O sucesso gestacional depende de diversos elementos, por exemplo, o funcionamento normal dos órgãos reprodutores de homens e mulheres, a saúde dos gametas ou células sexuais (óvulos e espermatozoides) e o equilíbrio dos hormônios envolvidos no processo reprodutivo. Qualquer alteração pode resultar em infertilidade conjugal.
Apesar de esse ser um problema comum a milhões de pessoas no mundo todo, uma vez que, como consequência dos hábitos das sociedades contemporâneas a fertilidade naturalmente diminuiu ao longo dos anos, hoje tem solução na maioria dos casos.
A reprodução assistida é considerada o tratamento padrão e reúne um conjunto de técnicas que permitem a gravidez quando há dificuldades. A mais adequada em cada caso é definida após o casal passar por uma investigação detalhada, pois os fatores de infertilidade podem ser femininos, masculinos ou de ambos.
Este texto aborda sobre as principais técnicas de reprodução assistida disponíveis atualmente, destacando o funcionamento, indicação e taxas de sucesso de cada uma. Continue a leitura até o final e confira!
As técnicas de reprodução assistida são procedimentos realizados com auxílio médico, que ajudam a engravidar quando os tratamentos primários não são bem-sucedidos, bem como podem ser utilizadas como primeira opção.
Envolvem processos que variam da manipulação de gametas e meios de fecundação, ao desenvolvimento e transferência de embriões. Por isso, são classificadas de acordo com a complexidade, critério que também influencia na indicação.
Hoje, as três principais técnicas de reprodução assistida disponíveis são a relação sexual programada (RSP), a inseminação artificial (IA) e a fertilização in vitro (FIV). Conheça-as detalhadamente abaixo:
A FIV é a principal técnica de reprodução assistida. De alta complexidade, é conhecida popularmente desde os anos 1970, quando nasceu o primeiro bebê concebido com sua utilização. Prevê a fecundação em laboratório com posterior transferência dos embriões formados diretamente ao útero materno após alguns dias de desenvolvimento.
Etapas importantes da gravidez, a fecundação e o cultivo embrionário são realizadas de forma controlada, permitindo contornar diferentes problemas de infertilidade. Na fecundação, por exemplo, são utilizados apenas os melhores óvulos e espermatozoides, previamente coletados e selecionados.
O tratamento inicia com a estimulação ovariana, procedimento em que medicamentos hormonais sintéticos, semelhantes aos naturais, são administrados para estimular a função ovariana e obter mais óvulos maduros. No ciclo menstrual natural, embora vários folículos, que contêm o óvulo imaturo, cresçam, apenas um se desenvolve e amadurece o suficiente para liberá-lo na ovulação.
O desenvolvimento dos folículos é acompanhado periodicamente por exames de ultrassonografia transvaginal, permitindo indicar o momento ideal para que novos medicamentos os induzam ao rompimento, o que acontece em aproximadamente 36 horas, período em que os folículos maduros são coletados por aspiração folicular, os óvulos extraídos e selecionados.
Enquanto os folículos são coletados, as amostras de sêmen do parceiro são submetidas ao preparo seminal, técnica que promove a capacitação dos espermatozoides por diferentes métodos, selecionando, dessa forma, apenas os mais saudáveis. Essa é a segunda etapa do tratamento, seguida da fecundação.
Atualmente, fecundação é feita por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) na maioria das clínicas de reprodução assistida no mundo todo. Nessa técnica, incorporada à FIV na década de 1990, cada espermatozoide é injetado diretamente no citoplasma do óvulo, permitindo solucionar problemas masculinos de maior gravidade, como alterações severas na morfologia e motilidade dos gametas masculinos, bem como a baixa concentração no sêmen.
Na etapa seguinte, conhecida como cultivo embrionário, os embriões formados são acomodados em incubadoras, em meios de cultura que simulam o ambiente natural, possibilitando, assim, o desenvolvimento por até seis dias.
O tratamento finaliza com a transferência dos embriões diretamente ao útero materno para que a implantação, quando se fixa ao endométrio dando início à gestação, aconteça naturalmente.
A FIV proporciona a gravidez em várias situações, solucionando necessidades reprodutivas como fatores de infertilidade de maior gravidade, gravidez de pessoas solteiras e casais homoafetivos, bem como ajuda a evitar a transmissão de doenças genéticas às futuras gerações. Registra as taxas mais altas entre as técnicas de reprodução assistida, em média 50% por ciclo.
Também chamada de inseminação intrauterina (IIU), é uma das técnicas de reprodução assistida de baixa complexidade, pois prevê a fecundação de forma natural, nas tubas uterinas, órgãos que fazem a ligação entre o útero e os ovários.
A cada ciclo menstrual um óvulo é liberado pelos ovários, captado pelas tubas, aguarda o encontro com os gametas masculinos que viajam pela extremidade oposta, por até 24h.
Realizado em três etapas, o tratamento também inicia com a estimulação ovariana e o preparo seminal. Porém, são administradas dosagens mais baixas de medicamentos hormonais para obter entre 1 e 4 óvulos maduros.
Após o preparo seminal, os melhores espermatozoides são inseridos em um cateter e depositados no útero durante o período fértil da parceira na última etapa, apontado pelos exames de ultrassonografia transvaginal.
A IA é a mais antiga das técnicas de reprodução assistida e permite solucionar fatores de infertilidade masculina de menor gravidade, como pequenas alterações nos espermatozoides e dificuldades ejaculatórias e, femininos, incluindo problemas no muco cervical e de ovulação, particularmente a irregular, que ocorre apenas em alguns poucos ciclos anuais, condição denominada oligovulação.
É, ainda, uma das técnicas que podem ser utilizadas por casais homoafetivos femininos ou mulheres solteiras que desejam engravidar, que contam com a doação de espermatozoides para realizar o tratamento.
No entanto, é preciso observar alguns critérios para utilização da técnica. As tubas uterinas devem estar permeáveis, sem nenhum tipo de obstrução, bem como idealmente a reserva ovariana deve apresentar níveis altos, o que a torna indicada principalmente às mulheres com até 37 anos.
As taxas de sucesso gestacional acompanham as da gestação natural: cerca de 15% a 30% por ciclo de tratamento.
Como a IA, a RSP também prevê a fecundação de forma natural, ou seja, é uma técnica de reprodução assistida de baixa complexidade, a mais simples entre todas. A estimulação ovariana é igualmente parte do tratamento, cujo objetivo, como o nome indica é programar o melhor período para intensificar a relação sexual, aumentando as chances de a concepção ser um sucesso.
Geralmente, a RSP é a primeira indicação para mulheres com distúrbios de ovulação mais leves, porém os espermatozoides do parceiro devem estar dentro dos padrões de normalidade, pois nessa técnica não há manipulação desses gametas. Critérios como permeabilidade tubária e idade feminina são os mesmos determinados para utilização da IA, bem como as taxas de sucesso.
As técnicas de reprodução assistida, portanto, podem solucionar diversas necessidades reprodutivas, tornando-se, dessa forma, um importante recurso nas sociedades contemporâneas. Compartilhe esse texto nas redes sociais e informe também aos seus amigos!