O sucesso gestacional depende do funcionamento correto dos órgãos reprodutores femininos e masculinos. Entre eles, as gônadas se destacam por serem responsáveis pela produção das células sexuais, que se fundem para gerar um futuro ser humano durante o evento conhecido como fecundação.
As gônadas masculinas são os testículos, respondem pela produção dos espermatozoides, células sexuais ou gametas dos homens, e de testosterona, principal hormônio.
Os ovários, gônadas femininas, são responsáveis pela produção dos hormônios estrogênio e progesterona e por abrigar os folículos, estruturas em que o óvulo, célula sexual ou gameta das mulheres, amadurece e é liberado para o encontro com o espermatozoide.
Enquanto os homens produzem espermatozoides durante toda a vida desde a puberdade, as mulheres já nascem com uma quantidade de folículos determinada, que passam a se desenvolver durante os ciclos menstruais. Assim, à medida que esse estoque se esgota, a fertilidade feminina diminui, até que não seja mais possível ter filhos.
Embora a idade seja o principal fator de infertilidade feminina, durante a fase fértil, outras condições podem interferir no funcionamento adequado dos ovários, a SOP (síndrome dos ovários policísticos), é uma das mais comuns e pode resultar em infertilidade feminina.
Este texto aborda os métodos utilizados para diagnosticar a doença. Confira!
A fase fértil feminina inicia na puberdade, com a primeira menstruação, que inaugura os ciclos menstruais.
Ciclo menstrual ou reprodutivo é o termo científico utilizado para descrever as alterações fisiológicas que ocorrem no corpo feminino, preparando-o para uma possível gravidez. Coordenado por diferentes hormônios, é um processo contínuo, começa no primeiro dia da menstruação e se encerra no dia anterior à próxima.
Durante cada ciclo menstrual, vários folículos são recrutados e crescem, um deles se desenvolve o suficiente (folículo dominante) e amadurece, rompendo e liberando o óvulo para o encontro com o espermatozoide ou fecundação, quando os gametas se fundem para formar a primeira célula do embrião, chamada Zigoto.
A síndrome dos ovários policísticos (SOP), é um distúrbio endócrino que provoca alteração nos níveis hormonais, que pode causar a formação de múltiplos cistos nos ovários e problemas como alterações na imagem corporal ou infertilidade.
Nos ciclos menstruais, o hormônio folículo-estimulante (FSH) atua no recrutamento e crescimento dos folículos ovarianos, enquanto o hormônio luteinizante (LH) induz o folículo dominante ao amadurecimento final e rompimento para liberação do óvulo, ovulação.
Embora a testosterona seja o principal hormônio masculino, é produzida em pequenas quantidades pelos ovários, o que também é estimulado pela ação do LH. O FSH, por sua vez, a converte em estrogênio, hormônio que atua no preparo do endométrio, camada de revestimento interno do útero na qual o embrião se implanta para dar início à gestação.
Uma das consequências do desequilíbrio hormonal característico da SOP é o aumento de testosterona, condição denominada hiperandrogenismo, que causa hirsutismo, desenvolvimento na mulher de uma pilosidade excessiva e de aspecto masculino em locais normalmente desprovidos de pelos, além de alterações na pele, como acne, queda de cabelos acentuada e engrossamento da voz.
O desequilíbrio hormonal interfere, ainda, no processo de desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, resultando particularmente em infertilidade por anovulação crônica, ou seja, o óvulo não é maturado e liberado durante a ovulação e, dessa forma, a fecundação não acontece.
Como os sinais e sintomas da SOP podem ser semelhantes a outras condições femininas, por exemplo, hipotireoidismo, hiperprolactinemia e hiperplasia adrenal, o diagnóstico é de exclusão, nesse caso, feito pela somatória dos fenômenos clínicos e achados em exames de imagem.
A ultrassonografia transvaginal é o principal exame que possibilita a detecção dos microcistos – que correspondem a pequenos folículos imaturos –, que podem ser facilmente detectados na periferia dos dois ovários, em grande quantidade. Além disso, outra característica observada é que geralmente o volume dos ovários está aumentado. Outros exames de imagem como a ressonância magnética raramente são necessários.
Testes hormonais para avaliar os níveis de testosterona, hormônios tireoidianos, prolactina e dos hormônios FSH e LH também devem ser solicitados.
A SOP é confirmada a partir da observação de pelo dois dos critérios definidos no Consenso de Rotterdam, evento que reuniu pesquisadores do mundo todo para discutir a doença, que incluem os sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo, morfologia policística dos ovários, com a presença de 12 ou mais cistos medindo de 2 mm a 9 mm de diâmetro e/ ou volume ovariano acima de 10 cm³, oligovulação (ovulação irregular) ou anovulação (ausência de ovulação).
O tratamento mais adequado a cada paciente é definido a partir dos resultados diagnósticos.
O tratamento da SOP também considera alguns critérios, como a gravidade dos sintomas, incluindo infertilidade, e, nesse caso, se há ou não o desejo de engravidar no momento.
É fundamental observar as condições clínicas da paciente. A maioria das pacientes com SOP tem sobrepeso ou obesidade, aumento de colesterol, resistência à insulina e algumas inclusive hipertensão arterial. Incentivar a melhora de hábitos de saúde com dieta adequada e atividade física, além de tratar as patologias associadas, é fundamental para todas as pacientes com SOP.
Para mulheres que não desejam engravidar geralmente são prescritos medicamentos para aliviar os sintomas, incluindo anticoncepcionais orais e hormônios esteroides de ação antiandrogênica. Já quando há o desejo a indicação passa a ser o tratamento por técnicas de reprodução assistida.
Nos casos em que infertilidade é resultado da oligovulação ou ovulação irregular, a relação sexual programada (RSP) normalmente é a técnica inicialmente escolhida. Por ser mais simples, entretanto, e prever a fecundação de forma natural, nas tubas uterinas, elas devem estar permeáveis, sem nenhuma obstrução.
Os níveis da reserva ovariana também devem ser mais altos e os espermatozoides do parceiro dentro dos padrões de normalidade, pois o objetivo do tratamento é estimular os ovários com medicamentos hormonais semelhantes aos naturais (estimulação ovariana), para obter de 1 a 3 óvulos maduros e programar o melhor momento para intensificar a relação sexual.
Se o quadro for de anovulação resistente aos tratamentos com medicações mais simples ou em baixa dose, por outro lado, é indicado o tratamento com a fertilização in vitro (FIV), técnica em que fecundação é realizada em laboratório e os embriões formados são posteriormente transferidos ao útero materno.
A mulher também é submetida à estimulação ovariana, porém as dosagens hormonais utilizadas são mais altas para obter uma quantidade maior de óvulos que vão ser utilizados na fecundação.
As duas técnicas podem proporcionar a gravidez de mulheres com SOP quando bem indicadas. Além disso, se o tratamento com a RSP não for bem-sucedido, ainda é possível engravidar com auxílio da FIV.
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