O mioma uterino, ou leiomioma, é uma das doenças mais comuns em mulheres em idade reprodutiva. Raros antes da puberdade, aumentam sua prevalência nos anos reprodutivos e normalmente diminuem de tamanho após a menopausa.
Apesar de geralmente não ser grave, ou seja, não oferecer riscos sérios à saúde geral, ele pode ser assintomático, descoberto incidentalmente em exames de rotina, ou causar uma série de sintomas severos e crônicos, comprometendo a qualidade de vida das portadoras, a fertilidade ou provocando a interrupção da gravidez.
Por essas características, receber o diagnóstico de mioma geralmente causa apreensão, além do medo de não conseguir engravidar quando descoberto durante o período de maior fertilidade, entre a puberdade e a menopausa.
No entanto, em boa parte dos casos as mulheres são assintomáticas e não apresentam nenhuma alteração na capacidade reprodutiva, sendo o manejo inclusive expectante: devem ser observadas periodicamente por exames clínicos e de imagem.
Por outro lado, quando apesentam sintomas eles podem ser controlados com o tratamento adequado, com chances expressivas de gravidez se houver o desejo, da mesma forma que são um importante alerta para a presença da doença.
Para saber como reconhecer os sintomas de mioma continue a leitura deste texto até o final, que aborda, ainda, outros aspectos importantes dessa doença. Confira!
Mioma é um tumor benigno que se desenvolve a partir das células musculares lisas do miométrio, camada intermediária do útero, cujo crescimento é dependente de estrogênio e, em menor proporção, de progesterona, hormônios que atuam durante o ciclo menstrual promovendo o espessamento do endométrio, camada de revestimento interno uterino em que o embrião se implanta para dar início à gestação.
Ocorre quando uma única célula se multiplica e cresce para formar um tumor não canceroso. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento são o aumento da idade e a ascendência africana; as mulheres de pele negra apresentam maior prevalência e sintomas mais graves.
Porém, outros também são associados, como a produção de estrogênio e progesterona, a genética, estudos observaram uma incidência mais alta em mulheres que têm parentes de primeiro grau com a doença, menarca precoce, quando a primeira menstruação acontece antes dos antes dos 12 anos e nuliparidade, nunca ter tido filhos.
Os dois últimos são justificados pelo maior tempo de exposição à ação do estrogênio, assim como o aumento da idade. Quanto mais se menstrua, maior o risco de desenvolver a doença.
Alguns hábitos de vida podem ainda contribuir, entre eles uma alimentação rica em carne vermelha e o consumo excessivo de álcool.
Ainda que os miomas se originem no miométrio, podem se projetar para as outras camadas uterinas. Por isso, são classificados em três tipos principais de acordo com o local de crescimento, ao mesmo tempo que podem ser únicos ou múltiplos.
Os que estão localizados apenas no miométrio são chamados de intramurais. Quando se projetam para o interior da cavidade uterina, próximos ao endométrio, de submucosos e, para a camada externa, o perimétrio, de subserosos.
O local de crescimento também interfere nos possíveis sintomas manifestados pela presença do mioma, incluindo, nesse caso, interferências na fertilidade e efeitos adversos na gravidez.
O sintoma mais comum é sangramento menstrual intenso, que pode levar a anemia, fadiga e períodos dolorosos. Outros incluem inchaço abdominal, pressão pélvica com disfunção da bexiga ou do intestino, resultando em micção frequente ou retenção urinária, dor ao evacuar ou constipação, além de poder provocar dor durante a relação sexual se o mioma estiver próximo à vagina.
Veja abaixo os sintomas provocados por cada tipo de mioma e saiba como eles podem interferir na fertilidade feminina:
Esse tipo de mioma pode causar sangramento e cólicas severas entre os períodos menstruais e aumento excessivo do fluxo menstrual com períodos muitas vezes prolongados, o que pode resultar em anemia.
Por estarem localizados próximos ao endométrio, tendem a interferir na receptividade endometrial, critério fundamental para a implantação do embrião ser bem-sucedida, levando a falhas de nidação e abortamento.
Além disso, quando o embrião se implanta, há riscos de efeitos obstétricos adversos, como placentação anormal, parto prematuro, baixo peso ao nascer e hemorragia pós-parto.
O mioma intramural geralmente é assintomático. Pode igualmente provocar aumento do fluxo menstrual e cólicas severas, a depender da proximidade do endométrio. Pode ser pequeno ou crescer e se projetar para as outras camadas uterinas. Em tamanhos maiores, provoca distorções na anatomia do órgão, dificultando ou impedindo a sustentação da gravidez, levando à perda. Também está associado a efeitos obstétricos adversos nesses casos.
Localizado na camada externa, o perimétrio, esse tipo é o que tem mais espaço para crescer, atingindo grandes dimensões e provocando sintomas como inchaço abdominal, pressão pélvica e dor nas costas, comprimindo órgãos próximos como a bexiga e o intestino, provocando micção frequente e urgente, retenção urinária e dor ao urinar, constipação e dor ao evacuar.
Reconhecer os sintomas contribui para o diagnóstico e tratamento precoces da doença. Assim, se houver a presença de qualquer um deles, isoladamente ou em associação, é importante procurar um especialista para investigar a causa, uma vez que muitos são comuns a outras doenças estrogênio-dependentes, como a endometriose e os pólipos endometriais.
Após a confirmação do diagnóstico é definido o tratamento mais adequado para cada paciente, sempre individualizado. Pode ser feito por medicamentos, cirurgia ou por reprodução assistida e considera a severidade dos sintomas e o desejo da mulher de engravidar no momento.
Mulheres assintomáticas devem ser apenas observadas periodicamente. Se os sintomas forem mais leves e não houver o desejo de engravidar, geralmente são indicados medicamentos hormonais para suspenção da menstruação, minimizando a exposição ao estrogênio, promovendo a diminuição do tamanho e o alívio dos sintomas.
Já a abordagem cirúrgica é indica se forem mais severos e o mioma interferir na fertilidade. Prevê a remoção por um procedimento chamado de miomectomia, realizado por técnicas minimamente invasivas como a videohisteroscopia e a videolaparoscopia, além da correção de possíveis distorções anatômicas.
A remoção de miomas submucosos e intramurais aumenta bastante as chances de engravidar. Porém, quando isso não acontece e a mulher permanece infértil, é indicada a reprodução assistida.
Mulheres com infertilidade por mioma ainda têm chances de engravidar com o tratamento por fertilização in vitro (FIV), principal técnica de reprodução assistida.
Na FIV, a fecundação é realizada em laboratório e os embriões formados posteriormente transferidos diretamente ao útero materno após alguns dias de desenvolvimento. Antes da transferência o endométrio pode ser devidamente preparo por medicamentos hormonais semelhantes aos naturais, minimizando, dessa forma, a possibilidade de falhas na implantação e abortamento.
Os percentuais de sucesso gestacional proporcionados pela FIV são os mais altos da reprodução assistida.
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