Os espermatozoides são os gametas ou células sexuais do homem, carregam as informações genéticas transmitidas aos filhos quando ocorre a fusão com o óvulo na fecundação.
São produzidos de forma contínua desde a puberdade. O processo, chamado espermatogênese, acontece nos testículos em estruturas enoveladas localizadas nos lóbulos testiculares, os túbulos seminíferos.
Depois de produzidos, são transportados aos epidídimos, ductos em que amadurecem e permanecem armazenados até que ocorra o estímulo sexual. Posteriormente, aos ductos deferentes, quando recebem os líquidos seminais formando o sêmen, uma substância cremosa esbranquiçada e alcalina que os protege do ambiente ácido da vagina, assim como facilita o transporte até o óvulo.
Os espermatozoides são compostos por cabeça, em que fica armazenado o núcleo com o material genético, peça intermediária e cauda com flagelo, que permite o movimento no organismo feminino.
Para a gravidez ser bem-sucedida, a espermatogênese deve ocorrer sem nenhuma interferência, assim como os espermatozoides e o sêmen devem estar saudáveis. Alterações podem indicar quadros de subfertilidade ou infertilidade masculina e são apontadas pelo espermograma, exame padrão para avaliar a fertilidade dos homens.
Continue a leitura para saber em detalhes o que é espermograma, o que avalia, quais alterações pode indicar e os tratamentos quando o diagnóstico é de infertilidade. Confira!
Espermograma é o primeiro exame solicitado quando o homem não consegue engravidar sua parceira após um ano de tentativas sem o uso de métodos contraceptivos, o que caracteriza quadros de infertilidade, que pode ser masculina, feminina ou de ambos.
Também conhecido como análise seminal, o espermograma faz uma avaliação macroscópica e microscópica de diferentes amostras de sêmen.
Assim, permite indicar critérios como volume, viscosidade e pH do sêmen, por exemplo, bem como características dos espermatozoides abrigados nas amostras, incluindo a concentração, número presente, e possíveis alterações na estrutura – morfologia (forma) e motilidade (movimento) – determinando percentualmente os que podem estar prejudicados.
Idealmente, são solicitadas de duas a três amostras, que podem ser coletadas em intervalos de aproximadamente 15 dias, pois a contagem de espermatozoides sofre uma variação diária e dessa forma conseguiríamos entender a média de produção.
O espermograma pode diagnosticar condições como:
Os resultados do espermograma são comparados aos limites de referência estabelecidos após diversos estudos realizados em amostras de sêmen saudável e com alterações. Ou seja, em casais que conseguiram obter a gravidez com sucesso e nos que apresentaram dificuldades.
A probabilidade de engravidar é menor quando o exame apresenta os seguintes valores:
Resultados anormais sugerem condições de saúde subjacentes, que afetam a quantidade de espermatozoides produzidos ou sua capacidade de alcançar e fertilizar um óvulo. O número alto de leucócitos, por exemplo, pode indicar processos inflamatórios nos órgãos reprodutores, como orquite (nos testículos) e epididimite (nos epidídimos), causados na maioria das vezes por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), sendo os agentes causais mais comuns a clamídia e o gonococo (gonorreia).
Essas inflamações podem interferir na espermatogênese ou provocar a formação de aderências, resultando em oligozoospermia, baixa concentração de espermatozoides no sêmen, quadro de subfertilidade em que há maior dificuldades para engravidar a parceira, ou azoospermia, causa comum de infertilidade masculina.
Também afetam a qualidade dos espermatozoides e levam ao desequilíbrio dos níveis de testosterona, principal hormônio masculino essencial para produção.
Uma doença masculina frequentemente diagnosticada, a varicocele, caracterizada pela formação de varizes testiculares, também interfere no processo de produção e na qualidade dos gametas por causar aumento do estresse oxidativo em decorrência da dificuldade em retorno do sangue com toxinas e do aumento na temperatura da bolsa testicular, que deveria manter os testículos no grau ideal para que a espermatogênese aconteça.
Tabagismo, alcoolismo, exposição a produtos químicos ou tóxicos e o uso de medicamentos para o tratamento de câncer são considerados ainda fatores de risco.
Duas técnicas de reprodução assistida podem ser indicadas para o tratamento da infertilidade masculina, como opção primária ou se as abordagens iniciais não forem bem-sucedidas, de acordo com cada caso: inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV) com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
A IA geralmente é indicada quando o espermograma aponta apenas pequenas alterações na morfologia ou motilidade dos espermatozoides; os melhores são selecionados por técnicas de preparo seminal e inseridos diretamente no útero da parceira durante o período fértil. Porém, suas tubas uterinas devem estar permeáveis, uma vez que fecundação acontece nesses órgãos como na gestação espontânea, assim como a reserva ovariana e idade serem adequadas.
Quando os problemas são mais graves, por outro lado, o tratamento é feito por FIV com ICSI, técnica em que a fecundação e o desenvolvimento inicial dos embriões formados acontecem em ambiente laboratorial, com posterior transferência ao útero materno.
Na FIV com ICSI, além de os melhores espermatozoides serem selecionados pelo preparo seminal, cada um é novamente avaliado, em movimento, por um microscópio de alta magnificação e, posteriormente, injetado diretamente no citoplasma do óvulo, solucionando, dessa forma, problemas de má qualidade e baixa concentração no sêmen (oligozoospermia).
Nos casos em que não estão presentes no sêmen (azoospermia), podem ser recuperados diretamente dos epidídimos ou testículos por métodos de recuperação espermática, selecionados pelo preparo seminal e usados na fecundação.
Espermatozoides com má qualidade resultam em aneuploidias, presença ou ausência de mais de um cromossomo do que o normal, levando à formação de embriões com a saúde comprometida, que não conseguem se implantar no endométrio, camada interna uterina em que se fixam para dar início à gestação. Dessa forma, ocorrem falhas e abortamento.
Assim, quando a parceira tem perdas sucessivas de gravidez clinicamente confirmada é possível contar ainda com o PGT (teste genético pré-implantacional), técnica complementar à FIV em que as células embrionárias são analisadas para detectar distúrbios genéticos, permitindo que apenas os mais saudáveis sejam transferidos ao útero.
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