A organização mundial de saúde (OMS) estima que 1 a cada 10 casais sofre com infertilidade no mundo todo. Os números atualmente são tão altos, que a doença passou a ser considerada questão de saúde pública mundial.
Apesar de os percentuais demonstrarem que a infertilidade é mais comum do que se imagina, ainda continua a carregar estigmas como falha ou fraqueza, despertando sentimentos como culpa e levando ao desenvolvimento de transtornos emocionais; depressão e ansiedade estão entre os mais comuns, embora a fobia social também figure nos primeiros lugares.
Historicamente, era atribuída às mulheres, que recebiam rótulos dolorosos, aumentando ainda mais o sofrimento provocado pela incapacidade de ter filhos. Porém, sabe-se hoje que os fatores masculinos contribuem em igual proporção.
Por outro lado, desde a Idade Antiga alguns povos, como os egípcios e os gregos, já entendiam que a dificuldade em conceber era um problema médico que precisava ser diagnosticado e tratado.
Ao longo dos anos, com o progresso científico foram delineados os tratamentos iniciais, mas foi apenas no século vinte, com o desenvolvimento tecnológico e avanços nas técnicas diagnósticas, que surgiu uma resposta mais definitiva para solucionar o problema. Na década de 1970, nasceu o primeiro bebê concebido pela fertilização em laboratório, tornando-se um importante marco na medicina moderna.
A técnica que proporcionou esse nascimento é conhecida como fertilização in vitro (FIV), e foi inicialmente desenvolvida para solucionar a infertilidade feminina por obstruções tubárias, uma das causas mais comuns.
A FIV é uma das técnicas de reprodução assistida, especialidade médica que tem como objetivo auxiliar a reprodução humana. Outras duas compõem o conjunto, relação sexual programada (RSP) e inseminação artificial (IA).
Juntas, proporcionam hoje o tratamento de praticamente todos os fatores de infertilidade femininos e masculinos, com sucesso gestacional na grande maioria dos casos, dissipando a percepção negativa sobre o problema.
Este texto aborda detalhadamente a infertilidade, destaca as possíveis causas e os tratamentos disponíveis. Continue a leitura para saber mais!
Infertilidade é a incapacidade de conceber após um ano de relações sexuais sem o uso de qualquer quer método contraceptivo e sem obter sucesso.
A definição da infertilidade como doença é feita pela OMS, por meio da classificação internacional de doenças (CID), e considera o fato de a fertilidade ser uma qualidade natural, uma potencialidade do organismo que permite a reprodução da espécie humana.
Diferentes condições podem causar alterações na capacidade reprodutiva de homens e mulheres ao interferirem no funcionamento adequado dos órgãos reprodutores. Nas mulheres, por exemplo, podem resultar em distúrbios de ovulação, obstruções das tubas uterinas, e anormalidades uterinas.
Nos homens são mais comuns obstruções que impedem ou dificultam o transporte dos espermatozoides, interferências no processo de produção e qualidade dos gametas masculinos, assim como outras anomalias seminais.
Durante a fase fértil, várias doenças comuns levam a esses problemas. Abaixo, elencamos as principais causas da infertilidade feminina e masculina:
Além disso, a DIP pode causar a inflamação dos ovários, ooforite, que interfere no processo de desenvolvimento folicular e na qualidade e quantidade dos óvulos, assim como as aderências podem impedir ovulação.
Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a clamídia e a gonorreia, podem igualmente provocar a DIP nos homens, cujas consequências são processos inflamatórios como a epididimite, dos epidídimos, orquite, dos testículos e prostatite, da próstata.
A orquite pode interferir na produção dos espermatozoides, espermatogênese, que acontece nos túbulos seminíferos, localizados nos testículos, e na qualidade dos gametas masculinos. Enquanto na epididimite, a formação de aderências impede ou dificulta o transporte dos espermatozoides para serem ejaculados. Os epidídimos são os ductos em que os espermatozoides adquirem motilidade; ficam armazenados após serem produzidos até amadurecerem.
A principal consequência da orquite e epididimite é a ausência de espermatozoides no sêmen, condição chamada azoospermia, que pode ser ainda provocada por uma doença masculina bastante comum, a varicocele, caracterizada pela dilatação das veias do cordão espermático, que drenam o sangue dos testículos.
Já a prostatite pode alterar a composição do líquido prostático, que compõe o sêmen e ajuda na proteção e nutrição dos espermatozoides, levando a alterações na qualidade.
Hábitos de vida, como alimentação inadequada, uso excessivo de álcool ou drogas recreativas, tabagismo, sedentarismo e prática intensa de exercícios físico são considerados fatores de risco para a infertilidade feminina e masculina.
O tratamento da infertilidade é sempre individualizado, indicado a partir dos resultados apontados por diferentes exames diagnósticos. Inicialmente, tem como objetivo os cuidados com a causa que levou à dificuldade reprodutiva, o que pode ser feito por medicamentos ou cirurgia.
Muitas vezes, apenas as abordagens primárias possibilitam a restauração da fertilidade e a obtenção da gravidez. Quando isso não acontece, as técnicas de reprodução assistida ajudam a aumentar as chances.
Os tratamentos medicamente assistidos podem ser ainda utilizadas como primeira opção, de acordo com cada caso. As técnicas de baixa complexidade, relação sexual programada (RSP) e inseminação artificial (IA), são indicadas para infertilidade mais leve, pois a fecundação acontece naturalmente nas tubas uterinas. Enquanto a fertilização in vitro (FIV), mais complexa, que prevê a fecundação em laboratório, proporciona o tratamento de infertilidade mais grave.
Todas, quando bem indicadas, possibilitam a gravidez. Assim, apesar de todos os estigmas, a infertilidade, hoje, tem tratamento na maioria dos casos.
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