Os órgãos do sistema reprodutor feminino são o útero, as tubas uterinas, os ovários e a vagina. Cada um desempenha um papel fundamental na gravidez, por isso, para haver sucesso eles devem cumprir adequadamente sua função.
No útero, por exemplo, o embrião se implanta e desenvolve até o nascimento do futuro bebê, enquanto as tubas uterinas, que fazem a ligação entre o útero e os ovários, respondem pelo transporte de óvulos e espermatozoides, células sexuais de homens e mulheres com as informações genéticas, e, do embrião formado. Também são responsáveis por sediar a fecundação, evento em que os gametas se fundem para originar uma nova vida.
Os ovários, por outro lado, são as gônadas sexuais, glândulas que atuam na produção dos hormônios femininos estrogênio e progesterona, bem como abrigam os folículos, estruturas que contêm o óvulo imaturo.
As mulheres já nascem com uma reserva ovariana, quantidade de folículos para serem utilizados durante a fase fértil, localizada entre a puberdade, quando os ciclos menstruais têm início, e a menopausa, quando se encerram. A cada ciclo menstrual vários folículos crescem, porém apenas um deles se desenvolve e amadurece liberando o óvulo para o encontro com o espermatozoide.
A SOP, síndrome dos ovários policísticos, é uma doença feminina bastante comum e pode interferir no funcionamento adequado dos ovários e, dessa forma, na capacidade reprodutiva das mulheres.
Continue a leitura até o final e saiba tudo sobre a SOP, das possíveis causas e sintomas, ao diagnóstico e tratamento. Confira!
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino que afeta 1 entre 10 mulheres durante a fase fértil e altera os níveis dos hormônios sexuais femininos, provocando problemas de ovulação, como dificuldades no desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos ou liberação do óvulo, além de alterações na imagem corporal.
Uma das consequências do desequilíbrio hormonal é o hiperandrogenismo, aumento da testosterona, principal hormônio dos homens produzido geralmente em pequenas quantidades pelos ovários. Isso provoca o surgimento de traços masculinos, condição denominada hirsutismo, como o crescimento de pelos em locais pouco comuns, face, braços, abdome e mamas, por exemplo, queda de cabelos temporária (alopecia) e engrossamento da voz.
A etiologia da SOP ainda permanece desconhecida, porém, sabe-se que há uma predisposição genética, uma vez que é alta a incidência em mulheres com parentes de primeiro grau com a doença. Essas pacientes apresentam um defeito nas células do folículo em desenvolvimento, provocando o aumento na concentração de testosterona.
Durante o ciclo menstrual, o hormônio folículo-estimulante (FSH) atua no recrutamento e crescimento de vários folículos. Um deles se desenvolve e amadure estimulado pelo hormônio luteinizante (LH), os outros são naturalmente eliminados. Esse folículo, conhecido como dominante, secreta estrogênio enquanto se desenvolve, hormônio que promove o espessamento do endométrio preparando-o para receber um possível embrião.
Os folículos ovarianos possuem dois tipos celulares, as células da teca, mais externas, que interagem com o LH, e as da granulosa, internas, cuja interação e com o FSH. O LH se liga nos receptores das células da teca estimulando-as a produzirem testosterona, enquanto o FSH estimula as da granulosa a converterem esse hormônio em estrogênio.
Na SOP, os folículos recrutados que não desenvolveram em vez de serem eliminados podem acumular formando múltiplos cistos, por isso a doença recebe o nome de ovários policísticos.
Outra possível causa associada à SOP é a resistência à insulina, condição comum em mulheres com sobrepeso ou obesidade, principalmente se sedentárias. O hormônio é responsável pelo metabolismo da glicose para gerar energia e ajuda a regular o recrutamento, desenvolvimento e maturação folicular.
Mulheres com resistência à insulina têm um aumento de glicose no sangue, o que naturalmente provoca a elevação dos níveis desse hormônio e, dessa forma, problemas na ovulação.
O desequilíbrio hormonal característico dessa doença pode resultar, portanto, em diferentes sintomas que comprometem a qualidade de vida das mulheres portadoras, incluindo infertilidade, levando muitas vezes ao desenvolvimento de transtornos emocionais, como depressão e ansiedade.
Enquanto o aumento de testosterona resulta em alterações na imagem corporal, os distúrbios de ovulação têm como característica irregularidades menstruais. No entanto, os sintomas podem se apresentar em diferentes graus de intensidade ou progressão. Veja abaixo os principais:
Apesar de a SOP ser associada à infertilidade feminina, com o tratamento adequado é possível engravidar na maioria dos casos. Observar os sintomas característicos da doença contribui para diagnosticá-la precocemente, aumentando as chances de sucesso. O diagnóstico precoce pode, inclusive, evitar a manifestação de forma mais severa.
Por ser uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas comuns a várias condições, independentemente da etiologia que as diferencia, não é possível avaliar elementos isoladamente, assim, o diagnóstico é realizado a partir da exclusão de outras doenças femininas que podem manifestar sintomas semelhantes, além de considerar outros critérios.
Quando há suspeita de SOP são realizados, então, exames laboratoriais e de imagem. Os laboratoriais têm como objetivo analisar os níveis de testosterona e de hormônios envolvidos no processo reprodutivo, como FSH, LH e estrogênio. Dosar exames tireoidianos, prolactina e alguns outros androgênios, além da testosterona, pode ser necessário em alguns casos para realizar o diagnóstico diferencial com patologias que podem apresentar quadros clínicos semelhantes.
Já os de imagem possibilitam a análise do útero e de sua parte interna, o endométrio, além da detecção dos cistos e a determinação do volume ovariano. Em geral a ultrassonografia transvaginal é o exame de escolha, sendo a ressonância magnética e a vídeo-histeroscopia reservados para casos especiais.
Após a exclusão, para confirmar a SOP devem ser considerados alguns critérios definidos no Consenso de Rotterdam, evento que reuniu pesquisadores do mundo todo para discutir a doença e sua interferência na saúde feminina. Entre eles estão:
Os resultados diagnósticos orientam o tratamento mais adequado para cada paciente, sempre individualizado.
Mulheres com SOP que desejam engravidar podem recorrer à reprodução assistida para aumentar as chances. A primeira etapa de todas as técnicas é a estimulação ovariana, procedimento em que são utilizados medicamentos hormonais sintéticos semelhantes aos naturais para estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos ovarianos.
Os casos mais leves, por exemplo, em que a ovulação é apenas irregular (oligovulação), são inicialmente tratados pela relação sexual programada (RSP), técnica cujo objetivo é estimular o desenvolvimento de 1 a 3 folículos e programar o melhor momento para intensificar a relação sexual. A fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas. Assim, são utilizadas dosagens hormonais mais baixas.
O tratamento com a RSP, entretanto, é indicado idealmente para mulheres com até 35 anos que ainda possuem uma boa reserva ovariana. As tubas uterinas também devem estar permeáveis.
Mulheres com anovulação crônica, por outro lado, recebem indicação de FIV, fertilização in vitro, que prevê a fecundação em laboratório. Na FIV são utilizadas dosagens hormonais mais altas para obter aproximadamente 10 óvulos maduros. Os embriões formados são transferidos diretamente ao útero materno após alguns dias de desenvolvimento.
A FIV possibilita o tratamento em qualquer idade, mesmo quando existem outros problemas de infertilidade associados, como obstruções tubárias, uma vez que as tubas uterinas não têm nenhuma função.
Nos casos em que a mulher não tem o desejo de engravidar, são prescritos anticoncepcionais orais e hormônios esteroides de ação antiandrogênica para aliviar os sintomas, bem como um agente sensibilizador quando há resistência à insulina.
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