Atualmente, muitas pessoas no mundo todo sofrem com infertilidade. Os números são tão altos, que se tornou questão de saúde pública mundial, o que é justificado pelos hábitos das sociedades contemporâneas, incluindo a tendência de adiar a maternidade.
Classificada como doença, a infertilidade é definida quando o casal não consegue engravidar após um ano de relações sexuais desprotegidas. Mulheres acima de 35 anos devem considerar um tempo menor para procurar assistência médica especializada, de seis meses, uma vez que a partir desse idade a quantidade e qualidade dos óvulos é mais baixa.
Embora o problema seja investigado desde a Idade Antiga, foi apenas na década de 1970 que surgiu a primeira solução para o tratamento de infertilidade feminina por fatores tubários, uma das causas mais comuns, com o desenvolvimento da fertilização in vitro (FIV). Vinte anos depois, no início dos anos 1990 a ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) foi incorporada ao tratamento.
Neste texto, explicamos em detalhes o que é ICSI e como é feita na FIV, continue a leitura até o final para saber mais. Confira!
Fertilização in vitro (FIV) é a única técnica de reprodução assistida que reproduz em ambiente laboratorial, de forma controlada, etapas importantes da gravidez, como a fecundação e o cultivo embrionário.
A possibilidade de gerar uma nova vida em laboratório representou um marco na medicina; para se ter uma ideia da importância dessa técnica, desde o nascimento do primeiro bebê, milhares de crianças no mundo todo foram concebidas com a sua utilização. A ICSI foi um reforço essencial nesse contexto e hoje é o método geralmente de escolha para realizar a fecundação.
Os problemas mais graves de infertilidade masculina, por exemplo, foram solucionados apenas com a incorporação da ICSI à FIV. A técnica foi, inclusive, desenvolvida com esse objeto, e embora essa ainda seja a principal indicação, tornou-se o método mais adotado pelas clínicas de reprodução assistida por aumentar as chances de a fecundação ser bem-sucedida.
O tratamento com a FIV prevê da coleta e seleção dos melhores óvulos e espermatozoides à transferência dos embriões diretamente ao útero materno após alguns dias de desenvolvimento. Para isso, é realizado em cinco etapas principais: estimulação ovariana e indução da ovulação, preparo seminal, fecundação, cultivo e transferência embrionária.
Estimulação ovariana é o procedimento em que a mulher recebe medicamentos hormonais sintéticos, semelhantes aos naturais para estimular o desenvolvimento de mais folículos ovarianos.
No ciclo menstrual natural, vários folículos, bolsas que contêm os óvulos imaturos são recrutados, mas apenas um deles se desenvolve, amadurece e rompe liberando o óvulo para ser fecundado pelo espermatozoide.
O desenvolvimento dos folículos é acompanhado periodicamente por exames de ultrassonografia transvaginal. Quando eles atingem o tamanho ideal novos medicamentos os induzem ao rompimento e ovulação, que ocorre em aproximadamente 36 horas. Durante esse período, os folículos maduros são coletados por punção folicular e os óvulos posteriormente extraídos e selecionados em laboratório.
Simultaneamente à estimulação ovariana amostras de sêmen do parceiro passam pelo preparo seminal, técnica que capacita os espermatozoides por diferentes métodos, selecionando os melhores. Após a escolha dos gametas, a fecundação é, então, realizada em ambiente laboratorial.
Anteriormente, era feita somente pelo modo clássico, em que os espermatozoides são colocados junto aos óvulos em uma placa de cultura para fertilizá-los como no processo natural: esses espermatozoides precisam romper a zona pelúcida do óvulo e penetrá-lo, quando ocorre a fusão dos pronúcleos com as informações genéticas dos pais, gerando a primeira célula do futuro ser humano.
O sucesso desse método, entretanto, depende de diferentes variáveis, incluindo uma quantidade maior de óvulos e espermatozoides, além da qualidade desses gametas. O processo realizado com ICSI, por outro lado, é muito mais avançado.
Na ICSI, cada espermatozoide é novamente avaliado, individualmente, por um microscópio de alta magnificação e injetado diretamente no citoplasma do óvulo com auxílio de um micromanipulador de gametas. Assim, mesmo quando há apenas uma pequena quantidade de espermatozoides é possível obter sucesso.
A ICSI possibilitou a solução de problemas de infertilidade masculina como a baixa concentração de espermatozoides no sêmen (oligozoospermia), ou mesmo a ausência dos gametas no ejaculado, condição denominada azoospermia, uma das principais causas da infertilidade masculina.
Eles podem ser recuperados diretamente dos testículos, órgão em que são produzidos nos túbulos seminíferos, ou dos epidídimos, ductos em que são armazenados após a produção.
Para recuperá-los dos epidídimos podem ser utilizadas as técnicas PESA, percutaneous epididymal sperm aspiration, aspiração percutânea de espermatozoides do epidídimo, e MESA, microsurgical epididymal sperm aspiration, aspiração microcirúrgica de espermatozoides do epidídimo.
Já a recuperação dos testículos é feita por TESE, testicular sperm extraction, extração de espermatozoides dos testículos, ou Micro-TESE, microsurgical testicular sperm extraction, extração microcirúrgica de espermatozoides dos testículos.
Os embriões formados na fecundação também são cultivados por alguns dias em ambiente laboratorial, processo acompanhado diariamente por um embriologista, e transferidos diretamente ao útero materno. Ainda é possível realizar técnicas complementares à ICSI, como a análise genética de cada embrião (PGTa) e o congelamento de embriões para transferência apenas no futuro, mantendo as propriedades biológicos intactas.
Com a incorporação da ICSI, portanto, mesmo quando há problemas de infertilidade masculina de maior gravidade, é possível ter filhos biológicos.
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