As mulheres, ao contrários dos homens, têm um tempo limitado de fertilidade. Isso acontece porque elas já nascem com uma reserva ovariana, quantidade de folículos, estruturas que contêm os óvulos imaturos, presentes nos ovários.
A fase fértil inicia na puberdade com os ciclos menstruais ou reprodutivos, processo fisiológico que ocorre de maneira cíclica preparando o corpo para um possível gravidez, e, se encerra na menopausa.
Vários folículos são recrutados em cada ciclo, no entanto apenas um deles se torna dominante, desenvolve e amadure o suficiente para se romper e liberar o óvulo na ovulação. Os que não desenvolveram são eliminados, levando, dessa forma, a uma redução natural da reserva ovariana com o envelhecimento.
Assim, quando a mulher atinge a menopausa já não existem mais folículos e não é mais possível engravidar.
O fator idade, portanto, é motivo de grande preocupação para as mulheres, ao contrário dos homens que produzem continuamente espermatozoides durante a vida toda, desde a puberdade, embora a infertilidade conjugal possa ser provocada por fatores femininos ou masculinos em igual proporção. Ou seja, ambos os parceiros devem ser investigados quando há dificuldades para engravidar.
Este texto aborda tudo sobre a infertilidade feminina, destaca as principais doenças e condições que podem dificultar ou impedir a gravidez, os sintomas que alertam para o problema e as formas de tratamento. Continue a leitura até o final e confira!
A infertilidade é definida pela organização mundial da saúde (OMS) como a incapacidade de ter filhos naturalmente após a um ano de tentativas sem o uso de qualquer método contraceptivo, incluindo dispositivos intrauterinos (DIUs), pílulas, adesivos ou preservativos de barreira, as famosas camisinhas masculinas e femininas.
O sucesso gestacional depende do funcionamento adequado dos sistemas reprodutores femininos e masculinos. As mulheres, por exemplo, devem liberar um óvulo a cada ciclo menstrual para ser fecundado pelo espermatozoide e gerar um embrião.
O óvulo liberado é captado pelas tubas uterinas, que sediam a fecundação e são responsáveis ainda pelo transporte dos espermatozoides e do embrião formado ao útero para se implantar no endométrio, tecido de revestimento interno. A implantação do embrião marca o início da gestação e para ser bem-sucedida o endométrio deve ser devidamente preparado durante os ciclos menstruais.
Além disso, o útero deve estar em perfeitas condições, pois, é nesse órgão que o embrião, futuro feto, se desenvolve até o nascimento.
Alterações podem resultar na ausência de fecundação, em falhas na implantação e consequente abortamento, ou em dificuldades para sustentar a gravidez.
As mulheres, além da diminuição natural da reserva ovariana, podem ser afetadas por diferentes doenças e condições durante a fase fértil.
Algumas são bastante comuns, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), a endometriose, os miomas uterinos, os pólipos endometriais e a DIP (doença inflamatória pélvica), consequência, na maioria das vezes, de bactérias sexualmente transmissíveis como a Chlamydia trachomatis e a Neisseria gonorrhoeae, caracterizada pela presença de inflamações nos órgãos reprodutores.
Figuram ainda na lista a adenomiose, os distúrbios da tireoide, hipotireoidismo e hipertireoidismo, doenças autoimunes como o lúpus eritematoso sistêmico e alterações genéticas, assim como são considerados fatores de risco alguns hábitos de vida, entre eles uma alimentação inadequada, sobrepeso ou baixo peso, excesso de exercícios físicos e sedentarismo, consumo exagerado de álcool, drogas recreativas e tabagismo.
A infertilidade feminina pode ser consequência de distúrbios de ovulação, como anovulação ou ausência de ovulação, obstruções nas tubas uterinas e anormalidades na anatomia do útero, motivados por esses quadros.
Contudo, a observação de sintomas característicos dessas doenças pode contribuir para o diagnóstico precoce, antes que ocorram danos mais severos no sistema reprodutor, facilitando, dessa forma, o tratamento e aumentando as chances de sucesso gestacional quando há o desejo de maternidade.
Entre os que podem estar presentes, os mais comuns são:
Por outro lado, a infertilidade feminina pode ser muitas vezes assintomática, o que torna a dificuldade em engravidar por um ano ou mais o principal alerta.
O médico deve ser consultado se houver a manifestação de qualquer sintoma, isoladamente ou em associação, independentemente do período estipulado para definição da infertilidade, ou após tentativas malsucedidas durante esse intervalo. Nas mulheres acima de 37 anos, a procura por especialista deve ser antecipada, idealmente procurando essa avaliação até antes de se iniciarem as tentativas de gravidez.
Inicialmente o casal é investigado para a definição da causa, os resultados dos exames diagnósticos orientam o planejamento do tratamento mais adequado em cada situação, ou seja, deve sempre ser individualizado, o que garante mais chances de os resultados proporcionarem a restauração da fertilidade e/ou a obtenção da gravidez.
A infertilidade feminina pode ser tratada pela administração de medicamentos, como os antibióticos, que promovem a cura de inflamações consequentes de bactérias sexualmente transmissíveis, por cirurgia ou por reprodução assistida.
A cirurgia é indicada para remoção de miomas, pólipos endometriais, tecido ectópico característico da endometriose, aderências provocadas por processos inflamatórios ou para reparar danos na anatomia dos órgãos, por exemplo.
Geralmente, as abordagens primárias promovem a restauração da fertilidade e é possível engravidar naturalmente. Porém, mesmo quando isso não acontece ainda há chances de ter filhos biológicos com auxílio da reprodução assistida, que também pode ser indicada como primeira opção, principalmente nas mulheres acima de 35 anos, quando houver tempo muito prolongado de tentativas infrutíferas ou ainda quando houver alterações da fertilidade masculina associadas.
Todas as técnicas, de baixa ou alta complexidade, proporcionam o tratamento da infertilidade feminina com taxas expressivas de sucesso gestacional quando bem indicadas.
As de baixa complexidade, relação sexual programada (RSP) e inseminação artificial (IA), por preverem a fecundação de forma natural, nas tubas uterinas, são indicadas para fatores de menor gravidade. No entanto, para utilizá-las a mulher deve ter as tubas uterinas permeáveis e idealmente até 35 anos, idade em que os níveis da reserva ovariana ainda estão mais altos.
A fertilização in vitro (FIV), por outro lado, técnica mais complexa que reproduz as principais etapas do processo gestacional em laboratório, como a fecundação e o estágio inicial de desenvolvimento embrionário, possibilita o tratamento de praticamente todos os fatores de infertilidade feminina, em qualquer idade.
As taxas de sucesso da RSP e IA são semelhantes às da gestação natural, cerca de 20% a 30% por ciclo de tratamento, enquanto as da FIV são, em média, 50% a 60% por ciclo, as mais altas da reprodução assistida.
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