Os hormônios são mensageiros químicos, viajam pela corrente sanguínea e encontram receptores em tecidos ou órgãos funcionando como um sinalizador celular, regulando funções importantes, do crescimento e desenvolvimento ao processo reprodutivo. O termo deriva do grego ormóni, que significa evocar ou excitar.
São produzidos e/ou secretados por glândulas do sistema endócrino, a tireoide, uma das maiores glândulas do corpo humano, está entre as principais. Localizada no pescoço, abaixo da laringe, tem o formato semelhante ao de uma borboleta e responde por hormônios importantes para controlar o metabolismo das células, garantindo o equilíbrio de diferentes sistemas, como o reprodutor.
Os hormônios tireoidianos atuam nas funções dos ovários e testículos – no desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos e na produção dos espermatozoides. Assim, qualquer alteração no funcionamento correto da tireoide pode interferir na fertilidade de mulheres ou homens e levar à infertilidade.
O hipotireoidismo é um dos distúrbios da tireoide que pode causar esse efeito. Continue a leitura até o final e conheça os possíveis sintomas associados ao problema, que contribuem para diagnóstico e tratamento precoces, evitando, dessa forma, maiores danos à saúde reprodutiva. Confira!
O sistema endócrino é controlado por diferentes eixos, compostos geralmente pelo hipotálamo, região do encéfalo, centro do sistema nervoso, e pela hipófise, também chamada de glândula pituitária ou mestra, localizada na parte inferior do cérebro, além do órgão alvo.
A produção dos hormônios tireoidianos é controlada pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. O hipotálamo responde pela produção do hormônio liberador de tireotrofina (TRH), que por sua vez estimula a hipófise a produzir TSH, hormônio estimulante da tireoide, que se liga aos receptores presentes nessa glândula estimulando a secreção de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), os hormônios tireoidianos.
Algumas condições podem interferir no funcionamento adequado da tireoide, resultando no aumento (hipertireoidismo) ou insuficiência (hipotireoidismo) dos hormônios tireoidianos.
Hipotireoidismo ou tireoide hipoativa, portanto, é o distúrbio caracterizado pela produção insuficiente. A tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune em que anticorpos atacam a glândula por engano, é a causa mais comum, entretanto também pode ser consequência de tumores na hipófise, geralmente benignos, histórico familiar, câncer da tireoide e seus tratamentos, bem como alguns medicamentos para o tratamento de distúrbios psiquiátricos.
Raro em homens, nas mulheres o hipotireoidismo é mais frequentemente observado acima de 40 anos, ainda que possa ocorrer em qualquer idade, incluindo a reprodutiva, quando pode provocar alterações da fertilidade.
Observar os possíveis sintomas característicos desse distúrbio contribui para o diagnóstico e tratamento precoces, permitindo regular a atividade da glândula e, desse forma, os níveis hormonais.
O hipotireoidismo normalmente é assintomático nos estágios iniciais, no entanto, com o avanço da doença tendem a surgir diferentes sintomas, que variam em intensidade de acordo com a deficiência hormonal. Nas mulheres, é possível observar particularmente irregularidades no ciclo menstrual, aumento do fluxo e às vezes até a parada do fluxo – a amenorreia, que é a ausência da menstruação por mais de 3 ciclos; enquanto nos homens podem ocorrer problemas relacionados à potência sexual.
A dificuldade de engravidar também está entre os sintomas. Nas mulheres, como os hormônios tireoidianos atuam no desenvolvimento, amadurecimento e rompimento do folículo ovariano, que contêm o óvulo imaturo, a infertilidade é consequência de distúrbios de ovulação, dificuldades nesse processo que levam à ausência de ovulação, condição denominada anovulação.
Nos homens, estimulam a secreção de testosterona, principal hormônio masculino cuja ação é essencial na espermatogênese, processo de produção dos espermatozoides. Níveis baixos podem resultar na baixa concentração (oligozoospermia) ou ausência de espermatozoides no sêmen.
Além desses sintomas, outros são comuns a ambos os sexos:
É importante procurar um especialista se houver a manifestação de qualquer sintoma, isoladamente ou em associação.
O diagnóstico do hipotireoidismo é feito a partir do acolhimento dos sintomas e realização de exame de sangue para analisar os níveis do hormônio estimulador da tireoide TSH e da tiroxina (T4). Quando o quadro é de hipotireoidismo, há uma elevação do TSH, enquanto os níveis da tiroxina (T4) geralmente são mais baixos do que o normal.
Todas as pessoas que têm histórico familiar, bem como as mulheres em idade reprodutiva, devem fazer a investigação, independentemente de apresentarem sintomas ou alterações na fertilidade.
Ainda que o tratamento do hipotireoidismo seja bastante simples, feito por reposição hormonal, é vitalício: os medicamentos são de uso diário e as dosagens ajustadas de acordo com a necessidade.
O tratamento promove o alívio dos sintomas e, na maioria das vezes, proporciona a restauração da fertilidade. Quando isso não acontece, podem ser indicadas as técnicas de reprodução assistida para obter a gravidez.
A principal técnica indicada é a fertilização in vitro (FIV), em que fecundação é realizada em laboratório após a coleta e seleção de óvulos e espermatozoides.
A mulher é submetida à estimulação ovariana, procedimento que utiliza medicamentos hormonais para induzir o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos ovarianos, coletados individualmente por aspiração folicular para posterior extração e seleção dos óvulos em laboratório.
Os espermatozoides do parceiro, por outro lado, são selecionados por técnicas de preparo seminal. Se não estiverem presentes nas amostras de sêmen, podem ser obtidos diretamente dos testículos, local em que são produzidos, ou dos epidídimos, ductos em que são armazenados após a produção.
Atualmente, a fecundação é realizada por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) nas maioria das clínicas de reprodução assistida. Método em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo com auxílio de um micromanipulador de gametas.
Os embriões formados se desenvolvem por alguns dias em laboratório e são posteriormente transferidos diretamente ao útero materno.
A FIV, portanto, permite solucionar os principais problemas relacionados à infertilidade, proporcionando chances de sucesso gestacional bastante expressivas, as mais altas da reprodução assistida.
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