reprodução assistida mais adequada é a fertilização in vitro (FIV), que prevê a fecundação em laboratório após a coleta e seleção prévia dos melhores óvulos e espermatozoides, contornando problemas como distúrbios de ovulação, alterações na qualidade dos gametas e obstruções tubárias, uma vez que as tubas uterinas não têm participação no processo.
Os embriões formados na fecundação se desenvolvem por alguns e são posteriormente transferidos diretamente ao útero materno para que a implantação aconteça naturalmente. Durante o tratamento, medicamentos hormonais permitem ainda controlar o processo inflamatório, minimizando possíveis riscos de falhas na implantação.
Por seus altos índices de sucesso a FIV normalmente é a primeira opção para mulheres com endometriose que desejam engravidar, principalmente se não houver presença de endometriomas ou se eles forem de pequenas dimensões.
A cirurgia, por outro lado, é particularmente indicada para a remoção de endometriomas maiores se a mulher tiver uma boa reserva ovariana e nenhum outro problema de fertilidade associado, como obstruções tubárias.
Nesses casos, mesmo quando realizada por um profissional experiente há o risco de o procedimento também comprometer os níveis da reserva ovariana, por causar danos aos folículos no momento em que são removidos.
Por isso, é costume que seja indicada a criopreservação dos óvulos para preservação da fertilidade previamente ao ato cirúrgico, que posteriormente poderão ser utilizados no tratamento de FIV.
Assim, de forma primária ou secundária, a FIV se configura como a principal opção para o tratamento da infertilidade por endometriose, proporcionando ótimas taxas de sucesso gestacional.
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