Mês: julho 2023
Endometriose: veja como é feito o diagnóstico
Por Prof. Dr. Gustavo André
O útero, maior órgão reprodutor das mulheres, tem a importante função de abrigar, proteger e nutrir o embrião-feto até o nascimento. É dividido em três camadas de revestimento, endométrio, miométrio e perimétrio (ou serosa).
Endométrio, a interna, é um tecido epitelial altamente vascularizado que sofre alterações durante os ciclos menstruais, tornando-se mais espesso para receber um possível embrião. Nessa camada ocorre a nidação, quando ele se implanta para dar início à gestação. Se não houver fecundação, por outro lado, o endométrio descama originando a menstruação e um novo ciclo menstrual.
Na endometriose, um tecido semelhante ao endométrio cresce em órgãos próximos, porém, apesar da semelhança o crescimento anormal não ocorre no útero, embora a doença possa comprometer a função do órgão desde os estágios iniciais, bem como causar outras alterações no processo reprodutivo, resultando, muitas vezes, em infertilidade feminina.
Além disso, é conhecida por causar sintomas dolorosos, que podem comprometer bastante a qualidade de vida das mulheres portadoras. O diagnóstico precoce é um fator essencial para o sucesso do tratamento.
Continue a leitura e veja como é feito o diagnóstico da endometriose, conheça os principais aspectos dessa doença e os tratamentos indicados em cada caso. Confira!
O que é endometriose?
A endometriose é uma doença inflamatória, crônica e de crescimento geralmente lento, cuja principal característica é o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio em outros locais, geralmente no peritônio, membrana que recobre a cavidade pélvica e órgãos nela abrigados, tubas uterinas, ovários, bexiga e intestino.
É uma das doenças estrogênio-dependentes, como os miomas uterinos e pólipos endometriais, ou seja, se desenvolve motivada pela ação desse hormônio. Ainda que tenha sido descrita pela primeira vez ainda durante o século XIX e seja amplamente estudada, sua causa exata permanece desconhecida pela ciência.
No entanto, diversas teorias surgiram para justificar o desenvolvimento da doença. A mais aceita até hoje foi proposta pelo ginecologista norte-americano Albert Sampson em 1927. Sampson, que foi um dos principais estudiosos sobre o assunto, sugere que a endometriose se desenvolve como consequência da menstruação retrógrada.
Quando ocorre a descamação do endométrio e a menstruação, os fragmentos desse tecido são eliminados junto com o sangue menstrual. Na menstruação retrógrada, parte desse sangue retorna pelas uterinas carregando os fragmentos endometriais que se implantam em outros locais.
A presença do tecido anormal causa um processo inflamatório, que pode provocar diferentes sintomas, incluindo infertilidade, independentemente da quantidade de implantes presentes. Os sintomas variam de acordo com o local de crescimento, critério também utilizado para classificar os diferentes tipos da doença.
Embora nem toda mulher com endometriose apresente sintomas, quando estão presentes funcionam como importante alerta para procurar um especialista, facilitando, dessa forma, o diagnóstico precoce.
Sintomas e diagnóstico da endometriose
Mulheres com endometriose tendem a apresentar cólicas severas antes e durante o ciclo menstrual. Com a progressão da doença, a dor pélvica pode se tornar crônica. Outros sintomas também podem ocorrer de acordo com o local de crescimento, como dispareunia de profundidade (dor durante as relações sexuais), micção frequente e urgente ou dificuldade acompanhada de dor, constipação cíclica e presença de sangue nas fezes.
A dispareunia normalmente surge quando há presença de implantes nos ligamentos uterossacros, que sustentam útero na cavidade pélvica, enquanto as disfunções urinárias e intestinais são consequência da doença na bexiga e intestino.
A infertilidade é igualmente considerada um sintoma e as interferências na capacidade reprodutiva podem ocorrer desde os estágios iniciais, quando as lesões ainda são planas, rasas e localizadas apenas no peritônio (endometriose superficial).
Especula-se que o processo inflamatório possa interferir no preparo do endométrio, resultando em falhas na implantação e abortamento, apesar de essa relação de causa e efeito não ser evidente. Pode ainda acometer o desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, que contêm os óvulos imaturos, provocando distúrbios de ovulação. Nos ovários, endometriose ovariana, os implantes formam um tipo de cisto conhecido como endometrioma nos estágios moderados e graves da doença.
Em tamanhos ou quantidades maiores, podem causar danos aos folículos ao redor e dessa forma a diminuição dos níveis da reserva ovariana, quantidade de folículos presentes desde o nascimento que vão ser utilizados durante a idade fértil. Nesse caso, a infertilidade muitas vezes pode ser permanente.
Além disso, também tendem a interferir no desenvolvimento e amadurecimento folicular, por isso, a endometriose ovariana é o tipo mais associado à infertilidade feminina.
Já nas tubas uterinas, podem provocar distorções anatômicas, bem com o processo inflamatório pode resultar na formação de aderência que alteram a sua mobilidade e em casos mais graves podem inclusive as obstruir. Em ambos os casos a função de transportar os gametas (óvulos e espermatozoides) e o embrião formado ao útero pode ser prejudicada. Assim, a fecundação ou implantação do embrião não acontecem.
Veja abaixo como é feito o diagnóstico da endometriose:
O exame considerado padrão-ouro para o diagnóstico da endometriose é ultrassonografia transvaginal com preparo especial, que prevê o uso anterior de medicamentos com objetivo de reduzir o gás intestinal, possibilitando uma visualização mais detalhada dos órgãos reprodutores e dos implantes endometriais.
Esse exame diagnostica com bastante precisão os endometriomas, distinguindo-os, inclusive, de outras massas anexiais, além de indicar a localização e profundidade de implantes, que tendem a se infiltrar nos órgãos à medida que a doença se desenvolve. Nesse estágio, é classificada como endometriose infiltrativa profunda.
Sua alta sensibilidade geralmente possibilita, ainda, detectar as lesões planas e rasas presentes na endometriose superficial. Nesse caso, se o diagnóstico for inconclusivo, podem ser solicitados outros complementares, como a ressonância magnética e a vídeo-histeroscopia ambulatorial, que permite a visualização direta.
Muitas vezes, a endometriose é diagnostica de forma incidental, durante os exames de rotina. Isso acontece particularmente por sua assintomatologia em alguns casos, principalmente nos estágios iniciais, e caráter de progressão lenta.
Por outro lado, os sintomas quando estão presentes são um importante alerta. Ainda que atualmente os tratamentos disponíveis possam proporcionar do alívio à obtenção da gravidez, o diagnóstico precoce contribui muito para aumentar as chances de sucesso.
Tratamento e reprodução assistida
O tratamento da endometriose é sempre individualizado, definido a partir dos resultados diagnósticos. Considera, ainda, o desejo da mulher de engravidar no momento e a severidade dos sintomas.
Quando os sintomas são menos graves e não há o desejo de engravidar são prescritos medicamentos hormonais, que promovem a suspensão da menstruação e, dessa forma, a exposição ao estrogênio; anti-inflamatórios não esteroides (AINES) e analgésicos para aliviar inflamação e dor.
Nos casos mais graves, quando são mais severos e/ou a infertilidade está entre eles, é indicada a cirurgia para remoção de implantes, aderências ou endometriomas. Porém, se a mulher desejar engravidar a opção pela cirurgia considera a idade, os níveis da reserva ovariana, a saúde das tubas uterinas e dos espermatozoides do parceiro.
Para mulheres acima dos 36 anos, com baixos níveis da reserva ovariana, ou obstruções tubárias, ou se existirem ainda fatores de infertilidade masculinos envolvidos, a indicação passa a ser o tratamento com a principal técnica de reprodução assistida, a fertilização in vitro (FIV).
A FIV reproduz, de forma controlada, etapas importantes da gravidez, como a fecundação e o desenvolvimento inicial dos embriões, possibilitando, assim, contornar diferentes problemas. Depois de alguns dias de desenvolvimento, os embriões são transferidos diretamente ao útero materno.
Agora que você já sabe como é feito o diagnóstico da endometriose e a importância da sua precocidade, compartilhe esse texto nas redes sociais e informe também aos seus amigos!
Estimulação ovariana: o que é e quando é realizada?
Por Prof. Dr. Gustavo André
A idade fértil das mulheres começa na puberdade quando ocorre a primeira menstruação marcando o início dos ciclos menstruais e finaliza na menopausa, com a última. Ciclo menstrual ou reprodutivo é o termo científico que define as alterações fisiológicas que preparam o corpo para uma possível gravidez. Dura, em média, 28 dias.
É um processo contínuo, acontece durante toda a idade fértil, dividido em três fases coordenadas por diferentes hormônios.
Na primeira, vários folículos ovarianos crescem, bolsas que contêm o óvulo imaturo. Entre eles, um se torna dominante concluindo o desenvolvimento e amadurecimento, se rompendo e liberando o óvulo. Esse evento é conhecido como ovulação e acontece na segunda fase do ciclo menstrual, período de maior fertilidade.
O óvulo liberado é capturado pelas tubas uterinas e aguarda por até 24h para ser fecundado pelo espermatozoide. Fecundação é o processo em que o espermatozoide o penetra para gerar a primeira célula do embrião. Pode ser comprometido por distúrbios de ovulação consequentes de diferentes doenças e condições que afetam as mulheres durante a idade fértil.
Os distúrbios de ovulação são, inclusive, a causa mais comum de infertilidade feminina, caracterizados por dificuldades no desenvolvimento, amadurecimento e rompimento do folículo. Porém, podem ser solucionados pela estimulação ovariana.
Continue a leitura até o final e saiba o que é estimulação ovariana e quando é realizada. Confira!
O que é estimulação ovariana?
Os ciclos menstruais correspondem ao intervalo de tempo entre o primeiro dia da menstruação e o último dia antes da seguinte. No início, a hipófise secreta de forma pulsátil as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante). O FSH atua no recrutamento e crescimento dos folículos ovarianos, enquanto o LH promove o amadurecimento e o induz ao rompimento.
O folículo dominante secreta estrogênio durante o desenvolvimento, hormônio que atua no preparo inicial do endométrio, tecido que reveste internamente o útero, tornando-o mais espesso e vascularizado para receber o embrião se houver fecundação. Nessa camada uterina ele se implanta marcando o início da gestação.
O folículo rompido se transforma posteriormente em corpo lúteo, uma glândula endócrina temporária que secreta progesterona, hormônio responsável pelo preparo final do endométrio. Se não houver fecundação o corpo lúteo se degenera, os níveis hormonais diminuem provocando a descamação do endométrio, originando a menstruação e um novo ciclo menstrual.
Estimulação ovariana é um procedimento que tem como objetivo estimular o desenvolvimento de uma quantidade maior de folículos durante o ciclo menstrual. Para isso, são administrados medicamentos hormonais sintéticos semelhantes aos naturais nos primeiros dias do ciclo menstrual.
O desenvolvimento dos folículos é acompanhado por exames de ultrassonografia transvaginal periódicos, realizados a cada dois ou três dias. Eles permitem indicar o momento em que os folículos atingem o auge do desenvolvimento, quando novos medicamentos os induzem ao amadurecimento final e ovulação.
É indicada às mulheres com distúrbios de ovulação, que podem ser provocados por doenças comuns durante a idade fértil, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e a endometriose.
A SOP é um distúrbio endócrino caracterizado pelo aumento de testosterona, principal hormônio masculino produzido em pequenas quantidades pelos ovários, e anovulação crônica, ausência de ovulação. Nos casos mais leves da doença a ovulação pode ocorrer de forma irregular, o que é chamado de oligovulação.
A endometriose, por outro lado, tem como característica o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio fora do útero, geralmente em órgão próximos; ovários, tubas uterinas, bexiga ou intestino, por exemplo. O tecido anormal causa um processo inflamatório que pode interferir no desenvolvimento, amadurecimento e principalmente qualidade dos folículos ovarianos mesmo nos estágios iniciais.
Além dessas doenças, outras caracterizadas por desequilíbrios hormonais, como as da tireoide, hipotireoidismo e hipertireoidismo, podem igualmente resultar em distúrbios de ovulação. Os hormônios tireoidianos são responsáveis por regular o metabolismo das células e, dessa forma, também atuam no desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos.
A estimulação ovariana, portanto, é um recurso essencial para as mulheres com dificuldades em engravidar como consequência de diferentes condições.
Quando a estimulação ovariana é realizada?
A estimulação ovariana é a primeira etapa das três principais técnicas de reprodução assistida: relação sexual programa (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV). A indicação da mais adequada é feita após a realização de exames laboratoriais e de imagem, que identificam as causas da dificuldade reprodutiva.
São considerados, ainda, critérios como a idade da mulher, a permeabilidade das tubas uterinas e a saúde dos espermatozoides dos parceiros. Além disso, cada uma utiliza protocolos diferentes na estimulação ovariana, de acordo com a complexidade dos tratamentos.
Nas técnicas de baixa complexidade, RSP e IA, a fecundação acontece naturalmente nas tubas uterinas, por isso, são utilizadas dosagens mais baixas de medicamentos hormonais com objetivo de garantir o desenvolvimento de 1 a 3 folículos maduros. Ambas são mais adequadas para mulheres com até 35 anos, idade em que os níveis da reserva ovariana ainda estão mais altos.
As mulheres já nascem com uma reserva ovariana, quantidade de folículos para serem utilizados durante a idade fértil, ao contrário dos homens, que produzem espermatozoides continuamente por toda a vida desde a puberdade.
A FIV, por outro lado, é uma técnica mais complexa em que a fecundação é realizada em ambiente laboratorial, de forma controlada, precedida da coleta e seleção dos melhores óvulos e espermatozoides.
Assim, são utilizadas dosagens hormonais mais altas com objetivo de obter uma quantidade maior de óvulos disponíveis, aproximadamente 10. Após a administração dos medicamentos indutores na estimulação ovariana, os folículos maduros são coletados individualmente por punção folicular. Cada óvulo é posteriormente extraído e avaliado em laboratório e apenas os mais saudáveis são selecionados para a fecundação.
Depois de se desenvolverem por alguns dias os embriões formados na fecundação são transferidos diretamente ao útero e a implantação acontece naturalmente, como na gestação espontânea.
A FIV proporciona o tratamento de praticamente todos os fatores de infertilidade feminina, dos distúrbios de ovulação e obstruções tubárias a alterações no preparo do endométrio, por exemplo.
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Coito programado ou relação sexual programada: conheçaa essa técnica de reprodução assistida
Por Prof. Dr. Gustavo André
Há algumas décadas, os problemas de fertilidade não tinham solução. Assim, as pessoas que que não podiam ter filhos podiam contar apenas com o processo de adoção para aumentar a família. Hoje, a medicina reprodutiva, área que auxilia a reprodução com o uso de diferentes técnicas, possibilita o tratamento de praticamente todas as demandas reprodutivas, dos fatores de infertilidade à gravidez de casais homoafetivos e pessoas solteiras.
As principais técnicas de reprodução assistida disponíveis são a relação sexual programada (RSP) ou coito programado, a inseminação artificial (IA) e a fertilização in vitro (FIV). Elas são classificadas de acordo com a complexidade dos procedimentos; RSP e IA preveem a fecundação de forma natural, nas tubas uterinas, enquanto na FIV é realizada em laboratório após a coleta e seleção dos melhores óvulos e espermatozoides.
Este texto aborda o coito programado, destacando as indicações, etapas do tratamento e taxas de sucesso gestacional. Continue a leitura até o final e conheça em detalhes essa técnica de reprodução assistida. Confira!
O que é coito programado e em quais casos a técnica é indicada?
O coito programado ou relação sexual programada (RSP) é a mais simples das técnicas de reprodução assistida. Como o nome sugere, tem como objetivo programar o melhor período do ciclo menstrual para intensificar a relação sexual e, assim, aumentar as chances de a gravidez ser bem-sucedida.
Geralmente, é a primeira indicação para distúrbios de ovulação, ou seja, quando há dificuldades no desenvolvimento, amadurecimento e rompimento do folículo ovariano.
As mulheres já nascem com uma reserva ovariana, quantidade de folículos, bolsas que contêm o óvulo imaturo, para serem utilizados durante a fase fértil. Vários folículos crescem em cada ciclo menstrual, porém apenas um deles se destaca, desenvolvendo e amadurecendo o suficiente para se romper e liberar o óvulo, também maduro, na ovulação.
Mulheres com distúrbios de ovulação não liberam o óvulo para ser fecundado pelo espermatozoide, por isso, mesmo que o casal mantenha relações sexuais desprotegidas não há sucesso gestacional. Após um ano de tentativas malsucedidas, a infertilidade é definida.
O coito programado aumenta as chances de gravidez nos casos em que os distúrbios de ovulação são mais leves, provocados por doenças como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) ou endometriose nos estágios iniciais.
Na SOP, por exemplo, um distúrbio endócrino bastante comum, o desequilíbrio hormonal característico da doença pode resultar em quadros de oligovulação, quando a liberação do óvulo ocorre de forma irregular, ou anovulação, ausência total de ovulação.
A endometriose, por outro lado, pode interferir no desenvolvimento e amadurecimento folicular desde os estágios iniciais como consequência do processo inflamatório provocado pela doença.
No entanto, é mais adequada até os 35 anos, idade em que os níveis da reserva ovariana ainda estão mais altos, uma vez que os folículos que não desenvolveram no ciclo menstrual são naturalmente eliminados. Por sediarem a fecundação, as tubas uterinas também precisam estar permeáveis.
Além disso, os espermatozoides do parceiro devem estar dentro dos padrões de normalidade, o que pode ser confirmado pelo espermograma, exame que avalia a fertilidade masculina apontando parâmetros como a quantidade e qualidade dos espermatozoides.
Entenda como o tratamento com o coito programado é realizado
Os tratamentos de reprodução assistida são sempre individualizados, por isso iniciam com a avaliação do casal por diferentes exames. A técnica mais adequada em cada caso é definida a partir dos resultados diagnósticos.
Quando a escolha é o coito programado, a primeira etapa é a estimulação ovariana, procedimento em que são utilizados medicamentos hormonais para estimular o desenvolvimento de mais folículos. São utilizadas dosagens mais baixas, pois o objetivo é obter entre 1 e 3 folículos maduros.
O desenvolvimento folicular é acompanhado por exames de ultrassonografia realizados periodicamente, a cada dois ou três dias, indicando, dessa forma, o momento exato em que eles atingem o tamanho ideal. São administrados, então, novos medicamentos para induzi-los ao amadurecimento final e rompimento.
A ovulação ocorre em aproximadamente 36 horas após a administração dos medicamentos indutores. Esse é o período de maior fertilidade da mulher. Porém, para programar a relação sexual é considerado também o tempo de sobrevida dos espermatozoides no organismo feminino: aproximadamente 72 horas.
Apesar da simplicidade da técnica, o coito programado, quando bem indicado proporciona taxas de sucesso semelhantes às da gestação espontânea, aproximadamente 20% a 30% a cada ciclo de tratamento. Se não houver sucesso na primeira tentativa o tratamento pode repetido ou podem ser indicadas outras técnicas, de acordo com cada caso.
Na maioria das vezes, após 3 ou 4 tentativas infrutíferas, a opção é pela FIV, em que é possível controlar etapas importantes, como a fecundação e o desenvolvimento inicial do embrião, além de reunir diversas técnicas complementares que permitem solucionar diferentes problemas.
Gostou do Texto? Agora que você já conhece em detalhes o coito programado, aproveite para compartilhar esse post nas redes sociais e informe também aos seus amigos sobre essa técnica que pode possibilitar a gravidez de forma bem simples quando indicada corretamente!
SOP: o que é?
Por Prof. Dr. Gustavo André
Os órgãos do sistema reprodutor feminino são o útero, as tubas uterinas, os ovários e a vagina. Cada um desempenha um papel fundamental na gravidez, por isso, para haver sucesso eles devem cumprir adequadamente sua função.
No útero, por exemplo, o embrião se implanta e desenvolve até o nascimento do futuro bebê, enquanto as tubas uterinas, que fazem a ligação entre o útero e os ovários, respondem pelo transporte de óvulos e espermatozoides, células sexuais de homens e mulheres com as informações genéticas, e, do embrião formado. Também são responsáveis por sediar a fecundação, evento em que os gametas se fundem para originar uma nova vida.
Os ovários, por outro lado, são as gônadas sexuais, glândulas que atuam na produção dos hormônios femininos estrogênio e progesterona, bem como abrigam os folículos, estruturas que contêm o óvulo imaturo.
As mulheres já nascem com uma reserva ovariana, quantidade de folículos para serem utilizados durante a fase fértil, localizada entre a puberdade, quando os ciclos menstruais têm início, e a menopausa, quando se encerram. A cada ciclo menstrual vários folículos crescem, porém apenas um deles se desenvolve e amadurece liberando o óvulo para o encontro com o espermatozoide.
A SOP, síndrome dos ovários policísticos, é uma doença feminina bastante comum e pode interferir no funcionamento adequado dos ovários e, dessa forma, na capacidade reprodutiva das mulheres.
Continue a leitura até o final e saiba tudo sobre a SOP, das possíveis causas e sintomas, ao diagnóstico e tratamento. Confira!
O que é SOP?
O que é SOP?
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino que afeta 1 entre 10 mulheres durante a fase fértil e altera os níveis dos hormônios sexuais femininos, provocando problemas de ovulação, como dificuldades no desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos ou liberação do óvulo, além de alterações na imagem corporal.
Uma das consequências do desequilíbrio hormonal é o hiperandrogenismo, aumento da testosterona, principal hormônio dos homens produzido geralmente em pequenas quantidades pelos ovários. Isso provoca o surgimento de traços masculinos, condição denominada hirsutismo, como o crescimento de pelos em locais pouco comuns, face, braços, abdome e mamas, por exemplo, queda de cabelos temporária (alopecia) e engrossamento da voz.
A etiologia da SOP ainda permanece desconhecida, porém, sabe-se que há uma predisposição genética, uma vez que é alta a incidência em mulheres com parentes de primeiro grau com a doença. Essas pacientes apresentam um defeito nas células do folículo em desenvolvimento, provocando o aumento na concentração de testosterona.
Durante o ciclo menstrual, o hormônio folículo-estimulante (FSH) atua no recrutamento e crescimento de vários folículos. Um deles se desenvolve e amadure estimulado pelo hormônio luteinizante (LH), os outros são naturalmente eliminados. Esse folículo, conhecido como dominante, secreta estrogênio enquanto se desenvolve, hormônio que promove o espessamento do endométrio preparando-o para receber um possível embrião.
Os folículos ovarianos possuem dois tipos celulares, as células da teca, mais externas, que interagem com o LH, e as da granulosa, internas, cuja interação e com o FSH. O LH se liga nos receptores das células da teca estimulando-as a produzirem testosterona, enquanto o FSH estimula as da granulosa a converterem esse hormônio em estrogênio.
Na SOP, os folículos recrutados que não desenvolveram em vez de serem eliminados podem acumular formando múltiplos cistos, por isso a doença recebe o nome de ovários policísticos.
Outra possível causa associada à SOP é a resistência à insulina, condição comum em mulheres com sobrepeso ou obesidade, principalmente se sedentárias. O hormônio é responsável pelo metabolismo da glicose para gerar energia e ajuda a regular o recrutamento, desenvolvimento e maturação folicular.
Mulheres com resistência à insulina têm um aumento de glicose no sangue, o que naturalmente provoca a elevação dos níveis desse hormônio e, dessa forma, problemas na ovulação.
O desequilíbrio hormonal característico dessa doença pode resultar, portanto, em diferentes sintomas que comprometem a qualidade de vida das mulheres portadoras, incluindo infertilidade, levando muitas vezes ao desenvolvimento de transtornos emocionais, como depressão e ansiedade.
Principais sintomas da SOP
Enquanto o aumento de testosterona resulta em alterações na imagem corporal, os distúrbios de ovulação têm como característica irregularidades menstruais. No entanto, os sintomas podem se apresentar em diferentes graus de intensidade ou progressão. Veja abaixo os principais:
- Aumento, redução ou ausência de fluxo menstrual (amenorreia);
- Aumento do volume ovariano, provocado pelos múltiplos cistos;
- Crescimento de pelos em locais anormais, como a face, seios ou costas;
- Queda temporária de cabelo (alopecia);
- Engrossamento da voz;
- Acne e seborreia;
- Aumento de peso;
- Transtornos emocionais, como ansiedade e depressão;
- Infertilidade.
Apesar de a SOP ser associada à infertilidade feminina, com o tratamento adequado é possível engravidar na maioria dos casos. Observar os sintomas característicos da doença contribui para diagnosticá-la precocemente, aumentando as chances de sucesso. O diagnóstico precoce pode, inclusive, evitar a manifestação de forma mais severa.
Como a SOP é diagnosticada?
Por ser uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas comuns a várias condições, independentemente da etiologia que as diferencia, não é possível avaliar elementos isoladamente, assim, o diagnóstico é realizado a partir da exclusão de outras doenças femininas que podem manifestar sintomas semelhantes, além de considerar outros critérios.
Quando há suspeita de SOP são realizados, então, exames laboratoriais e de imagem. Os laboratoriais têm como objetivo analisar os níveis de testosterona e de hormônios envolvidos no processo reprodutivo, como FSH, LH e estrogênio. Dosar exames tireoidianos, prolactina e alguns outros androgênios, além da testosterona, pode ser necessário em alguns casos para realizar o diagnóstico diferencial com patologias que podem apresentar quadros clínicos semelhantes.
Já os de imagem possibilitam a análise do útero e de sua parte interna, o endométrio, além da detecção dos cistos e a determinação do volume ovariano. Em geral a ultrassonografia transvaginal é o exame de escolha, sendo a ressonância magnética e a vídeo-histeroscopia reservados para casos especiais.
Após a exclusão, para confirmar a SOP devem ser considerados alguns critérios definidos no Consenso de Rotterdam, evento que reuniu pesquisadores do mundo todo para discutir a doença e sua interferência na saúde feminina. Entre eles estão:
- Oligovulação (ovulação irregular) ou anovulação (ausência de ovulação);
- Sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo;
- Morfologia policística dos ovários, com a presença de 12 ou mais folículos medindo de 2 mm a 9 mm de diâmetro e/ ou volume ovariano acima de 10 cm³ comprovada por exames de imagem.
Os resultados diagnósticos orientam o tratamento mais adequado para cada paciente, sempre individualizado.
Tratamento e reprodução assistida
Mulheres com SOP que desejam engravidar podem recorrer à reprodução assistida para aumentar as chances. A primeira etapa de todas as técnicas é a estimulação ovariana, procedimento em que são utilizados medicamentos hormonais sintéticos semelhantes aos naturais para estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos ovarianos.
Os casos mais leves, por exemplo, em que a ovulação é apenas irregular (oligovulação), são inicialmente tratados pela relação sexual programada (RSP), técnica cujo objetivo é estimular o desenvolvimento de 1 a 3 folículos e programar o melhor momento para intensificar a relação sexual. A fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas. Assim, são utilizadas dosagens hormonais mais baixas.
O tratamento com a RSP, entretanto, é indicado idealmente para mulheres com até 35 anos que ainda possuem uma boa reserva ovariana. As tubas uterinas também devem estar permeáveis.
Mulheres com anovulação crônica, por outro lado, recebem indicação de FIV, fertilização in vitro, que prevê a fecundação em laboratório. Na FIV são utilizadas dosagens hormonais mais altas para obter aproximadamente 10 óvulos maduros. Os embriões formados são transferidos diretamente ao útero materno após alguns dias de desenvolvimento.
A FIV possibilita o tratamento em qualquer idade, mesmo quando existem outros problemas de infertilidade associados, como obstruções tubárias, uma vez que as tubas uterinas não têm nenhuma função.
Nos casos em que a mulher não tem o desejo de engravidar, são prescritos anticoncepcionais orais e hormônios esteroides de ação antiandrogênica para aliviar os sintomas, bem como um agente sensibilizador quando há resistência à insulina.
Agora que você já sabe o que é SOP, compartilhe esse texto nas redes sociais para que seus amigos também sejam informados sobre essa doença e seus efeitos durante a fase fértil.
ICSI: saiba o que é e como é feita na FIV
Por Prof. Dr. Gustavo André
Atualmente, muitas pessoas no mundo todo sofrem com infertilidade. Os números são tão altos, que se tornou questão de saúde pública mundial, o que é justificado pelos hábitos das sociedades contemporâneas, incluindo a tendência de adiar a maternidade.
Classificada como doença, a infertilidade é definida quando o casal não consegue engravidar após um ano de relações sexuais desprotegidas. Mulheres acima de 35 anos devem considerar um tempo menor para procurar assistência médica especializada, de seis meses, uma vez que a partir desse idade a quantidade e qualidade dos óvulos é mais baixa.
Embora o problema seja investigado desde a Idade Antiga, foi apenas na década de 1970 que surgiu a primeira solução para o tratamento de infertilidade feminina por fatores tubários, uma das causas mais comuns, com o desenvolvimento da fertilização in vitro (FIV). Vinte anos depois, no início dos anos 1990 a ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) foi incorporada ao tratamento.
Neste texto, explicamos em detalhes o que é ICSI e como é feita na FIV, continue a leitura até o final para saber mais. Confira!
FIV e ICSI
Fertilização in vitro (FIV) é a única técnica de reprodução assistida que reproduz em ambiente laboratorial, de forma controlada, etapas importantes da gravidez, como a fecundação e o cultivo embrionário.
A possibilidade de gerar uma nova vida em laboratório representou um marco na medicina; para se ter uma ideia da importância dessa técnica, desde o nascimento do primeiro bebê, milhares de crianças no mundo todo foram concebidas com a sua utilização. A ICSI foi um reforço essencial nesse contexto e hoje é o método geralmente de escolha para realizar a fecundação.
Os problemas mais graves de infertilidade masculina, por exemplo, foram solucionados apenas com a incorporação da ICSI à FIV. A técnica foi, inclusive, desenvolvida com esse objeto, e embora essa ainda seja a principal indicação, tornou-se o método mais adotado pelas clínicas de reprodução assistida por aumentar as chances de a fecundação ser bem-sucedida.
Saiba como a ICSI é feita na FIV
O tratamento com a FIV prevê da coleta e seleção dos melhores óvulos e espermatozoides à transferência dos embriões diretamente ao útero materno após alguns dias de desenvolvimento. Para isso, é realizado em cinco etapas principais: estimulação ovariana e indução da ovulação, preparo seminal, fecundação, cultivo e transferência embrionária.
Estimulação ovariana é o procedimento em que a mulher recebe medicamentos hormonais sintéticos, semelhantes aos naturais para estimular o desenvolvimento de mais folículos ovarianos.
No ciclo menstrual natural, vários folículos, bolsas que contêm os óvulos imaturos são recrutados, mas apenas um deles se desenvolve, amadurece e rompe liberando o óvulo para ser fecundado pelo espermatozoide.
O desenvolvimento dos folículos é acompanhado periodicamente por exames de ultrassonografia transvaginal. Quando eles atingem o tamanho ideal novos medicamentos os induzem ao rompimento e ovulação, que ocorre em aproximadamente 36 horas. Durante esse período, os folículos maduros são coletados por punção folicular e os óvulos posteriormente extraídos e selecionados em laboratório.
Simultaneamente à estimulação ovariana amostras de sêmen do parceiro passam pelo preparo seminal, técnica que capacita os espermatozoides por diferentes métodos, selecionando os melhores. Após a escolha dos gametas, a fecundação é, então, realizada em ambiente laboratorial.
Anteriormente, era feita somente pelo modo clássico, em que os espermatozoides são colocados junto aos óvulos em uma placa de cultura para fertilizá-los como no processo natural: esses espermatozoides precisam romper a zona pelúcida do óvulo e penetrá-lo, quando ocorre a fusão dos pronúcleos com as informações genéticas dos pais, gerando a primeira célula do futuro ser humano.
O sucesso desse método, entretanto, depende de diferentes variáveis, incluindo uma quantidade maior de óvulos e espermatozoides, além da qualidade desses gametas. O processo realizado com ICSI, por outro lado, é muito mais avançado.
Na ICSI, cada espermatozoide é novamente avaliado, individualmente, por um microscópio de alta magnificação e injetado diretamente no citoplasma do óvulo com auxílio de um micromanipulador de gametas. Assim, mesmo quando há apenas uma pequena quantidade de espermatozoides é possível obter sucesso.
A ICSI possibilitou a solução de problemas de infertilidade masculina como a baixa concentração de espermatozoides no sêmen (oligozoospermia), ou mesmo a ausência dos gametas no ejaculado, condição denominada azoospermia, uma das principais causas da infertilidade masculina.
Eles podem ser recuperados diretamente dos testículos, órgão em que são produzidos nos túbulos seminíferos, ou dos epidídimos, ductos em que são armazenados após a produção.
Para recuperá-los dos epidídimos podem ser utilizadas as técnicas PESA, percutaneous epididymal sperm aspiration, aspiração percutânea de espermatozoides do epidídimo, e MESA, microsurgical epididymal sperm aspiration, aspiração microcirúrgica de espermatozoides do epidídimo.
Já a recuperação dos testículos é feita por TESE, testicular sperm extraction, extração de espermatozoides dos testículos, ou Micro-TESE, microsurgical testicular sperm extraction, extração microcirúrgica de espermatozoides dos testículos.
Os embriões formados na fecundação também são cultivados por alguns dias em ambiente laboratorial, processo acompanhado diariamente por um embriologista, e transferidos diretamente ao útero materno. Ainda é possível realizar técnicas complementares à ICSI, como a análise genética de cada embrião (PGTa) e o congelamento de embriões para transferência apenas no futuro, mantendo as propriedades biológicos intactas.
Com a incorporação da ICSI, portanto, mesmo quando há problemas de infertilidade masculina de maior gravidade, é possível ter filhos biológicos.
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Clamídia: o que é?
Por Prof. Dr. Gustavo André
Embora muitas pessoas desconheçam, as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) podem causar diversas complicações para a saúde em geral, especialmente a reprodutiva, e fazem parte da história da humanidade desde a Idade Média.
A nomenclatura IST é recente. Até bem pouco tempo eram conhecidas como DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), no entanto já receberam diferentes denominações desde que foram identificadas pela primeira vez.
A substituição do I pelo D foi proposta pela falta de sintomas comum à maioria, uma vez que doenças geralmente apresentam sintomas, enquanto as infecções podem permanecer assintomáticas por determinado período ou por mais tempo.
Como ocorreu em outras épocas, as ISTs, atualmente, voltaram a se tornar um problema de saúde pública no mundo todo. A disseminação é justificada pelos hábitos atuais das sociedades contemporâneas, principalmente, nesse caso, o aumento da atividade sexual em idades mais jovens com múltiplos parceiros. Entre elas, a clamídia se destaca como a mais prevalente.
Continue a leitura até o final para entender em detalhes os que é clamídia e suas consequências, possíveis sintomas que indicam a necessidade de procurar auxílio médico, diagnóstico e tratamentos. Confira!
O que é clamídia?
As infecções sexualmente transmissíveis podem ser provocadas por bactérias, vírus ou outros agentes infecciosos. A clamídia é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis e pode afetar qualquer pessoa sexualmente ativa, independentemente da idade e opção sexual.
Porém, alguns grupos são apontados como de maior risco, entre eles jovens entre 15 e 25 anos, aqueles que têm mais de uma parceria sexual, novas parcerias e pessoas com histórico de outras ISTs.
A clamídia é transmitida pelo sexo desprotegido (vaginal, oral e anal) com pessoas infectadas, ou da mãe para o filho durante o parto, o que é chamado de transmissão vertical, mas também pode ocorrer apenas pelo contato com os genitais e secreções contaminados ou durante o compartilhamento de objetos sexuais.
Mesmo que o tratamento seja simples, a ausência de sintomas é uma característica presente em boa parte dos casos, o que dificulta o diagnóstico precoce. É exatamente a permanência da infecção que leva a complicações, incluindo infertilidade feminina e masculina.
Uma das formas de identificar a clamídia é observar possíveis sintomas que alertam para a necessidade de procurar um especialista. Eles se apresentam aproximadamente 15 dia após a contaminação e costumam ser mais intensos nas mulheres.
Micção urgente e frequente e dor ou queimação ao urinar são comuns a ambos os sexos, assim como secreções: corrimento amarelado com odor forte nas mulheres e secreção aquosa esbranquiçada nos homens.
As mulheres podem apresentar ainda sangramento entre os períodos menstruais, dor após as relações sexuais, inchaço na vagina e ao redor do ânus. Já os homens podem perceber alterações na região testicular como inchaço, sensibilidade e dor, em um ou nos dois testículos, além de irritação no ânus e sangramento retal.
Para prevenir a contaminação é fundamental o uso de preservativos de barreira em todas as relações sexuais, as camisinhas masculinas e femininas. Por outro lado, apesar de o tratamento ser simples e promover a cura, não repara os danos provocados pela infecção (sequelas).
Como a clamídia pode afetar a saúde reprodutiva e causar infertilidade?
A clamídia é uma das principais causas da doença inflamatória pélvica (DIP), que pode provocar inflamações nos órgãos reprodutores femininos e masculinos.
Nas mulheres, quando afeta os ovários (ooforite), pode causar distúrbios de ovulação por interferir no desenvolvimento dos folículos, que contêm os óvulos imaturos, na qualidade dos óvulos ou provocar aderências que impedem sua liberação durante o ciclo menstrual. Na tubas uterinas (salpingite), as aderências resultam em obstruções totais ou parciais, inibindo o transporte dos gametas e do embrião formado ao útero, dificultando a fecundação e aumentando o risco de gravidez ectópica (exemplo: gravidez tubária).
Se afetar o útero, pode resultar na inflamação do endométrio, tecido que reveste o órgão internamente em que o embrião se implanta para dar início à gestação. Chamada endometrite, tende a causar interferências na receptividade endometrial, critério fundamental para a implantação ser bem-sucedida, resultando em falhas na nidação e abortamento.
Nos homens, a DIP pode atingir os epidídimos (epididimite), ductos em que os espermatozoides são armazenados após serem produzidos. As aderências consequentes do processo inflamatório impedem o transporte para que eles sejam ejaculados, resultando em azoospermia obstrutiva, condição em que não estão presentes no sêmen apesar de a produção ser normal.
A azoospermia também pode ser consequência da inflamação dos testículos, orquite. Nesse caso, por interferir no processo de produção, espermatogênese, o que é chamado de azoospermia não obstrutiva. A qualidade dos gametas também é prejudicada.
Tratamento e reprodução assistida
O tratamento da clamídia é realizado por antibióticos, em ciclos curtos ou mais longos, e deve ser extensivo à parceria sexual. A abordagem cirúrgica pode ser indicada para a remoção de aderências.
Ainda que a clamídia possa impactar a fertilidade de homens e mulheres de diferentes formas, se o tratamento primário não promover a restauração da fertilidade ainda é possível engravidar com auxílio da reprodução assistida.
A técnica utilizada nos casos de infertilidade mais grave é a fertilização in vitro (FIV), que prevê a fecundação em laboratório, precedida da coleta e seleção dos melhores óvulos e espermatozoides, contornando, dessa forma, possíveis problemas de qualidade. Como as tubas uterinas não têm função nesse processo, obstruções não representam nenhum obstáculo.
Além disso, o endométrio pode ser preparado por medicamentos hormonais, minimizando possíveis falhas de implantação, assim como é possível definir o período mais receptivo para transferir os embriões com a aplicação do teste ERA, técnica complementar ao tratamento, que analisa a expressão os genes envolvidos na receptividade endometrial.
Na FIV, os embriões formados na fecundação se desenvolvem durante alguns dias e são transferidos diretamente ao útero materno. Outra técnica complementar, o PGT (teste genético pré-implantacional), permite a análise das células embrionárias, identificando possíveis distúrbios genéticos e proporcionando a seleção dos embriões mais saudáveis para serem transferidos.
Assim, mesmo que a clamídia provoque danos de maior gravidade, a FIV aumenta bastante as chances de engravidar, com percentuais bastante expressivos de sucesso, em média 50% a 60% a cada ciclo de tratamento.
Agora que você já sabe o que é clamídia e os impactos dessa IST na saúde reprodutiva, informe também aos seus amigos compartilhando esse post nas redes sociais. Essa é uma forma de ajudar a evitar a disseminação da infecção!
Período fértil: veja a importância para engravidar
Por Prof. Dr. Gustavo André
A maioria das mulheres já ouviu falar em período fértil, mas nem todas sabem exatamente quando ele acontece nos ciclos menstruais.
Ciclo menstrual ou reprodutivo são alterações fisiológicas que ocorrem desde a puberdade preparando o corpo feminino para uma possível gravidez. É dividido em diferentes fases e o funcionamento adequado de cada uma delas é fundamental para gerar uma nova vida.
Uma dessas fases é a ovulatória, quando o óvulo é liberado pelos ovários para o encontro com o espermatozoide nas tubas uterinas, local em que a fecundação acontece, ou seja, quando os gametas se fundem originando a primeira célula do futuro ser humano.
Esse evento de liberação do óvulo, chamado ovulação, é fortemente associado ao período fértil, assim como o tempo de sobrevida dos espermatozoides. Para entender essa relação e a importância do período fértil para engravidar continue a leitura deste texto até o final, que destaca, ainda, as formas de identificá-lo. Confira!
Entenda como a ovulação acontece nos ciclos menstruais
Na primeira fase do ciclos menstrual, a folicular, vários folículos, que contêm o óvulo imaturo, são recrutados. Durante o crescimento um deles se destaca, desenvolve e amadurece. O recrutamento e crescimento dos folículos é estimulado pelo FSH (hormônio folículo-estimulante), enquanto o LH (hormônio luteinizante) atua em seu amadurecimento.
Aproximadamente na metade do ciclo, esse folículo dominante já amadureceu o suficiente para se romper e liberar o óvulo, também maduro, na ovulação, quando ocorre um pico dos níveis de LH. Essa é a fase chamada ovulatória e após ser liberado o óvulo aguarda por até 24h nas tubas uterinas o encontro com o espermatozoide.
Os espermatozoides viajam até o óvulo pela extremidade das tubas uterinas conectada ao útero. Durante a relação sexual, quando o homem ejacula milhares são liberados. A maioria, entretanto, é naturalmente eliminada pelo organismo, apenas os mais capacitados disputam a corrida até o final e somente um é vencedor.
Quando o ovulo é fecundado, os pronúcleos dos gametas com informações genéticas dos pais se fundem originando o Zigoto, estágio inicial do embrião que sofre sucessivas divisões celulares até se implantar no endométrio, camada interna do útero preparada para recebê-lo desde a primeira fase.
Depois de se implantar o embrião continua seu desenvolvimento no útero, passando a ser chamado de feto a partir da nona semana da gestação até o nascimento.
O que é período fértil?
O termo período fértil se refere ao intervalo mais favorável para obter uma gravidez. É marcado pela ovulação, porém também considera o tempo que os espermatozoides podem sobreviver no organismo feminino, cerca de 72h.
Assim, nos ciclos menstruais regulares, aqueles que geralmente têm a duração de 28 dias com pequenas variações, o período fértil pode ser calculado com bastante precisão. É importante apenas anotar o dia da menstruação.
Como a ovulação normalmente ocorre no 14º dia, metade do ciclo, quando a mulher menstrua no dia 5, vai ovular no dia 19 daquele mês. Se o óvulo sobrevive por 24h e os espermatozoides por 72h, o período fértil está localizado, então, entre os dias 16 e 20, aproximadamente.
A ovulação tende a ocorrer cerca de 14 dias antes da próxima menstruação. Dessa forma, a fórmula para se calcular o dia da provável ovulação deve ser baseada na média da duração total do ciclo (período entre o 1º dia da menstruação e o último dia antes da próxima menstruação – ideal pegar os 3 últimos ciclos) – 14 dias. Exemplo: se os últimos 3 ciclos tiverem durado 34, 29 e 31 dias, a média será 31.
Nesse caso, o principal dia fértil deverá ser 31 – 14 = 17° dia do ciclo. Como o ideal é pensarmos em período fértil, nesse exemplo devemos considerar que o período mais fértil para esse casal priorizar as relações será entre o 14° e o 18° dia do ciclo – esta será a janela de oportunidade para o casal engravidar.
Saber calcular o período fértil é um recurso importante para as mulheres que estão tentando engravidar. Chamado ainda de janela da fertilidade, quando a relação sexual é intensificada durante esse período as chances de obter uma gravidez são naturalmente mais altas.
Além desse cálculo, existem ainda outras formas de saber quando a ovulação se aproxima. O corpo, por exemplo, sinaliza de diversas formas, as mamas ficam mais sensíveis ao toque e, muitas vezes, aumentam de volume.
O muco cervical, fluido secretado pelas glândulas do colo do útero para proteger o órgão da possível ascensão de bactérias presentes na vagina, aumenta em volume e se torna mais elástico e transparente, com uma aparência semelhante à da clara de ovo, para facilitar a entrada e transporte dos espermatozoides.
O pico hormonal comum ao período provoca ainda outras mudanças, como inchaço abdominal ou variações de humor, incluindo emoções mais intensas, e a sensação de cansaço.
Existem ainda testes de ovulação facilmente encontrados em farmácias. Se baseiam na medida dos níveis do hormônio luteinizante (LH), mais altos no momento em que o folículo já está maduro, próximo ao rompimento.
A identificação do período fértil, portanto, pode contribuir bastante para aumentar as chances de engravidar, assim como ajudar àquelas que estão tentando evitar a gravidez. Porém, nesse caso, é sempre mais seguro recorrer aos métodos contraceptivos, como preservativos de barreira, as camisinhas femininas e masculinas, dispositivos intrauterinos (DIUs), pílulas ou adesivos.
Por outro lado, irregularidades no ciclo, quando ocorre fora do intervalo normal por mais do que três meses consecutivos, podem ser um sinal de infertilidade feminina e indicam a necessidade de procurar um especialista com urgência.
Ajude aos seus amigos a entenderem mais sobre o período fértil e sua importância para engravidar compartilhando esse texto nas redes sociais!