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Histerossalpingografia: o que é e quando é solicitada?

Por Prof. Dr. Gustavo André

A fertilidade das mulheres dura apenas por um determinado período chamado de fase fértil. Isso acontece porque elas já nascem com uma reserva ovariana, ou seja, quantidade de folículos, estruturas que armazenam os óvulos liberados pelos ovários a cada ciclo menstrual. 

Além disso, para que a gravidez seja bem-sucedida todos os órgãos envolvidos no processo reprodutivo devem funcionar corretamente: útero e tubas uterinas compõem o conjunto com os ovários. 

As tubas uterinas são responsáveis por sediar a fecundação, encontro do óvulo com o espermatozoide que vai gerar um novo ser humano, pelo transporte dos gametas e do embrião formado, enquanto o útero abriga o embrião e feto em desenvolvimento até o nascimento.

Durante a fase fértil, entretanto, diferentes doenças e condições podem causar alterações nesse processo resultando em infertilidade feminina. Histerossalpingografia é o exame que possibilita a identificação de algumas condições que podem afetar esses dois órgãos. 

Continue a leitura até o final para saber em detalhes o que é histerossalpingografia, quando é solicitada e as condições diagnosticadas pelo exame. Confira!

Infertilidade associada às tubas uterinas e útero

As tubas uterinas são dois tubos musculares com aproximadamente 10 cm cada, que se aproximam aos ovários em uma extremidade e se ligam ao útero em outra. Quando o óvulo é liberado por um dos ovários em cada ciclo menstrual, há uma atração química que o leva para as porções finais da tuba – compostas por fímbrias e ampola – e é aí que a fecundação acontece. Na outra extremidade da tuba, há a promoção do transporte dos espermatozoides para ocorrer a fecundação e, posteriormente, o embrião formado é conduzido para o útero por meio de pequenos movimentos que a própria tuba realiza. 

Durante o transporte o embrião sofre sucessivas divisões celulares e inicia o processo de desenvolvimento. Chega ao útero aproximadamente no quinto dia, etapa conhecida como blastocisto quando se fixa no endométrio para dar início à gestação, evento conhecido como implantação embrionária.

A partir da nona semana de gestação o embrião passa a ser denominado feto e permanece abrigado no útero até o nascimento. 

A infertilidade por fatores tubários geralmente resulta de obstruções em uma ou em ambas as tubas uterinas, como consequência do processo inflamatório local, salpingite, que leva ao acúmulo de líquidos, hidrossalpinge, ou à formação de aderências.

As aderências podem ser decorrentes ainda de endometriose, doença feminina comum em que um tecido semelhante ao endométrio cresce em locais próximos, incluindo as tubas, provocando igualmente um processo inflamatório. 

As obstruções impendem a passagem do óvulo, dos espermatozoides ou do embrião. Assim, a fecundação não acontece e o embrião não se implanta. 

Vale ressaltar que, quando há um processo inflamatório importante ou aderências sequelares a um processo pregresso, pode ocorrer a dificuldade para engravidar em decorrência da perda de função das estruturas ciliares tubárias, que são estruturas microscópicas responsáveis por ajudar no transporte do embrião fecundado para o útero. 

Já os fatores uterinos, por outro lado, geralmente estão relacionados a falhas na implantação do embrião ou dificuldades para sustentar a gravidez. 

Para o embrião se implantar, por exemplo, o endométrio, tecido de revestimento interno uterino deve estar devidamente preparado. O preparo inicia com o ciclo menstrual, quando aumenta de espessura pela ação do estrogênio, e é finalizado pela progesterona na última etapa, tornando-se receptivo para receber o embrião. 

A inflamação do endométrio, endometrite, e processos inflamatórios consequentes da presença de pólipos endometriais e dos implantes de endometriose, podem interferir na receptividade do endométrio resultando em falhas na implantação e abortamento. Assim como o preparo pode não ocorrer de forma adequada quando há desequilíbrio nos níveis dos hormônios envolvidos na reprodução.

Pólipos e miomas que crescem próximos ao endométrio, submucosos, podem provocar também distorções cavidade uterina, ou mesmo o excesso de aderências (sinequias), condição denominada síndrome de Asherman.

Alterações na cavidade uterina impedem ou dificultam o desenvolvimento e sustentação da gravidez, resultando da mesma forma em perda. 

Portanto, se a função das tubas ou do útero for comprometida, a mulher pode não conseguir engravidar.

A histerossalpingografia está entre os exames solicitados para investigar as causas da dificuldade reprodutiva. 

O que é histerossalpingografia e quando é solicitada? 

A histerossalpingografia (HSG) é um exame de raio-X com a utilização de contraste considerado minimamente invasivo e seguro, por ser baixa a exposição à radiação. Geralmente, é realizada após o período menstrual para obter melhores resultados, e, antes da ovulação, com o objetivo de garantir que não existam chances de gravidez, pois o líquido e a radiação pode ser prejudicial ao embrião ou feto.

O exame normalmente é o primeiro a ser solicitado quando há suspeita de infertilidade por fatores uterinos ou tubários: indica bloqueios totais ou parciais das tubas uterinas, alterações da anatomia ou ainda anormalidades no útero. Durante a realização, o contraste é injetado por uma cânula pelo colo do útero e a mulher é posicionada sob a máquina de raio-X. 

O útero e as tubas uterinas são preenchidos pelo contraste; se houver anormalidades na anatomia uterina, elas são delineadas pela substância, enquanto nas tubas uterinas obstruções impedem a passagem, o que é realçado nas imagens de raio-X. 

Possíveis resultados apontados pela histerossalpingografia

A histerossalpingografia indica a presença de condições que resultam em obstruções tubárias ou em distorções na anatomia uterina, como hidrossalpinge, aderências consequentes dos processos inflamatórios (salpingite e endometriose), miomas uterinos e pólipos endometriais.

Os resultados são importantes para definição da abordagem terapêutica mais indicada em cada caso para o tratamento primário dessas condições, que pode ser feito por medicamentos ou por cirurgia, de acordo com cada caso. 

Muitas vezes é possível engravidar após essas abordagens iniciais. Quando isso não acontece, a fertilização in vitro (FIV), principal técnica de reprodução assistida, ajuda bastante a aumentar as chances. Na FIV, a fecundação é realizada em laboratório e os embriões transferidos posteriormente ao útero materno.

Uma técnica complementar ao tratamento, o útero de substituição, popularmente conhecido como barriga solidária, possibilita ainda a gravidez quando não é possível corrigir as distorções anatômicas do útero. Os embriões são formados com os gametas dos pais e transferidos ao útero de uma parente de até quarto grau dos pacientes em tratamento.

Agora que você já sabe mais sobre a histerossalpingografia e quando é indicada, compartilhe esse texto nas redes sociais e informe seus amigos!

Azoospermia: o que é?

Por Prof. Dr. Gustavo André

A gravidez é um processo complexo, que depende do funcionamento adequado dos órgãos reprodutores masculinos e femininos, além de todos os elementos envolvidos na geração de uma nova vida. 

Esse processo é marcado por eventos importantes, entre eles a fecundação, quando ocorre o encontro entre óvulo e espermatozoide, as células sexuais ou gametas, que se fundem gerando um embrião, primeiro estágio de desenvolvimento do futuro ser humano. Para que isso aconteça, um óvulo é liberado pelos ovários a cada ciclo menstrual, enquanto milhares de espermatozoides disputam a corrida para fecundá-lo. 

Quando o homem ejacula, um fluído espesso, conhecido como sêmen, é expelido pelo pênis para transportar, proteger e nutrir os gametas masculinos no trajeto que percorrem pelo organismo feminino e neutralizar o ambiente ácido da vagina.

O sêmen é uma substância viscosa e que possui dois componentes principais: os espermatozoides e o fluído seminal produzido pelas vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais. Enquanto os espermatozoides possuem cabeça, uma peça intermediária e cauda com flagelo. A cabeça contém uma cópia de cada cromossomo, os genes masculinos, e o flagelo é responsável pelo movimento ou motilidade. 

A composição do sêmen e a natureza dos espermatozoides, sua vitalidade, motilidade ou morfologia, são fundamentais para a função espermática. Alterações resultam em distúrbios seminais, que podem levar a dificuldades reprodutivas. A azoospermia está entre eles e é considerada uma das causas mais comuns de infertilidade masculina.

Continue a leitura até final para saber o que é azoospermia, como a condição é diagnosticada e os tratamentos indicados. Confira!

O que azoospermia?

O sistema reprodutor masculino é composto por órgãos externos e internos. Os externos são o pênis e a bolsa testicular e, os internos, os testículos, as vias espermáticas – epidídimos, ductos deferentes, ductos ejaculatório e uretra –, além das glândulas sexuais acessórias, vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais. 

A função da bolsa testicular é armazenar os testículos e mantê-los a uma temperatura adequada para a produção de espermatozoides, espermatogênese, que ocorre nos túbulos seminíferos, túbulos enovelados localizados em cada lóbulo testicular. Os testículos também respondem pela síntese de testosterona, principal hormônio masculino fundamental para a espermatogênese.

Após serem produzidos os espermatozoides são armazenados nos epidídimos, ductos em que eles amadurecem formando a cauda. Durante a excitação sexual do homem são transportados para os ductos deferentes, recebem os líquidos das glândulas anexas e são lançados na uretra para serem ejaculados.

Homens com azoospermia não apresentam nenhum espermatozoide no sêmen ejaculado, o que pode acontecer como consequência de obstruções que inibem o transporte ou de interferências no processo de produção dos gametas masculinos. Assim, a condição é classificada em dois tipos principais, azoospermia obstrutiva e azoospermia não obstrutiva. 

A obstrutiva é o tipo mais comum, frequentemente causada por inflamações nos epidídimos, epididimite, ou nos testículos, orquite, que podem levar à formação de aderências provocando o bloqueio. Essas inflamações normalmente resultam de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como clamídia e gonorreia. 

A azoospermia não obstrutiva, por outro lado, tem como causas comuns a varicocele, doença caracterizada pelo surgimento de varizes testiculares que provocam um aumento na temperatura da bolsa, e por desequilíbrios nos níveis dos hormônios sexuais masculinos, que podem ser resultado de distúrbios na hipófise e no hipotálamo ou de doenças genéticas. 

Lesões nos testículos, tratamentos para neoplasias e algumas doenças, como o diabetes e a caxumba, também podem provocar alterações que interferem no processo de produção.

Por ser uma condição geralmente assintomática a azoospermia tende a ser descoberta apenas quando há dificuldades para engravidar a parceira. No entanto, alguns sintomas característicos de doenças que provocam o problema podem funcionar como alerta. 

Exemplos incluem dor e inchaço nos testículos, presença de nódulos, secreção peniana, alterações na cor do sêmen, na libido, diminuição de pelos corporais e faciais, perda de força muscular, depressão e crescimento anormal das mamas (ginecomastia). 

Quando há suspeita de azoospermia o primeiro exame solicitado é o espermograma, que analisa aspectos do sêmen e dos espermatozoides, apontando critérios como a concentração dos gametas nas amostras, motilidade e morfologia. 

O diagnóstico é determinado se não houver presença de espermatozoides nas amostras de sêmen analisadas. Para identificar a causa e planejar o tratamento adequado em cada caso, são, então, realizados diferentes exames laboratoriais e de imagem. 

O tratamento pode ser feito por medicamentos e/ou por cirurgia para remoção do bloqueio ou correção da varicocele, embora, de acordo com os danos, nem sempre a fertilidade será restaurada. Nesses casos, se houver o desejo de engravidar, é indicada a reprodução assistida. 

Azoospermia e reprodução assistida

A técnica de reprodução assistida indicada para homens com azoospermia é a fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), que permite a recuperação dos gametas diretamente dos epidídimos ou dos testículos por diferentes abordagens.

A recuperação dos epidídimos pode ser realizada por PESA (percutaneous epididymal sperm aspiration, ou aspiração percutânea de espermatozoides do epidídimo) e MESA (microsurgical epididymal sperm aspiration, ou aspiração microcirúrgica de espermatozoides do epidídimo). 

Já nos testículos são recuperados por TESE e Micro-TESE (testicular sperm extraction, ou extração de espermatozoides dos testículos e microdissection testicular sperm extraction, ou extração de espermatozoides por microdissecção testicular).

Após serem recuperados do epidídimo ou testículo, os espermatozoides serão selecionados para que os melhores sejam utilizados para a fecundação que ocorrerá no laboratório. Na FIV com ICSI cada espermatozoide é novamente avaliado, individualmente e em movimento, por um microscópio de alta magnificação e injetado diretamente no citoplasma do óvulo, o que aumenta as chances de sucesso. 

Portanto, apesar de a azoospermia ser uma causa comum de infertilidade masculina, as chances de ter filhos biológicos com o tratamento adequado são bastante altas. Para que seus amigos também tenham acesso a essa informação, compartilhe o texto nas redes sociais!

Infertilidade feminina: saiba mais sobre o assunto

Por Prof. Dr. Gustavo André

As mulheres, ao contrários dos homens, têm um tempo limitado de fertilidade. Isso acontece porque elas já nascem com uma reserva ovariana, quantidade de folículos, estruturas que contêm os óvulos imaturos, presentes nos ovários. 

A fase fértil inicia na puberdade com os ciclos menstruais ou reprodutivos, processo fisiológico que ocorre de maneira cíclica preparando o corpo para um possível gravidez, e, se encerra na menopausa. 

Vários folículos são recrutados em cada ciclo, no entanto apenas um deles se torna dominante, desenvolve e amadure o suficiente para se romper e liberar o óvulo na ovulação. Os que não desenvolveram são eliminados, levando, dessa forma, a uma redução natural da reserva ovariana com o envelhecimento. 

Assim, quando a mulher atinge a menopausa já não existem mais folículos e não é mais possível engravidar. 

O fator idade, portanto, é motivo de grande preocupação para as mulheres, ao contrário dos homens que produzem continuamente espermatozoides durante a vida toda, desde a puberdade, embora a infertilidade conjugal possa ser provocada por fatores femininos ou masculinos em igual proporção. Ou seja, ambos os parceiros devem ser investigados quando há dificuldades para engravidar. 

Este texto aborda tudo sobre a infertilidade feminina, destaca as principais doenças e condições que podem dificultar ou impedir a gravidez, os sintomas que alertam para o problema e as formas de tratamento. Continue a leitura até o final e confira!

O que é infertilidade?

A infertilidade é definida pela organização mundial da saúde (OMS) como a incapacidade de ter filhos naturalmente após a um ano de tentativas sem o uso de qualquer método contraceptivo, incluindo dispositivos intrauterinos (DIUs), pílulas, adesivos ou preservativos de barreira, as famosas camisinhas masculinas e femininas.

O sucesso gestacional depende do funcionamento adequado dos sistemas reprodutores femininos e masculinos. As mulheres, por exemplo, devem liberar um óvulo a cada ciclo menstrual para ser fecundado pelo espermatozoide e gerar um embrião.

O óvulo liberado é captado pelas tubas uterinas, que sediam a fecundação e são responsáveis ainda pelo transporte dos espermatozoides e do embrião formado ao útero para se implantar no endométrio, tecido de revestimento interno. A implantação do embrião marca o início da gestação e para ser bem-sucedida o endométrio deve ser devidamente preparado durante os ciclos menstruais. 

Além disso, o útero deve estar em perfeitas condições, pois, é nesse órgão que o embrião, futuro feto, se desenvolve até o nascimento.

Alterações podem resultar na ausência de fecundação, em falhas na implantação e consequente abortamento, ou em dificuldades para sustentar a gravidez. 

As mulheres, além da diminuição natural da reserva ovariana, podem ser afetadas por diferentes doenças e condições durante a fase fértil. 

Algumas são bastante comuns, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), a endometriose, os miomas uterinos, os pólipos endometriais e a DIP (doença inflamatória pélvica), consequência, na maioria das vezes, de bactérias sexualmente transmissíveis como a Chlamydia trachomatis e a Neisseria gonorrhoeae, caracterizada pela presença de inflamações nos órgãos reprodutores.

Figuram ainda na lista a adenomiose, os distúrbios da tireoide, hipotireoidismo e hipertireoidismo, doenças autoimunes como o lúpus eritematoso sistêmico e alterações genéticas, assim como são considerados fatores de risco alguns hábitos de vida, entre eles uma alimentação inadequada, sobrepeso ou baixo peso, excesso de exercícios físicos e sedentarismo, consumo exagerado de álcool, drogas recreativas e tabagismo. 

A infertilidade feminina pode ser consequência de distúrbios de ovulação, como anovulação ou ausência de ovulação, obstruções nas tubas uterinas e anormalidades na anatomia do útero, motivados por esses quadros. 

Contudo, a observação de sintomas característicos dessas doenças pode contribuir para o diagnóstico precoce, antes que ocorram danos mais severos no sistema reprodutor, facilitando, dessa forma, o tratamento e aumentando as chances de sucesso gestacional quando há o desejo de maternidade. 

Entre os que podem estar presentes, os mais comuns são: 

  • irregularidades nos ciclos menstruais, que podem ser mais curtos ou longos do que o normal (menores que 24 ou maiores que 38 dias); 
  • aumento ou diminuição do fluxo menstrual; 
  • ausência de menstruação; 
  • períodos menstruais com cólicas mais severas do que o normal;
  • dor durante as relações sexuais;
  • crescimento de pelos escuros na face, mamas ou costas;
  • alterações na pele, como acne;
  • queda temporária de cabelo com padrão masculino (alopecia);
  • corrimento amarelado e com odor forte;
  • ganho de peso repentino;
  • perda da libido.

Por outro lado, a infertilidade feminina pode ser muitas vezes assintomática, o que torna a dificuldade em engravidar por um ano ou mais o principal alerta. 

Quando procurar auxílio médico e da reprodução assistida para o tratamento da infertilidade por fatores femininos?

O médico deve ser consultado se houver a manifestação de qualquer sintoma, isoladamente ou em associação, independentemente do período estipulado para definição da infertilidade, ou após tentativas malsucedidas durante esse intervalo. Nas mulheres acima de 37 anos, a procura por especialista deve ser antecipada, idealmente procurando essa avaliação até antes de se iniciarem as tentativas de gravidez.

Inicialmente o casal é investigado para a definição da causa, os resultados dos exames diagnósticos orientam o planejamento do tratamento mais adequado em cada situação, ou seja, deve sempre ser individualizado, o que garante mais chances de os resultados proporcionarem a restauração da fertilidade e/ou a obtenção da gravidez. 

A infertilidade feminina pode ser tratada pela administração de medicamentos, como os antibióticos, que promovem a cura de inflamações consequentes de bactérias sexualmente transmissíveis, por cirurgia ou por reprodução assistida.

A cirurgia é indicada para remoção de miomas, pólipos endometriais, tecido ectópico característico da endometriose, aderências provocadas por processos inflamatórios ou para reparar danos na anatomia dos órgãos, por exemplo.

Geralmente, as abordagens primárias promovem a restauração da fertilidade e é possível engravidar naturalmente. Porém, mesmo quando isso não acontece ainda há chances de ter filhos biológicos com auxílio da reprodução assistida, que também pode ser indicada como primeira opção, principalmente nas mulheres acima de 35 anos, quando houver tempo muito prolongado de tentativas infrutíferas ou ainda quando houver alterações da fertilidade masculina associadas.

Todas as técnicas, de baixa ou alta complexidade, proporcionam o tratamento da infertilidade feminina com taxas expressivas de sucesso gestacional quando bem indicadas. 

As de baixa complexidade, relação sexual programada (RSP) e inseminação artificial (IA), por preverem a fecundação de forma natural, nas tubas uterinas, são indicadas para fatores de menor gravidade. No entanto, para utilizá-las a mulher deve ter as tubas uterinas permeáveis e idealmente até 35 anos, idade em que os níveis da reserva ovariana ainda estão mais altos. 

A fertilização in vitro (FIV), por outro lado, técnica mais complexa que reproduz as principais etapas do processo gestacional em laboratório, como a fecundação e o estágio inicial de desenvolvimento embrionário, possibilita o tratamento de praticamente todos os fatores de infertilidade feminina, em qualquer idade.

As taxas de sucesso da RSP e IA são semelhantes às da gestação natural, cerca de 20% a 30% por ciclo de tratamento, enquanto as da FIV são, em média, 50% a 60% por ciclo, as mais altas da reprodução assistida.

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Infertilidade masculina: saiba mais sobre a condição

Por Prof. Dr. Gustavo André

Classificada como doença pela organização mundial da saúde (OMS), a infertilidade afeta milhares de pessoas no mundo todo. A dificuldade reprodutiva do casal pode ser provocada igualmente por fatores masculinos ou femininos e pela associação de ambos. 

Por isso, para identificar a causa que motivou o problema e planejar o tratamento mais adequado em cada caso, ambos são investigados quando há tentativas malsucedidas em conceber. Em alguns casos, se os exames inicialmente realizados falharem em identificar a causa, o diagnóstico é de infertilidade sem causa aparente (ISCA).

Todas as situações, entretanto, têm tratamento na maioria dos casos, possibilitando a gravidez mesmo quando há fatores de maior de gravidade.

Neste texto, abordamos detalhadamente a infertilidade masculina, destacando as condições que podem interferir no funcionamento adequado do sistema reprodutor dos homens e os principais tratamentos. Uma leitura importante para os casais que desejam engravidar. Confira!

O que é infertilidade? 

A infertilidade é definida quando o casal não consegue engravidar após um ano de tentativas sem o uso de qualquer método contraceptivo. Como a infertilidade da mulher naturalmente diminui com o envelhecimento, se a idade for superior a 35 anos, em que há uma queda acentuada da reserva ovariana, é recomendável que se iniciem as investigações em um intervalo menor, de 6 meses.

Os problemas de infertilidade masculina surgem como consequência do funcionamento inadequado do sistema reprodutor. Ao contrário das mulheres, por exemplo, que já nascem com a reserva ovariana definida, quantidade de folículos presentes nos ovários, os homens produzem espermatozoides durante toda a vida desde a puberdade. 

O processo de produção é chamado de espermatogênese e acontece nos túbulos seminíferos, estruturas enoveladas localizadas em cada testículo, as gônadas sexuais masculinas, estimulado pelos hormônios androgênios, especialmente a testosterona. 

Depois de produzidos os espermatozoides são armazenados nos epidídimos, ductos em que amadurecem e desenvolvem a cauda, espécie de flagelo que lhes confere motilidade possibilitando o movimento no organismo feminino para encontrar o óvulo e fecundá-lo. 

Quando ocorre o estímulo sexual são liberados para os ductos deferentes, ejaculatórios e uretra para serem expelidos na ejaculação. Nesse trajeto, são incorporados aos líquidos que formam o sêmen produzidos pelas glândulas anexas, vesículas seminais, glândula bulbouretrais e próstata. 

O sêmen, substância geralmente de cor branca amarelada, tem como principal função facilitar o transporte dos espermatozoides e protegê-los até que encontrem o óvulo. Embora milhões sejam liberados a cada ejaculação, os menos aptos são naturalmente eliminados pelo organismo feminino, assim, apenas um vence a corrida e o penetra para originar uma nova vida. 

Diferentes doenças e condições podem interferir nesse mecanismo provocando alterações em uma ou mais etapas, resultando em infertilidade masculina.

Conheça as principais doenças e condições que podem comprometer a fertilidade masculina

Os homens podem ter dificuldades para engravidar a parceira nos casos em que ocorrem interferências na espermatogênese e na qualidade dos gametas masculinos, ou se obstruções comprometerem o transporte para serem ejaculados. 

Como resultado pode haver baixa concentração ou ausência dos espermatozoides no sêmen, alterações na qualidade, quando a morfologia e motilidade são afetadas ou ocorrem distúrbios genéticos.

As principais doenças e condições que podem resultar em infertilidade masculina são:

  • Azoospermia: azoospermia é a ausência de espermatozoides no sêmen, geralmente consequência de condições que interferem na espermatogênese, incluindo o desequilíbrio dos níveis hormonais: além de altas quantidades de testosterona, outros hormônios também contribuem no processo: FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônios luteinizante);
  • Varicocele: uma doença comum, a varicocele tem como característica a dilatação das veias do cordão espermático, que sustenta os testículos na bolsa testicular, responsável por mantê-los a uma temperatura mais baixa do que a corporal, ideal para a produção dos gametas masculinos. A dilatação das veias leva ao aumento dessa temperatura, o que consequentemente interfere no processo de produção, resultando em oligozoospermia (baixa concentração) ou astenozoospermia (baixa motilidade); 
  • Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs): algumas ISTs comuns, como a clamídia e a gonorreia, podem provocar inflamação dos órgãos reprodutores, como a orquite, dos testículos, a epididimite, dos epidídimos e a prostatite, da próstata. A orquite pode interferir na espermatogênese, enquanto na epididimite aderências provocadas pelo processo inflamatório podem obstruir o transporte dos gametas e na prostatite, a inflamação pode modificar a composição do líquido prostático. A azoospermia está também entre os resultados, assim como alterações na qualidade dos espermatozoides;

 

  • Distúrbios genéticos: distúrbios genéticos, como aneuploidias, quando há mais ou menos cromossomos que o normal, ou a fragmentação do DNA espermático, podem resultar em má qualidade embrionária e, assim, em abortamento. Varicocele, processos inflamatórios, fatores ambientais e hábitos de vida podem ser os causadores dessas alterações genéticas dos espermatozoides formados;
  • Fatores ambientais e hábitos de vida: hábitos como alcoolismo, tabagismo, alimentação inadequada, sedentarismo ou excesso de exercícios físicos, assim como a superexposição ao calor ou toxinas, terapia para a o tratamento de neoplasias e o uso de anabolizantes, são considerados fatores de risco e podem afetar desde a espermatogênese à qualidade dos gametas. 

Quando o diagnóstico é realizado precocemente, entretanto, as chances de a fertilidade não ser comprometida ou mesmo de os tratamentos serem bem-sucedidos são bem mais altas. 

Apesar de alterações na qualidade dos gametas e condições como a azoospermia serem geralmente assintomáticas e, por isso, demoram a ser descobertas, observar possíveis sintomas apresentados por doenças e condições que as provocam é uma das formas de evitar maiores danos.

Entre os exemplos estão as anormalidades testiculares, como assimetria, dor ou inchaço e a presença de nódulos. Secreção peniana, dor ao ejacular e durante as relações sexuais, dificuldades na ejaculação e diminuição da libido também podem ocorrer. 

Saiba quando procurar um médico, tratamentos e reprodução assistida

Se houver a manifestação de um ou mais sintomas, isoladamente ou em associação, é importante consultar um urologista. O planejamento terapêutico é feito de acordo com os resultados diagnósticos e as necessidades de cada paciente. Os tratamentos da infertilidade masculina podem ser por medicamentos, cirurgia ou reprodução assistida. 

Antibióticos, por exemplo, são prescritos quando o problema é resultado de processos inflamatórios causados por bactérias sexualmente transmissíveis, enquanto a cirurgia pode proporcionar a correção da varicocele e a remoção de possíveis aderências. 

Em alguns casos é possível engravidar após essas duas abordagens, porém, se não houver sucesso ou se a infertilidade provocou maiores danos, é indicado o tratamento por reprodução assistida. 

A inseminação artificial (IA), técnica de menor complexidade em que os espermatozoides são previamente selecionados e inseridos posteriormente no útero materno, é a primeira indicação quando a infertilidade é provocada por fatores mais leves, como pequenas anormalidades na morfologia ou motilidade dos espermatozoides.

Já nos casos em que os danos são maiores, incluindo azoospermia, anormalidades estruturais mais graves e distúrbios genéticos, é indicado o tratamento por fertilização in vitro, técnica mais complexa, com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).

Nos casos em que os espermatozoides não estão presentes no sêmen, eles geralmente podem ser obtidos por recuperação espermática, coletados diretamente dos epidídimos ou testículos. Outra opção quando isso não é possível é a escolha de sêmen de doador em bancos especializados. 

Na FIV com ICSI, além de os espermatozoides também serem previamente selecionados, cada um é novamente avaliado individualmente, em movimento, por um microscópio de alta magnificação e inserido diretamente no citoplasma do óvulo. Os embriões formados são transferidos ao útero materno após alguns dias de desenvolvimento. 

As duas técnicas aumentam as chances de gravidez, com percentuais que variam de acordo com a complexidade do tratamento. 

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