A fertilidade das mulheres dura apenas por um determinado período chamado de fase fértil. Isso acontece porque elas já nascem com uma reserva ovariana, ou seja, quantidade de folículos, estruturas que armazenam os óvulos liberados pelos ovários a cada ciclo menstrual.
Além disso, para que a gravidez seja bem-sucedida todos os órgãos envolvidos no processo reprodutivo devem funcionar corretamente: útero e tubas uterinas compõem o conjunto com os ovários.
As tubas uterinas são responsáveis por sediar a fecundação, encontro do óvulo com o espermatozoide que vai gerar um novo ser humano, pelo transporte dos gametas e do embrião formado, enquanto o útero abriga o embrião e feto em desenvolvimento até o nascimento.
Durante a fase fértil, entretanto, diferentes doenças e condições podem causar alterações nesse processo resultando em infertilidade feminina. Histerossalpingografia é o exame que possibilita a identificação de algumas condições que podem afetar esses dois órgãos.
Continue a leitura até o final para saber em detalhes o que é histerossalpingografia, quando é solicitada e as condições diagnosticadas pelo exame. Confira!
As tubas uterinas são dois tubos musculares com aproximadamente 10 cm cada, que se aproximam aos ovários em uma extremidade e se ligam ao útero em outra. Quando o óvulo é liberado por um dos ovários em cada ciclo menstrual, há uma atração química que o leva para as porções finais da tuba – compostas por fímbrias e ampola – e é aí que a fecundação acontece. Na outra extremidade da tuba, há a promoção do transporte dos espermatozoides para ocorrer a fecundação e, posteriormente, o embrião formado é conduzido para o útero por meio de pequenos movimentos que a própria tuba realiza.
Durante o transporte o embrião sofre sucessivas divisões celulares e inicia o processo de desenvolvimento. Chega ao útero aproximadamente no quinto dia, etapa conhecida como blastocisto quando se fixa no endométrio para dar início à gestação, evento conhecido como implantação embrionária.
A partir da nona semana de gestação o embrião passa a ser denominado feto e permanece abrigado no útero até o nascimento.
A infertilidade por fatores tubários geralmente resulta de obstruções em uma ou em ambas as tubas uterinas, como consequência do processo inflamatório local, salpingite, que leva ao acúmulo de líquidos, hidrossalpinge, ou à formação de aderências.
As aderências podem ser decorrentes ainda de endometriose, doença feminina comum em que um tecido semelhante ao endométrio cresce em locais próximos, incluindo as tubas, provocando igualmente um processo inflamatório.
As obstruções impendem a passagem do óvulo, dos espermatozoides ou do embrião. Assim, a fecundação não acontece e o embrião não se implanta.
Vale ressaltar que, quando há um processo inflamatório importante ou aderências sequelares a um processo pregresso, pode ocorrer a dificuldade para engravidar em decorrência da perda de função das estruturas ciliares tubárias, que são estruturas microscópicas responsáveis por ajudar no transporte do embrião fecundado para o útero.
Já os fatores uterinos, por outro lado, geralmente estão relacionados a falhas na implantação do embrião ou dificuldades para sustentar a gravidez.
Para o embrião se implantar, por exemplo, o endométrio, tecido de revestimento interno uterino deve estar devidamente preparado. O preparo inicia com o ciclo menstrual, quando aumenta de espessura pela ação do estrogênio, e é finalizado pela progesterona na última etapa, tornando-se receptivo para receber o embrião.
A inflamação do endométrio, endometrite, e processos inflamatórios consequentes da presença de pólipos endometriais e dos implantes de endometriose, podem interferir na receptividade do endométrio resultando em falhas na implantação e abortamento. Assim como o preparo pode não ocorrer de forma adequada quando há desequilíbrio nos níveis dos hormônios envolvidos na reprodução.
Pólipos e miomas que crescem próximos ao endométrio, submucosos, podem provocar também distorções cavidade uterina, ou mesmo o excesso de aderências (sinequias), condição denominada síndrome de Asherman.
Alterações na cavidade uterina impedem ou dificultam o desenvolvimento e sustentação da gravidez, resultando da mesma forma em perda.
Portanto, se a função das tubas ou do útero for comprometida, a mulher pode não conseguir engravidar.
A histerossalpingografia está entre os exames solicitados para investigar as causas da dificuldade reprodutiva.
A histerossalpingografia (HSG) é um exame de raio-X com a utilização de contraste considerado minimamente invasivo e seguro, por ser baixa a exposição à radiação. Geralmente, é realizada após o período menstrual para obter melhores resultados, e, antes da ovulação, com o objetivo de garantir que não existam chances de gravidez, pois o líquido e a radiação pode ser prejudicial ao embrião ou feto.
O exame normalmente é o primeiro a ser solicitado quando há suspeita de infertilidade por fatores uterinos ou tubários: indica bloqueios totais ou parciais das tubas uterinas, alterações da anatomia ou ainda anormalidades no útero. Durante a realização, o contraste é injetado por uma cânula pelo colo do útero e a mulher é posicionada sob a máquina de raio-X.
O útero e as tubas uterinas são preenchidos pelo contraste; se houver anormalidades na anatomia uterina, elas são delineadas pela substância, enquanto nas tubas uterinas obstruções impedem a passagem, o que é realçado nas imagens de raio-X.
A histerossalpingografia indica a presença de condições que resultam em obstruções tubárias ou em distorções na anatomia uterina, como hidrossalpinge, aderências consequentes dos processos inflamatórios (salpingite e endometriose), miomas uterinos e pólipos endometriais.
Os resultados são importantes para definição da abordagem terapêutica mais indicada em cada caso para o tratamento primário dessas condições, que pode ser feito por medicamentos ou por cirurgia, de acordo com cada caso.
Muitas vezes é possível engravidar após essas abordagens iniciais. Quando isso não acontece, a fertilização in vitro (FIV), principal técnica de reprodução assistida, ajuda bastante a aumentar as chances. Na FIV, a fecundação é realizada em laboratório e os embriões transferidos posteriormente ao útero materno.
Uma técnica complementar ao tratamento, o útero de substituição, popularmente conhecido como barriga solidária, possibilita ainda a gravidez quando não é possível corrigir as distorções anatômicas do útero. Os embriões são formados com os gametas dos pais e transferidos ao útero de uma parente de até quarto grau dos pacientes em tratamento.
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