Diferentes doenças podem afetar os órgãos reprodutores femininos durante a idade reprodutiva. A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das mais frequentemente registradas nessa fase e uma causa comum de infertilidade feminina.
Isso porque, a SOP é um distúrbio endócrino, ou seja, tem como característica alterações nos níveis hormonais; a testosterona, principal hormônio masculino produzido em pequenas quantidades pelos ovários, está presente em concentrações mais altas na doença, condição denominada hiperandrogenismo, que interfere na saúde feminina de diferentes formas.
Além do risco de infertilidade, causa sintomas que comprometem a imagem corporal e a qualidade de vida, levando muitas vezes ao afastamento social e ao desenvolvimento de transtornos emocionais, como ansiedade de depressão.
No entanto, apesar de seus efeitos negativos, a SOP tem tratamento, possibilitando inclusive a gravidez se houver o desejo, bem como o alívio dos outros sintomas característicos da doença. O diagnóstico precoce contribui para o sucesso, minimizando as chances de possíveis danos à saúde reprodutiva.
Continue a leitura até o final, veja detalhes do tratamento e como essa doença comprometer a capacidade reprodutiva das mulheres. Confira
Um recurso importante para garantir o diagnóstico precoce da SOP é a observação dos sintomas que a doença pode apresentar.
Os ciclos menstruais, processo em que o corpo feminino é preparado para uma possível gravidez, são coordenados por diferentes hormônios, cuja atuação é fundamental para que cada etapa ocorra adequadamente; interferências em uma naturalmente comprometem as outras.
Na fase inicial dos ciclos menstruais, por exemplo, as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), liberadas pela hipófise, atuam no crescimento, desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, que contém o óvulo imaturo.
Enquanto o FSH estimula o crescimento de vários folículos, o LH induz o folículo dominante, que se destaca entre eles, ao amadurecimento e suas células a produzirem testosterona, convertida em estrogênio pelo FSH.
O estrogênio, promove o espessamento do endométrio, camada interna uterina na qual o embrião se implanta para dar início à gestação, que deve ser adequadamente preparada para recebê-lo se houver fecundação.
A elevação dos níveis de estrogênio, por sua vez, estimula o pico de LH na metade do ciclo menstrual, permitindo que ele induza o folículo dominante ao amadurecimento final e rompimento para liberação do seu óvulo na ovulação.
O desequilíbrio dos níveis de testosterona, portanto, compromete a produção de estrogênio e, assim, o amadurecimento final do folículo e a liberação do óvulo, tornando a ovulação irregular (oligovulação) ou ausente (anovulação).
Esses distúrbios ovulatórios são sinalizados por irregularidades menstruais; a menstruação pode ocorrer com frequência e volumes anormais, em intervalos superiores a 35 dias, o que é chamado oligomenorreia, ou ser ausente (amenorreia).
O excesso de hormônios andrógenos, além da infertilidade, leva ainda ao desenvolvimento de características tipicamente masculinas, como por exemplo:
O diagnóstico da SOP é feito posteriormente a partir da realização de exames laboratoriais e de imagem, que devem comprovar critérios como:
A morfologia policística, apesar de determinar o nome da doença, nem sempre é um critério presente. Acontece quando os folículos que não cresceram, em vez de serem eliminados, acumulam nos ovários formando cistos. Por isso, o diagnóstico é estabelecido quando pelo menos dois dos critérios acima estiverem presentes.
O tratamento da SOP pode ser feito com medicamentos ou por técnicas de reprodução assistida, de acordo com o desejo da mulher de engravidar no momento.
Se não houver o desejo são prescritos medicamentos que aliviam os sintomas clínicos, incluindo anticoncepcionais orais e hormônios esteroides de ação antiandrogênica. Anticoncepcionais combinados são empregados com objetivo de suspender a ovulação, minimizando a exposição ao estrogênio e, consequentemente diminuindo os níveis androgênicos.
É comum que mulheres obesas tenham SOP, condição associada à resistência à insulina, um dos fatores desencadeadores da doença. Assim, mudanças no estilo de vida também fazem parte do tratamento, como alimentação adequada e a prática regular de exercícios físicos.
Embora a SOP seja uma doença crônica, ou seja, não tenha cura, essas medidas ajudam a aliviar e controlar os sintomas, permitindo a recuperação da qualidade de vida.
Quando o quadro é de infertilidade, por outro lado, e a mulher deseja engravidar duas técnicas de reprodução assistida podem ser indicadas:
A RSP é particularmente indicada para mulheres com distúrbios ovulatórios mais leves, quando a ovulação acontece de forma irregular (oligovulação). O tratamento é realizado em duas etapas, a primeira delas é a estimulação ovariana, procedimento em que medicamentos hormonais estimulam a função ovariana para que mais folículos se desenvolvam e amadureçam.
O objetivo é obter entre 1 e 4 óvulos maduros disponíveis para a fecundação, que acontece naturalmente nas tubas uterinas, por isso, elas devem estar saudáveis, assim como a mulher dever ter idealmente até 35 anos, idade em que os níveis da reserva ovariana, quantidade de folículos com capacidade para ovular, ainda estejam altos. Os espermatozoides do parceiro também devem estar dentro dos padrões de normalidade.
As mulheres já nascem com um estoque de folículos para serem utilizados durante a idade fértil. Assim, à medida que envelhecem, os folículos diminuem; os que não se desenvolveram nos ciclos menstruais, são naturalmente eliminados.
Periodicamente, são realizados exames de ultrassonografia transvaginal para acompanhar o desenvolvimento dos folículos, indicando o momento em que eles atingem o momento ideal para novos medicados induzirem o amadurecimento final e ovulação, permitindo, assim, programar as relações sexuais para o período de maior fertilidade, em que há mais chances de engravidar.
Embora seja uma técnica simples, a RSP é bastante eficaz quando bem indicada, proporcionando taxas de gestação semelhantes às da gestação espontânea.
A FIV é a técnica mais complexa da reprodução assistida, além de reproduzir etapas da importantes da gravidez em laboratório, como a fecundação e o desenvolvimento inicial do embrião, reúne um conjunto de técnicas e procedimentos que permitem solucionar diferentes problemas reprodutivos, incluindo anovulação, ausência de ovulação, uma das principais características da SOP.
O tratamento também tem início com a estimulação ovariana, porém é realizado em mais etapas. Na estimulação ovariana, quando os medicamentos indutores são administrados, os folículos maduros são coletados por punção folicular, procedimento realizado com a utilização de uma seringa acoplada por uma agulha e guiado por ultrassom. Os óvulos são posteriormente extraídos em laboratório e os melhores selecionados.
Enquanto a mulher é submetida à estimulação ovariana, os espermatozoides são capacitados e selecionados pelo preparo seminal. Assim, apenas os melhores gametas participam da fecundação, realizada por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que cada um é injetado diretamente no óvulo.
Os embriões formados, iniciam o desenvolvimento em laboratório, sendo transferidos ao útero em dois estágios de desenvolvimento, D3 ou clivagem, entre o segundo e terceiro dia, ou no blastocisto, entre o quinto e sexto dia.
A definição do melhor estágio para a transferência, considera critérios como a saúde dos embriões. Quando eles possuem a saúde mais frágil por exemplo, geralmente é recomendado que se desenvolvam em ambiente uterino. Após serem transferidos, as etapas seguintes acontecem como na gestação espontânea; o embrião se implanta no endométrio e iniciando o processo gestacional.
Aproveite para compartilhar esse texto nas redes sociais para que um número maior de mulheres conheça as opções de tratamento para SOP.