Autor: Gustavo André
O que são pólipos?
Por Prof. Dr. Gustavo André
É chamado pólipo o tecido que se desenvolve anormalmente nas membranas mucosas, camadas constituídas de tecido epitelial e conjuntivo que revestem as cavidades úmidas do corpo, em contraste com a pele onde a superfície é seca. São encontradas, por exemplo, em partes como a boca, bexiga, intestino e útero, o maior órgão do sistema reprodutor feminino.
Muscular e em formato de pera invertida, o útero tem como função abrigar o embrião-feto em desenvolvimento até o nascimento. É dividido em três porções com funções distintas, corpo do útero, istmo do útero e colo do útero e, morfologicamente, tem três camadas de revestimento.
A interna, o endométrio, é composta por tecido epitelial altamente vascularizado, preparado a cada ciclo menstrual para receber um possível embrião; nessa camada ele se fixa para dar início à gestação, processo conhecido como implantação embrionária.
Por ser uma mucosa, portanto, o endométrio é vulnerável ao desenvolvimento de pólipos. Embora geralmente essas formações sejam benignas e mais comuns após a menopausa, podem ocorrer durante a idade reprodutiva, resultando, muitas vezes em infertilidade feminina por interferirem na função uterina, e/ou em outros sintomas que afetam a qualidade de vida das portadoras.
Este texto aborda tudo sobre os pólipos endometriais, dos fatores de risco, sintomas, diagnóstico e tratamento à obtenção da gravidez quando há diagnóstico de infertilidade. Continue a leitura até o final e confira!
Pólipos endometriais
Pólipos endometriais são projeções do endométrio, ou seja, são compostos por células que reproduzem suas características. Podem ser sésseis ou pediculados, únicos ou múltiplos, com poucos milímetros ou vários centímetros e normalmente têm a forma alongada, superfície lisa e uma consistência mais macia.
Os pólipos endometriais compõem a lista de doenças estrogênio-dependentes, assim como a endometriose e os miomas uterinos. Ou seja, se desenvolvem motivados pela ação desse hormônio que inicia o preparo endometrial, cujo desequilíbrio é apontado por estudos como a causa mais provável para sua formação.
Por serem assintomáticos nos estágios iniciais na maioria dos casos, boa parte das mulheres nem sabe que os têm. Além disso, é comum retrocederem naturalmente, sem necessidade de nenhum tipo de intervenção médica. Por outro lado, quando evoluem, podem aumentar de tamanho ou espalhar pela cavidade uterina, provocando sintomas como sangramento uterino anormal (SUA) e infertilidade.
É chamado sangramento uterino anormal aquele que ocorre entre os períodos menstruais, após as relações sexuais ou provoca o aumento de fluxo durante a menstruação. Mulheres depois da menopausa devem ter especial atenção a esse tipo de manifestação, fase em que o risco de os pólipos evoluírem para malignidade é mais alto, ainda que isso seja raro.
Durante a fase reprodutiva ou fértil, os pólipos podem interferir de diferentes formas na função uterina. Por exemplo, sua presença causa um processo inflamatório no local, comprometendo o preparo endometrial, levando, dessa forma, a falhas na implantação do embrião e abortamento.
Em tamanhos ou quantidades maiores, causam distorções na anatomia do útero, o que compromete o desenvolvimento da gravidez, resultando igualmente em perda. Aderências consequentes do processo inflamatório também podem provocar distorções.
Assim, é importante procurar um especialista se houver qualquer tipo de sangramento uterino fora do período menstrual ou dificuldades para engravidar após um ano de tentativas malsucedidas, o que determina o quadro de infertilidade. As chances de sucesso do tratamento são maiores quando os pólipos são precocemente diagnosticados.
Diagnóstico e tratamento dos pólipos endometriais
Os pólipos endometriais são diagnosticados por exames de imagem, que ao mesmo tempo possibilitam descartar a presença de outras doenças estrogênio-dependentes com sintomas semelhantes. A ultrassonografia transvaginal normalmente é o primeiro solicitado e possui alta sensibilidade para detectá-los.
Outros, podem ser ainda solicitados como primeira opção ou de forma complementar quando a ultrassonografia apresenta resultados inconclusivos, incluindo a vídeo-histeroscopia diagnóstica, técnica que permite uma visualização direta e detalhada da cavidade uterina.
O tratamento dos pólipos endometriais é definido a partir dos resultados diagnósticos. Os menores, por exemplo, devem ser apenas observados periodicamente; se houver evolução ou forem descobertos tardiamente, a opção passa a ser a administração de medicamentos hormonais ou remoção por cirurgia.
Os medicamentos hormonais podem solucionar o sangramento uterino anormal se a mulher não desejar engravidar no momento, enquanto a cirurgia é mais indicada se houver o desejo. Durante o procedimento, além da remoção é feita a correção da anatomia uterina quando necessário.
Boa parte das mulheres consegue engravidar naturalmente depois da cirurgia. Caso isso não aconteça, entretanto, as chances com auxílio da reprodução assistida são bastantes altas.
Infertilidade e reprodução assistida
A técnica de reprodução assistida indicada para fatores de infertilidade de maior gravidade é a fertilização in vitro (FIV), que reproduz, em laboratório, etapas da gravidez como a fecundação e o início do desenvolvimento embrionário.
Hoje, a fecundação é realizada por ICSI (injeção intracitoplasmáticas de espermatozoide) na maioria das clínicas especializadas. Nesse método, após a seleção dos melhores gametas cada espermatozoide é injetado diretamente no citoplasma do óvulo, permitindo que mais embriões sejam formados com sucesso, posteriormente acomodados em incubadoras em que se desenvolvem até serem transferidos diretamente ao útero.
Antes da transferência, o endométrio é adequadamente preparado por medicamentos hormonais semelhantes aos naturais, reduzindo, dessa forma, os riscos de falhas e abortamento.
Mulheres com infertilidade consequente de pólipos endometriais que desejam engravidar, portanto, podem contar com a FIV se o tratamento primário não for bem-sucedido.
Compartilhe esse texto nas redes sociais para que seus amigos saibam o que são pólipos e conheçam as possíveis consequências para a fertilidade feminina quando crescem no endométrio!
Adenomiose: conheça os sintomas
Por Prof. Dr. Gustavo André
Algumas doenças femininas já são bastante conhecidas pelas mulheres, por seus efeitos para a fertilidade e saúde em geral, como outros sintomas, muitas vezes dolorosos, que comprometem, inclusive, a qualidade de vida das portadoras.
Entre elas pode-se citar a endometriose, os miomas uterinos, os pólipos endometriais e a síndrome dos ovários policísticos (SOP), por exemplo, comuns durante a fase reprodutiva.
A adenomiose, por outro, apesar de ser pouco conhecida, também pode resultar em diferentes problemas e não é raro sua presença durante a fase fértil, embora estudos indiquem que mulheres com mais de 40 anos nulíparas, ou seja, nunca tiveram filhos, tenham mais risco de desenvolver a doença.
Saber identificar os sintomas da adenomiose é um importante recurso para assegurar que diagnóstico e tratamento sejam feitos precocemente, evitando, dessa forma, maiores danos. Continue a leitura até o final para conhecê-los. Confira!
O que é adenomiose
Além de ser o maior órgão do sistema reprodutor feminino, o útero se destaca pelo papel importante que desempenha no processo gestacional; abrigar, nutrir e proteger o embrião-feto até o nascimento.
Oco e em formato de pera invertida, tem três partes principais, corpo do útero, istmo do útero e colo do útero. O corpo do útero, a maior, é formado por três camadas de revestimento, endométrio, interna, miométrio, intermediária e perimétrio ou serosa, externa.
O endométrio é um tecido epitelial altamente vascularizado, que sofre diferentes alterações durante o ciclo menstrual para receber um possível embrião formado na fecundação. Nessa camada uterina ele se implanta para dar início à gestação. Se não houver fecundação, descama, originando a menstruação e um novo ciclo menstrual.
O miométrio é formado por células musculares e é responsável por auxiliar as contrações na hora do parto e para expulsão do sangue menstrual.
A adenomiose é uma doença em que um tecido semelhante ao endométrio cresce no miométrio. É classificada como focal, quando um ou mais focos estão localizados em uma determinada região do miométrio, ou como difusa, se diferentes focos se espalharem.
Embora a causa exata desse crescimento permaneça desconhecida, algumas teorias sugerem que:
- as células endometriais foram depositadas no miométrio ainda durante o desenvolvimento intrauterino;
- a invasão das células endometriais ocorre como consequência da inflamação do endométrio, endometrite, ou de cirurgia;
- é resultado do crescimento e diferenciação em células endometriais a partir de células-tronco da medula óssea.
Ainda que a adenomiose seja frequentemente confundida com a endometriose, elas se diferenciam no local de crescimento do tecido ectópico e sintomatologia. Na endometriose, cresce fora do útero, em locais próximos como o peritônio, as tubas uterinas, os ovários, a bexiga e o intestino.
Por outro lado, ambas compõem o grupo das doenças classificadas como estrogênio-dependentes, assim como os miomas uterinos e os pólipos endometriais, ou seja, têm seu desenvolvimento estimulado por esse hormônio.
Principais sintomas da adenomiose
A presença do tecido anormal no miométrio leva à um processo inflamatório com formação de pequenas bolsas e que estimula o surgimento de possíveis sintomas, muitas vezes severos, embora a adenomiose geralmente seja assintomática nos estágios iniciais ou provoque apenas um desconforto.
Ao reagir à ação do estrogênio como endométrio normal, além de desenvolver o tecido ectópico pode descamar e sangrar, aumentando o fluxo sanguíneo e a intensidade de sintomas comuns ao período menstrual, como as cólicas, impactando a qualidade de vida das mulheres portadoras.
Assim, à medida que a doença se desenvolve, podem surgir sintomas como:
- cólicas durante a menstruação (dismenorreia);
- aumento do fluxo menstrual, muitas vezes prolongado;
- dor durante as relações sexuais (dispareunia);
- aumento do volume uterino;
- sensibilidade uterina;
- inchaço, ou pressão abdominal;
- anemia como consequência do sangramento excessivo;
- infertilidade.
A infertilidade, segundo estudos, surge como consequência das bolsas que se formam, que inflama e podem causar hipermobilidade uterina irregular, inibindo o transporte de espermatozoides até as tubas uterinas, dificultando a fecundação, ou comprometendo o transporte a implantação do embrião, resultando em falhas e abortamento.
Quando o embrião se implanta, essas bolsas podem comprometer, ainda, a formação da placenta, o que, consequentemente impede o desenvolvimento do embrião, provocando igualmente a perda da gravidez.
No entanto, apesar de a adenomiose ser uma doença crônica, quando diagnosticada e tratada precocemente, os sintomas podem ser rapidamente aliviados ou mesmo não ocorrer. Mulheres com infertilidade causada pela doença, por outro lado, podem contar com a reprodução assistida para engravidar.
Diagnóstico da adenomiose, tratamento e reprodução assistida
A adenomiose é confirmada principalmente por exames de imagem, que podem detectar a presença do tecido anormal no miométrio e excluir a incidência de outras doenças estrogênio-dependentes que causam sintomas semelhantes, incluindo a endometriose, os miomas uterinos e os pólipos-endometriais.
Porém, apenas a análise histológica do útero, quando há a remoção do órgão, permite o diagnóstico definitivo.
O tratamento, por outro lado, considera critérios como a severidade dos sintomas e o desejo de engravidar no momento. Para as mulheres que não têm a intenção de engravidar e apresentam apenas sintomas leves ou moderados, geralmente são prescritos medicamentos hormonais para suspender a menstruação e minimizar a ação do estrogênio, analgésicos e anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) para aliviar dor e inflamação.
Para mulheres com sintomas severos ou que desejam engravidar, a cirurgia pode ser indicada para a remoção dos focos da doença. Porém, somente é eficaz se o tecido anormal não tiver penetrado profundamente o miométrio.
Nesse caso, se os sintomas forem severos e a mulher não desejar mais engravidar, pode ser indicada a remoção do útero, procedimento denominado histerectomia e, se houver o desejo, o tratamento por fertilização in vitro (FIV), principal técnica de reprodução assistida em que a fecundação é realizada em laboratórios e os embriões são posteriormente transferidos diretamente ao útero materno após alguns dias de desenvolvimento.
Antes de o tratamento com a técnica iniciar o útero é preparado adequadamente para receber o embrião por medicamentos que melhoram a receptividade do endométrio.
Agora que você já sabe identificar os sintomas da adenomiose, doença que apesar de comum é pouco conhecida, compartilhe o texto nas redes sociais e informe também aos seus amigos para que eles também aprendam a reconhecê-la.
Endometriose profunda: saiba mais sobre a doença
Por Prof. Dr. Gustavo André
As mulheres, ao contrário dos homens têm um tempo limitado de fertilidade. Isso porque elas já nascem com uma reserva ovariana, estoque de folículos, que contêm o óvulo imaturo ou primário, para serem utilizados. Assim, desde a puberdade, quando iniciam os ciclos menstruais, os níveis da reserva ovariana passam a diminuir progressivamente, até que os folículos e seus óvulos se esgotem, o que acontece na menopausa.
Além dessa limitação, durante a fase fértil diferentes doenças podem afetar o funcionamento dos órgãos do sistema reprodutor feminino, resultando muitas vezes em infertilidade. A endometriose é atualmente a mais frequentemente registrada nos consultórios de ginecologia do mundo todo, percentuais que a tornaram particularmente temida pelas mulheres que desejam engravidar.
Uma doença estrogênio-dependente, inflamatória e crônica, a endometriose tem como característica o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio, que reveste internamente o útero, fora do órgão, geralmente em locais próximos, como o peritônio, os ovários, as tubas uterinas, a bexiga e o intestino.
Existem diferentes tipos, classificados de acordo com o local de crescimento e a profundidade dos implantes, o que também interfere em outros sintomas dolorosos manifestados pela doença. A endometriose profunda é o tipo mais associado às manifestações mais graves.
Continue a leitura até o final e saiba mais sobre essa doença e suas consequências para a saúde geral e reprodutiva das mulheres portadoras. Confira!
O que é endometriose profunda?
Durante os ciclos menstruais, o endométrio é preparado para receber um possível embrião formado na fecundação, evento que o espermatozoide penetra o óvulo para gerar uma nova vida.
Esse preparo inicia ainda na primeira fase, quando o folículo que se destacou entre os diversos recrutados, passa a secretar estrogênio enquanto se desenvolve, hormônio que torna o endométrio mais espesso e vascularizado.
Após a ovulação, as células do folículo rompido se transformam em uma glândula endócrina temporária, o corpo lúteo, cuja função é secretar progesterona, hormônio que finaliza o preparo endometrial.
Se não houver fecundação, por outro lado, o corpo lúteo degenera e os níveis hormonais diminuem, o que leva à descamação do endométrio, originando a menstruação e um novo ciclo menstrual.
Os fragmentos do endométrio, portanto, são eliminados junto com o sangue menstrual. No entanto, em alguns casos pode ocorrer o que é chamado de menstruação retrógada, ou seja, o sangue retorna parcialmente pelas tubas uterinas em vez de sair completamente do útero para a vagina, carregando as células endometriais que se implantam em outros locais.
O primeiro a ser afetado geralmente é o peritônio, membrana que recobre a cavidade pélvica e a superfície dos órgãos nela abrigados. Esse é o estágio inicial da doença, quando ela é classificada como endometriose superficial e as lesões são rasas, localizadas apenas no peritônio.
Apesar de ser de crescimento lento, à medida que se desenvolve, o que é motivado pela ação do estrogênio, o tecido ectópico se infiltra nessa membrana e nos órgãos que ela abriga formando implantes, que causam um processo inflamatório no local e, dessa forma, também a formação de aderências, espécie de faixa que une dois tecidos.
Quando se infiltra nos ovários, é chamada de endometriose ovariana, tipo em que são formados cistos preenchidos pelo tecido ectópico e sangue envelhecido, chamados de endometriomas e, por sua aparência, popularmente conhecidos como cistos de chocolate.
Nos estágios mais avançados da doença, portanto, ela já se infiltrou profundamente em vários órgãos ao mesmo tempo, incluindo, por exemplo, além dos reprodutores, os ligamentos uterossacros (estruturas de sustentação do útero), a vagina, a parede da bexiga, os ureteres e o intestino, quando é classificada como endometriose profunda, tipo mais severo.
Para se ter uma ideia, mulheres com endometriose profunda geralmente reúnem os outros tipos; têm lesões planas e rasas, endometriomas, aderências mais densas e tendem a apresentar sintomas de maior gravidade, independentemente da quantidade de tecido ectópico.
Principais sintomas da endometriose profunda
Assim como o endométrio normal, o tecido ectópico também inflama e pode provocar dor pélvica antes e durante o período menstrual, sendo este o principal sintoma da endometriose. Essa dor tende a se agravar com o desenvolvimento da doença, tornando-se muitas vezes crônica na endometriose profunda, ou seja, ocorre também fora do período menstrual e pode ser incapacitante, afetando da vida profissional à pessoal e social.
Outros sintomas também podem estar presentes:
- Dor durante a relação sexual, quando afeta a vagina e os ligamentos uterossacros (dispareunia de profundidade);
- Alterações no hábito urinário no período menstrual, como dificuldades para urinar acompanhada de dor, presença de sangue na urina, micção frequente e urgente, quando as lesões estão presentes na bexiga e ureteres;
- Alterações no hábito intestinal relacionados ao período da menstruação, incluindo constipação, sangramento nas fezes, dor ou dificuldade em evacuar e dor anal, bem como distensão abdominal.
A infertilidade também é considerada um sintoma, e na endometriose profunda a doença pode afetar a capacidade reprodutiva das mulheres de diferentes formas:
- O processo inflamatório, independentemente do órgão em que as lesões estão localizadas e da profundidade, pode interferir no ambiente para uma ovulação adequada, para uma fecundação adequada, além do preparo do endométrio tópico, levando a falhas na implantação do embrião;
- Os endometriomas se formam no córtex ovariano, mesma região em que ficam localizados os folículos. Assim, podem causar interferência no processo de desenvolvimento e amadurecimento ou danos aos que estão localizados ao redor, levando à diminuição da reserva ovariana, provocando em alguns casos infertilidade permanente. Além disso, o processo inflamatório pode afetar a qualidade dos óvulos;
- Quando atingem as tubas uterinas, podem causar obstruções que impedem a captação do óvulo liberado, o transporte dos espermatozoides e do embrião formado ao útero.
Esses órgãos fazem a ligação entre o útero e os ovários, acolhem a fecundação e respondem ainda pelo transporte do embrião ao útero. A fecundação, portanto, normalmente não acontece e, quando há sucesso, o embrião formado pode se implantar em uma das tubas em vez de ser transportado ao útero, condição conhecida como gravidez ectópica, potencialmente perigosa para a vida das mulheres.
Diagnóstico e tratamento da endometriose profunda
O exame mais indicado para o diagnóstico da endometriose profunda é a ultrassonografia transvaginal com preparo especial, que apresenta alta sensibilidade para detectar os implantes e endometriomas.
A ressonância magnética também é um ótimo recurso para se ter uma visão mais panorâmica da doença, principalmente para implantes da doença que acometem as porções médias e altas do abdome. É costumeiramente utilizado para mapeamento completo pré-operatório.
Já o tratamento deve considerar o desejo da mulher de engravidar no momento e a intensidade dos sintomas.
Para as que não pretendem engravidar e apresentam apenas sintomas mais leves são prescritos medicamentos hormonais que suspendem a menstruação, minimizando a ação do estrogênio, interrompendo o desenvolvimento da doença, anti-inflamatórios não esteroides (AINES) e analgésicos para aliviar dor e inflamação.
Quando os sintomas são mais severos, a cirurgia pode ser indicada para remoção dos implantes, aderências e endometriomas. A abordagem cirúrgica também pode ser indicada para mulheres que desejam engravidar em alguns casos, como por exemplo para a remoção de endometriomas maiores, embora a fertilização in vitro (FIV), principal técnica de reprodução assistida, normalmente seja a opção preferencial em boa parte dos casos.
Infertilidade e reprodução assistida
A FIV é uma técnica que reproduz etapas importantes da gravidez em laboratório, como a fecundação e o cultivo de embriões, posteriormente transferidos diretamente ao útero materno.
A fecundação é realizada com os melhores gametas, óvulos e espermatozoides, previamente coletados e selecionados e, antes de transferir os embriões, o endométrio pode ser adequadamente preparado por medicamentos hormonais.
Assim, a FIV permite contornar diferentes problemas de infertilidade causados pela endometriose profunda, como a qualidade da ovulação, obstruções tubárias e falhas na implantação do embrião, por exemplo.
Agora que você já sabe mais sobre a endometriose profunda, compartilhe esse texto nas redes sociais e informe também aos seus amigos.
Clamídia: saiba identificar os sintomas
Por Prof. Dr. Gustavo André
Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como o nome indica são doenças transmitidas pelo sexo desprotegido, ou seja, sem o uso de preservativos de barreira, as famosas camisinhas masculinas ou femininas.
Após um período de grande diminuição de incidência com as campanhas de conscientização e o desenvolvimento de medicamentos como os antibióticos, que combatem os agentes infecciosos, voltaram novamente a se disseminar motivadas pelos hábitos das sociedades contemporâneas, incluindo o aumento da atividade sexual de adolescentes, tornando-se novamente um problema de saúde pública mundial.
Atualmente, a mais prevalente, que apresenta maiores índices de contaminação, é a clamídia. Saber identificar os sintomas dessa IST é fundamental para diagnosticá-la precocemente e evitar maiores danos à saúde geral e reprodutiva. A permanência da infecção pode resultar em diferentes danos à fertilidade de mulheres e homens.
Quer saber como identificar os sintomas da clamídia? É só continuar a leitura do texto até o final. Confira!
O que é clamídia?
Clamídia é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Geralmente, é transmitida pelo sexo vaginal ou anal, embora a contaminação sem penetração possa ocorrer da mesma forma, pelo sexo oral, contato com os genitais e secreções contaminadas ou compartilhamento de objetos sexuais. Mães com clamídia também podem transmitir a bactéria para seus filhos durante o parto, principalmente o vaginal.
O risco de ser infectado pela bactéria Chlamydia trachomatis é maior em alguns grupos quando o sexo é praticado sem nenhum tipo de proteção, como por exemplo, jovens entre 15 e 24 anos, independentemente da opção sexual; jovens ou adultos com parceiros novos, ou seja, que desconhecem o histórico clínico de seus atuais companheiros; jovens ou adultos que tenham mais de um parceiro sexual e pessoas que já possuem histórico de outras ISTs.
No último caso, o inverso também pode ocorrer: pessoas com histórico de clamídia têm mais chances de contrair outras ISTs, inclusive o HIV.
No entanto, não são apenas os integrantes dos grupos de risco que podem ser infectados pela clamídia. Todos que têm vida sexual ativa e praticam sexo sem nenhum tipo de proteção, mesmo que eventualmente, estão expostos, independentemente da idade e opção sexual.
Por isso, a única forma de evitar a clamídia e outras ISTs e a disseminação dessas infecções é o uso de preservativos em todas as relações sexuais. Às pessoas dos grupos de risco, por outro lado, os órgãos de saúde do mundo todo, incluindo os nacionais, recomendam o rastreio anualmente.
Sintomas da clamídia
Por ser muitas vezes assintomática, a clamídia é conhecida na literatura médica como doença oculta, o que dificulta o diagnóstico precoce e aumenta as chances dos danos provocados pela permanência da infecção, entre eles as alterações na capacidade reprodutiva.
Assim, a infertilidade se torna um dos principais sintomas dessa IST, descoberta, nesses casos, normalmente quando há dificuldades em engravidar.
Porém, alguns sintomas característicos da clamídia podem se manifestar aproximadamente duas semanas após a contaminação e costumam ser mais intensos nas mulheres, que podem apresentar micção urgente e frequente, queimação e dor ao urinar, dor abdominal leve, dor após as relações sexuais, sangramento entre os períodos menstruais, inchaço na vagina e ao redor do ânus e febre baixa.
Micção urgente e frequente e queimação ou dor ao urinar são igualmente comuns aos homens que apresentam sintomas, além de inchaço, dor e sensibilidade testicular, irritação no ânus e sangramento retal.
Ao observar qualquer sintoma, isoladamente ou em associação, é fundamental procurar um especialista com urgência. Uma das consequências da clamídia nas mulheres, normalmente as mais impactadas pela infecção, é doença inflamatória pélvica (DIP), que é a subida do agente infeccioso pelo endométrio, tuba até atingir a cavidade peritoneal, podendo causar inflamações em todos os órgãos reprodutores.
Nos ovários, a inflamação do ovário (ooforite) pode afetar o desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, que armazenam o óvulo imaturo. A cada ciclo menstrual, vários folículos são recrutados, crescem e um deles se torna dominante, se desenvolve, amadurece e se rompe, liberando o óvulo para ser fecundado pelo espermatozoide.
Aderências consequentes do processo inflamatório também podem impedir essa liberação quando o folículo dominante consegue concluir o processo de desenvolvimento e amadurecimento, assim como a inflamação pode comprometer a qualidade dos óvulos.
Nas tubas uterinas, cuja função é abrigar a fecundação e garantir o transporte dos gametas (óvulo e espermatozoides) e do embrião formado ao útero, a inflamação, salpingite, pode levar ao acúmulo de líquido em uma ou ambas, condição denominada hidrossalpinge, provocando obstruções que impedem que essas estruturas cumpram sua função e assim, a fecundação. Obstruções podem, ainda, ser resultado de aderências formadas.
Já no útero, pode afetar o endométrio, causando a endometrite. Endométrio é o tecido que reveste internamente o útero no qual o embrião se implanta para dar início à gestação. Nesse caso, a inflamação pode interferir no preparo adequado do endométrio durante os ciclos menstruais, resultando em falhas na implantação e abortamento.
Ainda que nos homens os impactos provocados pela clamídia sejam menos severos, a infecção pode, da mesma forma, causar a inflamação dos testículos (orquite), interferindo na produção de espermatozoides, ou dos epidídimos, epididimite, ductos em que são armazenados após serem produzidos, levando à formação de aderência que impedem o transporte para serem ejaculados e fecundar o óvulo.
Ambos os casos podem resultar na ausência de espermatozoides no sêmen, condição denominada azoospermia.
Saber identificar os sintomas, portanto, é um importante recurso para evitar qualquer dano ao sistema reprodutor de mulheres e homens.
Diagnóstico, tratamento e reprodução assistida
A clamídia é diagnosticada pela análise das secreções, exames de sangue ou urina, que permitem identificar a presença da bactéria Chlamydia trachomatis. Se o quadro for de infertilidade, são solicitados ainda exames de imagem para analisar os órgãos reprodutores e verificar os possíveis danos causados.
O tratamento é bastante simples, realizado por antibióticos, administrados em ciclos curtos ou longos, de acordo com cada caso. A parceria sexual deve ser igualmente medicada para evitar a reinfecção e disseminação da infecção.
Apesar de promover a cura, entretanto, o antibiótico não repara os danos causados pela permanência da bactéria. Se houver a formação de aderências a cirurgia pode ser necessária para removê-las, assim como para drenar líquidos ou abscessos.
Em alguns casos, a fertilidade é restaurada após a abordagem cirúrgica, e é possível engravidar naturalmente. Nos casos em que isso não acontece a reprodução assistida ajuda a obter a gravidez.
A principal técnica indicada é a fertilização in vitro (FIV), que prevê a fecundação em laboratório com posterior transferências dos embriões formados diretamente ao útero materno depois de alguns dias de desenvolvimento. As tubas uterinas, portanto, não têm nenhuma função, contornando possíveis obstruções.
Além disso, os gametas são previamente coletados e selecionados para a fecundação, e quando os espermatozoides não estão presentes no sêmen, podem ser recuperados diretamente dos testículos ou epidídimos por diferentes métodos (técnica usada para os casos de azoospermia).
Antes da transferência dos embriões ao útero, o órgão pode ser preparado por medicamentos hormonais, minimizando possíveis falhas.
Assim, a FIV permite solucionar diferentes problemas de infertilidade que podem ser causados pela clamídia possibilitando o sucesso da gravidez.
Compartilhe esse texto nas redes sociais e informe aos seus amigos como identificar os sintomas da clamídia, um importante recurso para garantir diagnóstico e tratamento precoces e evitar danos ao sistema reprodutor.
SOP: veja comoé feito o diagnóstico
Por Prof. Dr. Gustavo André
O sucesso gestacional depende do funcionamento correto dos órgãos reprodutores femininos e masculinos. Entre eles, as gônadas se destacam por serem responsáveis pela produção das células sexuais, que se fundem para gerar um futuro ser humano durante o evento conhecido como fecundação.
As gônadas masculinas são os testículos, respondem pela produção dos espermatozoides, células sexuais ou gametas dos homens, e de testosterona, principal hormônio.
Os ovários, gônadas femininas, são responsáveis pela produção dos hormônios estrogênio e progesterona e por abrigar os folículos, estruturas em que o óvulo, célula sexual ou gameta das mulheres, amadurece e é liberado para o encontro com o espermatozoide.
Enquanto os homens produzem espermatozoides durante toda a vida desde a puberdade, as mulheres já nascem com uma quantidade de folículos determinada, que passam a se desenvolver durante os ciclos menstruais. Assim, à medida que esse estoque se esgota, a fertilidade feminina diminui, até que não seja mais possível ter filhos.
Embora a idade seja o principal fator de infertilidade feminina, durante a fase fértil, outras condições podem interferir no funcionamento adequado dos ovários, a SOP (síndrome dos ovários policísticos), é uma das mais comuns e pode resultar em infertilidade feminina.
Este texto aborda os métodos utilizados para diagnosticar a doença. Confira!
O que é SOP?
A fase fértil feminina inicia na puberdade, com a primeira menstruação, que inaugura os ciclos menstruais.
Ciclo menstrual ou reprodutivo é o termo científico utilizado para descrever as alterações fisiológicas que ocorrem no corpo feminino, preparando-o para uma possível gravidez. Coordenado por diferentes hormônios, é um processo contínuo, começa no primeiro dia da menstruação e se encerra no dia anterior à próxima.
Durante cada ciclo menstrual, vários folículos são recrutados e crescem, um deles se desenvolve o suficiente (folículo dominante) e amadurece, rompendo e liberando o óvulo para o encontro com o espermatozoide ou fecundação, quando os gametas se fundem para formar a primeira célula do embrião, chamada Zigoto.
A síndrome dos ovários policísticos (SOP), é um distúrbio endócrino que provoca alteração nos níveis hormonais, que pode causar a formação de múltiplos cistos nos ovários e problemas como alterações na imagem corporal ou infertilidade.
Nos ciclos menstruais, o hormônio folículo-estimulante (FSH) atua no recrutamento e crescimento dos folículos ovarianos, enquanto o hormônio luteinizante (LH) induz o folículo dominante ao amadurecimento final e rompimento para liberação do óvulo, ovulação.
Embora a testosterona seja o principal hormônio masculino, é produzida em pequenas quantidades pelos ovários, o que também é estimulado pela ação do LH. O FSH, por sua vez, a converte em estrogênio, hormônio que atua no preparo do endométrio, camada de revestimento interno do útero na qual o embrião se implanta para dar início à gestação.
Uma das consequências do desequilíbrio hormonal característico da SOP é o aumento de testosterona, condição denominada hiperandrogenismo, que causa hirsutismo, desenvolvimento na mulher de uma pilosidade excessiva e de aspecto masculino em locais normalmente desprovidos de pelos, além de alterações na pele, como acne, queda de cabelos acentuada e engrossamento da voz.
O desequilíbrio hormonal interfere, ainda, no processo de desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, resultando particularmente em infertilidade por anovulação crônica, ou seja, o óvulo não é maturado e liberado durante a ovulação e, dessa forma, a fecundação não acontece.
Diagnóstico e critérios diagnósticos
Como os sinais e sintomas da SOP podem ser semelhantes a outras condições femininas, por exemplo, hipotireoidismo, hiperprolactinemia e hiperplasia adrenal, o diagnóstico é de exclusão, nesse caso, feito pela somatória dos fenômenos clínicos e achados em exames de imagem.
A ultrassonografia transvaginal é o principal exame que possibilita a detecção dos microcistos – que correspondem a pequenos folículos imaturos –, que podem ser facilmente detectados na periferia dos dois ovários, em grande quantidade. Além disso, outra característica observada é que geralmente o volume dos ovários está aumentado. Outros exames de imagem como a ressonância magnética raramente são necessários.
Testes hormonais para avaliar os níveis de testosterona, hormônios tireoidianos, prolactina e dos hormônios FSH e LH também devem ser solicitados.
A SOP é confirmada a partir da observação de pelo dois dos critérios definidos no Consenso de Rotterdam, evento que reuniu pesquisadores do mundo todo para discutir a doença, que incluem os sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo, morfologia policística dos ovários, com a presença de 12 ou mais cistos medindo de 2 mm a 9 mm de diâmetro e/ ou volume ovariano acima de 10 cm³, oligovulação (ovulação irregular) ou anovulação (ausência de ovulação).
O tratamento mais adequado a cada paciente é definido a partir dos resultados diagnósticos.
Tratamento e reprodução assistida
O tratamento da SOP também considera alguns critérios, como a gravidade dos sintomas, incluindo infertilidade, e, nesse caso, se há ou não o desejo de engravidar no momento.
É fundamental observar as condições clínicas da paciente. A maioria das pacientes com SOP tem sobrepeso ou obesidade, aumento de colesterol, resistência à insulina e algumas inclusive hipertensão arterial. Incentivar a melhora de hábitos de saúde com dieta adequada e atividade física, além de tratar as patologias associadas, é fundamental para todas as pacientes com SOP.
Para mulheres que não desejam engravidar geralmente são prescritos medicamentos para aliviar os sintomas, incluindo anticoncepcionais orais e hormônios esteroides de ação antiandrogênica. Já quando há o desejo a indicação passa a ser o tratamento por técnicas de reprodução assistida.
Nos casos em que infertilidade é resultado da oligovulação ou ovulação irregular, a relação sexual programada (RSP) normalmente é a técnica inicialmente escolhida. Por ser mais simples, entretanto, e prever a fecundação de forma natural, nas tubas uterinas, elas devem estar permeáveis, sem nenhuma obstrução.
Os níveis da reserva ovariana também devem ser mais altos e os espermatozoides do parceiro dentro dos padrões de normalidade, pois o objetivo do tratamento é estimular os ovários com medicamentos hormonais semelhantes aos naturais (estimulação ovariana), para obter de 1 a 3 óvulos maduros e programar o melhor momento para intensificar a relação sexual.
Se o quadro for de anovulação resistente aos tratamentos com medicações mais simples ou em baixa dose, por outro lado, é indicado o tratamento com a fertilização in vitro (FIV), técnica em que fecundação é realizada em laboratório e os embriões formados são posteriormente transferidos ao útero materno.
A mulher também é submetida à estimulação ovariana, porém as dosagens hormonais utilizadas são mais altas para obter uma quantidade maior de óvulos que vão ser utilizados na fecundação.
As duas técnicas podem proporcionar a gravidez de mulheres com SOP quando bem indicadas. Além disso, se o tratamento com a RSP não for bem-sucedido, ainda é possível engravidar com auxílio da FIV.
Aproveite para compartilhar esse texto nas redes sociais e informar aos seus amigos como é feito o diagnóstico da SOP e outros detalhes dessa doença!
Pólipo endometrial: conheça os sintomas
Por Prof. Dr. Gustavo André
O termo pólipo é usado para denominar o tecido que se desenvolve anormalmente em uma membrana mucosa. O pólipo endometrial, por exemplo, se forma a partir do crescimento anormal das células do endométrio, tecido de revestimento interno do útero, que sofre modificações durante o ciclo menstrual para receber um possível embrião.
São formações sésseis ou pediculadas, quando se fixam ao endométrio por uma haste vascularizada, compostas por células que reproduzem as características desse tecido. Têm maior prevalência na pós-menopausa, embora possam surgir em qualquer idade.
O pólipo endometrial geralmente é benigno e com baixo potencial de malignização, pode ter poucos milímetros ou vários centímetros, ocupando toda a cavidade uterina. Nem sempre apresenta sintomas, porém, quando isso acontece, tende a impactar a qualidade de vida das mulheres, bem como podem afetar a saúde reprodutiva, resultando, muitas vezes, em infertilidade.
Por isso, conhecer os sintomas é um recurso importante para as mulheres em idade fértil ou em tentativa para engravidar, uma vez que eles funcionam como um alerta para a possibilidade da doença. Além disso, apesar de o potencial de malignidade ser baixo é importante que sejam observados.
Continue a leitura até o final para conhecer os principais sintomas do pólipo endometrial e tratamentos mais indicados em caso, inclusive quando eles afetam a capacidade de engravidar. Confira!
Quais são os sintomas do pólipo endometrial?
As causas que podem levar à formação do pólipo endometrial ainda permanecem desconhecidas pela ciência. No entanto, estudos destacam fatores de risco, incluindo o desequilíbrio nos níveis de estrogênio, hormônio que atua no preparo do endométrio tornando-o mais espesso e vascularizado para abrigar o embrião, obesidade e hipertensão arterial.
Endométrio é a camada em que o embrião se implanta, evento que marca o início da gestação. Se não houver fecundação, descama originando a menstruação e um novo ciclo menstrual. O pólipo endometrial se forma quando as células endometriais crescem desordenadamente.
A assintomatologia desses pólipos está principalmente associada aos estágios iniciais, quando podem, inclusive, retroceder naturalmente em muitos casos. Os sintomas normalmente ocorrem à medida que crescem e/ou se espalham pela cavidade uterina. O mais comum é o sangramento uterino anormal (SUA), que é um sangramento fora do padrão considerado normal.
Veja abaixo quais tipos de sangramento uterino anormal as mulheres com pólipo endometrial podem apresentar:
- Aumento excessivo da quantidade do fluxo menstrual (menorragia);
- Sangramento entre os períodos menstruais;
- Sangramento menstrual irregular;
- Sangramento após as relações sexuais;
- Sangramento após a menopausa.
Ainda que o SUA seja a manifestação mais comum, também podem ocorrer cólicas menstruais aumentadas antes e durante o período menstrual (dismenorreia), assim como a infertilidade. O pólipo endometrial pode interferir no preparo do endométrio, provocando falhas na implantação do embrião e abortamento.
Pode, ainda, causar distorções anatômicas em tamanhos maiores ou quando se espalha pela cavidade uterina, o que compromete o desenvolvimento e sustentação da gravidez, levando, da mesma forma, à perda gestacional.
Além disso, a presença de pólipos resulta em um processo inflamatório, cuja consequência é a formação de aderências, que podem, da mesma forma, levar a anormalidades na anatomia.
O diagnóstico do pólipo endometrial é feito por exames de imagem. Normalmente, o primeiro solicitado é a ultrassonografia transvaginal. Muitas vezes, inclusive, principalmente quando são assintomáticos, são incidentalmente descobertos quando esse exame é solicitado em avaliações de rotina.
No caso dos pólipos, a ultrassonografia pode ser mais ou menos sensível para o diagnóstico, a depender da fase do ciclo que a mulher se encontra. É mais fácil identificá-lo na primeira fase – no período logo após o término da menstruação e anterior à ovulação. Com o recurso do Doppler, é possível identificar o vaso que nutre a lesão, aumentando ainda mais o poder diagnóstico.
A histerossonografia, uma variação da ultrassonografia com soro fisiológico para expandir a cavidade uterina e a vídeo-histeroscopia diagnóstica, técnica que possibilita a visualização direta, podem ainda ser solicitados de forma complementar.
Esses exames possibilitam, ao mesmo tempo, descartar a incidência de outras patologias uterinas que podem causar sintomas semelhantes, como os miomas uterinos e as sinequias uterinas. O tratamento mais adequado para cada paciente é definido a partir dos resultados diagnósticos.
Como o pólipo endometrial é tratado?
O tratamento do pólipo endometrial pode ser apenas expectante, feito por medicamentos hormonais, por cirurgia ou com auxílio da reprodução assistida. Entenda quando cada abordagem terapêutica é indicada:
- Conduta expectante: é a abordagem utilizada nos casos em os pólipos são menores, não causam sintomas e não há desejo reprodutivo. Envolve apenas a observação periódica e considera o fato de que eles podem retroceder naturalmente;
- Medicamentos hormonais: podem ser prescritos para pólipos maiores, que causam sintomas como como SUA e dismenorreia, porém não é um tratamento adequado se a mulher desejar engravidar;
- Cirurgia: a cirurgia é indicada nos casos em os pólipos, em maiores tamanho ou quantidade, causam sintomas mais severos, incluindo infertilidade. O procedimento, conhecido como polipectomia, tem como objetivo a remoção. É realizado por vídeo-histeroscopia cirúrgica.
Na maioria das vezes a fertilidade é restaurada após a remoção do pólipo endometrial. Quando isso não acontece, é possível inferir que há outro motivo da infertilidade e, para obter a gravidez, pode ser indicada a fertilização in vitro (FIV), principal técnica de reprodução assistida.
Essa técnica prevê a fecundação em laboratório, precedida da coleta e seleção dos melhores óvulos e espermatozoides, com posterior transferência dos embriões formados diretamente ao útero materno depois de alguns dias de desenvolvimento, também em ambiente laboratorial.
Antes de os embriões serem transferidos, o endométrio pode ser preparado por medicamentos hormonais semelhantes aos naturais, minimizando, assim, possíveis falhas de implantação.
Mulheres que tiveram o útero removido em situações extremas podem contar ainda com uma das técnicas complementares ao tratamento, o útero de substituição ou barriga solidária, em que uma parente de até quarto grau dos pacientes em tratamento recebe os embriões formados com os gametas dos pais.
A FIV registra os percentuais mais altos de sucesso gestacional da reprodução assistida, entretanto, como na gestação espontânea o pólipo endometrial pode interferir no processo de implantação do embrião, que ocorre naturalmente, por isso, deve obrigatoriamente ser anteriormente removido.
Agora que você já conhece os sintomas do pólipo endometrial, compartilhe esse texto nas redes sociais e informe também aos seus amigos, uma vez que reconhecê-los contribui com o diagnóstico precoce, ajudando a evitar maiores danos à saúde reprodutiva e geral.
Mioma: veja o que é
Por Prof. Dr. Gustavo André
As mulheres têm um tempo limitado de fertilidade. Chamado de idade fértil, inicia na puberdade com a primeira menstruação e se encerra na menopausa, etapa marcada pela última.
Durante esse período é utilizada a reserva ovariana, termo que descreve a quantidade de folículos, estruturas que contêm o óvulo imaturo, armazenados nos ovários desde o nascimento.
Assim, naturalmente a capacidade reprodutiva se torna menor à medida que a mulher envelhece, da mesma forma que diferentes doenças podem impedir ou dificultar o sucesso gestacional durante a fase fértil.
O mioma uterino, também chamado de leiomioma, é uma das patologias mais comuns. Apesar de ser um tumor benigno, alguns tipos podem causar alterações em etapas essenciais para o sucesso da gravidez, efeitos obstétricos adversos, bem como outros sintomas, muitas vezes severos, que comprometem de diversas formas a qualidade de vida das mulheres portadoras.
Acompanhe o texto até o final e veja o que é mioma, quais as possíveis causas, os principais sintomas, diagnóstico e tratamento, inclusive quando a infertilidade é uma das consequências. Confira!
O que é o mioma uterino?
Útero, ovários e tubas uterinas, que os conecta, são os principais órgãos do sistema reprodutor feminino. A cada ciclo menstrual, os ovários liberam um óvulo para ser fecundado. Ele é capturado pelas tubas uterinas, local em que a fecundação acontece, também responsáveis por facilitar o transporte dos espermatozoides e do embrião formado na fecundação ao útero.
O útero, maior órgão, abriga o embrião-feto até o nascimento. Muscular e oco, tem o formato de pera invertida e é dividido em três partes, corpo, istmo e colo do útero. O corpo do útero, maior porção, também possui três camadas de revestimento, endométrio, a interna, miométrio, a intermediária e perimétrio (ou serosa), a externa.
O endométrio é um tecido epitelial altamente vascularizado, no qual o embrião se implanta para dar início à gestação, enquanto o miométrio é formado por células musculares lisas, que facilitam as contrações na hora do parto e para expulsão do sangue menstrual, e o perimétrio é uma serosa, que protege o órgão na cavidade pélvica.
O mioma uterino se desenvolve a partir uma única célula do miométrio, que se multiplica formando um tumor benigno. A causa exata ainda permanece desconhecida pela ciência, porém alguns fatores são apontados como de risco por diferente estudos. Entre eles estão a ascendência africana e a genética.
- Ascendência africana: mulheres de pele negra apresentam maior prevalência e sintomas mais graves;
- Genética: é alta a incidência registrada em mulheres que têm parentes de primeiro grau portadoras.
Além disso, o mioma está entre as doenças estrogênio-dependentes, ou seja, que dependem da ação desse hormônio para desenvolver, responsável pelo preparo do endométrio durante o ciclo menstrual, tornando-o adequado para receber um possível embrião.
Por isso, mulheres mais velhas, acima dos 40 anos, as que menstruaram precocemente ou nunca tiveram filhos, expostas por mais tempo ao hormônio, também fazem parte do grupo de risco.
Miomas podem ser únicos ou múltiplos e são classificados em três tipos principais de acordo com o local de crescimento: se originam no miométrio, porém podem se projetar para as outras camadas uterinas. Veja abaixo:
- Mioma intramural: é o tipo localizado apenas no miométrio;
- Mioma submucoso: se projetam para o interior da cavidade uterina, próximo ao endométrio;
- Mioma subseroso: se projeta em direção ao perimétrio, camada externa.
Os sintomas do mioma, incluindo alterações na fertilidade, são igualmente associados ao local de crescimento.
Sintomas, diagnóstico e tratamento do mioma uterino
Nem todas as mulheres com miomas apresentam sintomas, porém, quando estão presentes, podem ser muitas vezes severos, comprometendo a qualidade de vida das portadoras, levando muitas vezes ao afastamento social e desenvolvimento de transtornos, como ansiedade e/ou depressão. Os mais comuns são:
- Mioma submucoso: sangramento e cólicas severas entre os períodos menstruais, aumento excessivo do fluxo menstrual, muitas vezes prolongado, o que pode resultar em anemia;
- Mioma intramural: aumento do fluxo e cólicas severas durante o período menstrual;
- Mioma subseroso: por ter mais espaço para crescer, esse tipo de mioma pode atingir grandes dimensões e comprimir órgãos próximos, como a bexiga e o intestino, provocando micção frequente e urgente ou constipação, bem como em inchaço abdominal.
No entanto, apenas dois tipos são associados à infertilidade feminina, o submucoso e o intramural. O submucoso, por estar localizado próximo ao endométrio pode causar interferências no preparo endometrial, levando a falhas na implantação do embrião e abortamento. Já o intramural, em tamanhos maiores pode provocar distorções na anatomia uterina, dificultando ou impedindo o desenvolvimento da gravidez.
Ambos aumentam, ainda, as chances de efeitos obstétricos adversos, tais como parto prematuro, placentação anormal e RCIU (restrição de crescimento intrauterino), quando o bebê não atinge o peso normal durante a gravidez.
O mioma é diagnosticado por exames de imagem. Muitas vezes é um achado incidental durante as avaliações de rotina com a ultrassonografia transvaginal. Quando o ultrassom for inconclusivo, é possível realizar o diagnóstico por meio da vídeo-histeroscopia diagnóstica, técnica que permite a visualização direta da cavidade uterina, identificando a localização e o tipo.
A partir dos resultados diagnósticos, é definido o tratamento mais adequado para cada paciente, ou seja, é sempre individualizado. A conduta pode ser apenas expectante, se não houver nenhum sintoma, assim como considerar o desejo da mulher de engravidar no momento.
Se não houver o desejo, por exemplo, e os sintomas forem mais leves, é feito o tratamento com medicamentos hormonais, que promovem a suspensão da menstruação e, consequentemente, a exposição menor ao estrogênio, levando à estabilização e às vezes até à redução do tumor.
Para sintomas mais severos, incluindo infertilidade, e/ou se houver o desejo de engravidar, geralmente é indicada a remoção cirúrgica, procedimento conhecido como miomectomia, realizado por vídeo-histeroscopia cirúrgica na maioria dos casos. A cirurgia também é necessária para correção de possíveis anormalidades anatômicas consequentes de miomas intramurais.
Nos casos em que a fertilidade não é restaurada após a remoção, é indicado, então, o tratamento por reprodução assistida.
Infertilidade e reprodução assistida
A fertilização in vitro (FIV) é a principal técnica de reprodução assistida indicada para o tratamento da infertilidade por diversos motivos. Prevê a fecundação em laboratório com posterior transferência dos embriões diretamente ao útero materno, depois de alguns dias de desenvolvimento.
Na FIV, o endométrio pode ser previamente preparado por medicamentos hormonais sintéticos, semelhantes aos envolvidos no ciclo endometrial. Dessa forma, as chances de falhas na implantação do embrião são minimizadas.
Os percentuais de sucesso gestacional proporcionados pela FIV são bastante expressivos e os mais altos da reprodução assistida. A técnica responde, anualmente, pelo nascimento de milhares de crianças no mundo todo.
Assim, mesmo quando a infertilidade por mioma não é solucionada pelos tratamentos primários, ainda é possível engravidar com auxílio da FIV.
Compartilhe esse texto nas redes sociais e informe aos seus amigos o que é mioma, as possíveis interferências na fertilidade, diagnóstico e tratamentos mais indicados em cada caso!
Hipotireoidismo: saiba identificar os sintomas
Por Prof. Dr. Gustavo André
Os hormônios são mensageiros químicos, viajam pela corrente sanguínea e encontram receptores em tecidos ou órgãos funcionando como um sinalizador celular, regulando funções importantes, do crescimento e desenvolvimento ao processo reprodutivo. O termo deriva do grego ormóni, que significa evocar ou excitar.
São produzidos e/ou secretados por glândulas do sistema endócrino, a tireoide, uma das maiores glândulas do corpo humano, está entre as principais. Localizada no pescoço, abaixo da laringe, tem o formato semelhante ao de uma borboleta e responde por hormônios importantes para controlar o metabolismo das células, garantindo o equilíbrio de diferentes sistemas, como o reprodutor.
Os hormônios tireoidianos atuam nas funções dos ovários e testículos – no desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos e na produção dos espermatozoides. Assim, qualquer alteração no funcionamento correto da tireoide pode interferir na fertilidade de mulheres ou homens e levar à infertilidade.
O hipotireoidismo é um dos distúrbios da tireoide que pode causar esse efeito. Continue a leitura até o final e conheça os possíveis sintomas associados ao problema, que contribuem para diagnóstico e tratamento precoces, evitando, dessa forma, maiores danos à saúde reprodutiva. Confira!
Entenda o que é hipotireoidismo
O sistema endócrino é controlado por diferentes eixos, compostos geralmente pelo hipotálamo, região do encéfalo, centro do sistema nervoso, e pela hipófise, também chamada de glândula pituitária ou mestra, localizada na parte inferior do cérebro, além do órgão alvo.
A produção dos hormônios tireoidianos é controlada pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. O hipotálamo responde pela produção do hormônio liberador de tireotrofina (TRH), que por sua vez estimula a hipófise a produzir TSH, hormônio estimulante da tireoide, que se liga aos receptores presentes nessa glândula estimulando a secreção de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), os hormônios tireoidianos.
Algumas condições podem interferir no funcionamento adequado da tireoide, resultando no aumento (hipertireoidismo) ou insuficiência (hipotireoidismo) dos hormônios tireoidianos.
Hipotireoidismo ou tireoide hipoativa, portanto, é o distúrbio caracterizado pela produção insuficiente. A tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune em que anticorpos atacam a glândula por engano, é a causa mais comum, entretanto também pode ser consequência de tumores na hipófise, geralmente benignos, histórico familiar, câncer da tireoide e seus tratamentos, bem como alguns medicamentos para o tratamento de distúrbios psiquiátricos.
Raro em homens, nas mulheres o hipotireoidismo é mais frequentemente observado acima de 40 anos, ainda que possa ocorrer em qualquer idade, incluindo a reprodutiva, quando pode provocar alterações da fertilidade.
Observar os possíveis sintomas característicos desse distúrbio contribui para o diagnóstico e tratamento precoces, permitindo regular a atividade da glândula e, desse forma, os níveis hormonais.
Principais sintomas do hipotireoidismo
O hipotireoidismo normalmente é assintomático nos estágios iniciais, no entanto, com o avanço da doença tendem a surgir diferentes sintomas, que variam em intensidade de acordo com a deficiência hormonal. Nas mulheres, é possível observar particularmente irregularidades no ciclo menstrual, aumento do fluxo e às vezes até a parada do fluxo – a amenorreia, que é a ausência da menstruação por mais de 3 ciclos; enquanto nos homens podem ocorrer problemas relacionados à potência sexual.
A dificuldade de engravidar também está entre os sintomas. Nas mulheres, como os hormônios tireoidianos atuam no desenvolvimento, amadurecimento e rompimento do folículo ovariano, que contêm o óvulo imaturo, a infertilidade é consequência de distúrbios de ovulação, dificuldades nesse processo que levam à ausência de ovulação, condição denominada anovulação.
Nos homens, estimulam a secreção de testosterona, principal hormônio masculino cuja ação é essencial na espermatogênese, processo de produção dos espermatozoides. Níveis baixos podem resultar na baixa concentração (oligozoospermia) ou ausência de espermatozoides no sêmen.
Além desses sintomas, outros são comuns a ambos os sexos:
- perda da libido;
- ganho de peso com dificuldades para emagrecer;
- dores musculares;
- cansaço e fraqueza;
- dor, rigidez ou inchaço nas articulações;
- inchaço na face;
- ressecamento da pele;
- queda de cabelo;
- rouquidão;
- glândula tireoide aumentada;
- diminuição do ritmo cardíaco;
- depressão;
- elevação do colesterol;
- infertilidade.
É importante procurar um especialista se houver a manifestação de qualquer sintoma, isoladamente ou em associação.
Diagnóstico e tratamento do hipotireoidismo
O diagnóstico do hipotireoidismo é feito a partir do acolhimento dos sintomas e realização de exame de sangue para analisar os níveis do hormônio estimulador da tireoide TSH e da tiroxina (T4). Quando o quadro é de hipotireoidismo, há uma elevação do TSH, enquanto os níveis da tiroxina (T4) geralmente são mais baixos do que o normal.
Todas as pessoas que têm histórico familiar, bem como as mulheres em idade reprodutiva, devem fazer a investigação, independentemente de apresentarem sintomas ou alterações na fertilidade.
Ainda que o tratamento do hipotireoidismo seja bastante simples, feito por reposição hormonal, é vitalício: os medicamentos são de uso diário e as dosagens ajustadas de acordo com a necessidade.
O tratamento promove o alívio dos sintomas e, na maioria das vezes, proporciona a restauração da fertilidade. Quando isso não acontece, podem ser indicadas as técnicas de reprodução assistida para obter a gravidez.
Infertilidade e reprodução assistida
A principal técnica indicada é a fertilização in vitro (FIV), em que fecundação é realizada em laboratório após a coleta e seleção de óvulos e espermatozoides.
A mulher é submetida à estimulação ovariana, procedimento que utiliza medicamentos hormonais para induzir o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos ovarianos, coletados individualmente por aspiração folicular para posterior extração e seleção dos óvulos em laboratório.
Os espermatozoides do parceiro, por outro lado, são selecionados por técnicas de preparo seminal. Se não estiverem presentes nas amostras de sêmen, podem ser obtidos diretamente dos testículos, local em que são produzidos, ou dos epidídimos, ductos em que são armazenados após a produção.
Atualmente, a fecundação é realizada por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) nas maioria das clínicas de reprodução assistida. Método em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo com auxílio de um micromanipulador de gametas.
Os embriões formados se desenvolvem por alguns dias em laboratório e são posteriormente transferidos diretamente ao útero materno.
A FIV, portanto, permite solucionar os principais problemas relacionados à infertilidade, proporcionando chances de sucesso gestacional bastante expressivas, as mais altas da reprodução assistida.
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Como calcular o período fértil? Veja a importância para a fertilidade
Por Prof. Dr. Gustavo André
Os ciclos menstruais ou reprodutivos femininos têm início na puberdade, inaugurando a idade fértil das mulheres, que se encerra na menopausa. Ou seja, somente nesse intervalo, período também denominado menacme, que fica entre a puberdade e a menopausa, é possível engravidar.
Além do tempo de fertilidade limitado, as chances de gravidez também estão concentradas em um curto período do ciclo menstrual, conhecido como período fértil. Para se ter uma ideia, dos aproximados 28 dias que compõem um ciclo considerado padrão, em apenas um deles o óvulo pode ser fecundado pelo espermatozoide, gerando, assim, uma nova vida.
O período fértil, entretanto, é um pouco mais extenso, 5 dias, pois considera diferentes fatores. Essencial para o sucesso gestacional e, consequentemente, para fertilidade feminina, saber calculá-lo é um recurso necessário para os casais em tentativa de engravidar, permitindo programar e intensificar a relação sexual, assim como é um alerta para possíveis problemas de infertilidade conjugal.
Continue a leitura até o final para saber como calcular o período fértil e entender sua importância para a fertilidade. Confira!
Ciclo menstrual e período fértil
As mulheres nascem com uma reserva de óvulos para serem utilizados durante a idade fértil, o que é chamado de reserva ovariana. Os óvulos primários, ainda imaturos, são armazenados nos ovários em estruturas denominadas folículos. O processo de maturação acontece durante o ciclo menstrual, dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea.
Na fase folicular vários folículos são recrutados e crescem motivados pela ação do hormônio folículo-estimulante, FSH. Porém, entre eles apenas um se destaca. Chamado de folículo dominante, desenvolve e amadure estimulado pelo hormônio luteinizante (LH).
Enquanto se desenvolve, libera estrogênio, hormônio que inicia o preparo do endométrio, tecido que reveste o útero internamente no qual o embrião se implanta para dar início à gestação.
Aproximadamente na metade do ciclo menstrual, quando o folículo já amadureceu o suficiente, um pico de LH o induz ao rompimento para a liberação do óvulo, também maduro. Isso acontece na segunda fase, a ovulatória, durante o evento conhecido como ovulação.
O óvulo liberado é captado pelas tubas uterinas, órgãos que fazem a ligação entre os ovários e o útero em que a fecundação acontece, e aguarda por até 24h o encontro com o espermatozoide. Durante a relação sexual, milhares de espermatozoides são liberados na ejaculação e viajam pela extremidade oposta das tubas para fecundar o óvulo. Um deles vence a corrida e o penetra, originando a primeira célula do embrião.
Na última fase do ciclo menstrual, a lútea, o folículo rompido se transforma em corpo lúteo, uma glândula endócrina temporária cuja função é secretar progesterona, hormônio que finaliza o preparo endometrial. Se não houver fecundação, por outro lado, o corpo lúteo degenera, os níveis hormonais diminuem provocando a descamação do endométrio, a menstruação e o início de um novo ciclo.
Período fértil
O período de maior fertilidade das mulheres é marcado pela ovulação, ou seja, as chances de engravidar dependem da liberação do óvulo e consideram particularmente seu tempo de sobrevida. No entanto, o tempo que os espermatozoides sobrevivem no organismo feminino também é necessário para calcular o período fértil.
Isso porque os que já estão disponíveis no organismo feminino são atraídos por substâncias químicas liberadas pelo óvulo, iniciando a corrida antes mesmo que ocorra uma nova ejaculação. Por outro lado, apenas os espermatozoides mais saudáveis têm capacidade de sobrevivência, o que significa que também estão mais capacitados para vencer a corrida e fecundar o óvulo.
Entenda como o período fértil é calculado
O cálculo do período fértil pode ser feito com maior precisão apenas nos ciclos menstruais regulares, aqueles que acontecem sempre no mesmo intervalo, iniciam com a menstruação e finalizam no dia anterior à próxima. O mais comum, nesses casos, é que tenham a duração de 28 dias, embora possam ser um pouco mais curtos ou longos.
No ciclo de 28 dias, a ovulação geralmente ocorre no 14º. Por isso, para calcular o período fértil é importante anotar a data do primeiro dia da menstruação, estabelecendo, dessa forma, a da provável liberação do óvulo, além de considerar o tempo de sobrevida de ambos os gametas.
Por exemplo, se o dia 1 for o primeiro da menstruação, a ovulação provavelmente vai ocorrer no dia 14: 14 – 3 (tempo de sobrevida do espermatozoide) = 11; 14+1 (tempo de sobrevida do óvulo) = 15. Assim, o período fértil está localizado entre os dias 11 e 15, podendo a fecundação ocorrer apenas após a liberação do óvulo, durante o tempo em que sobrevive. Depois disso, é naturalmente absorvido pelo organismo.
É importante ter em mente que o ciclo menstrual pode ser dividido em 3 fases: a primeira é a chamada folicular, depois vem a fase ovulatória e então, por fim, acontece a fase lútea. Sabe-se que a primeira fase pode ter uma duração variável e que a segunda e terceira são fixas.
A ovulação é um momento único e corresponde a um único dia, enquanto a fase lútea dura 14 dias. Dessa forma, podemos dizer que uma mulher que tenha a duração do ciclo de 33 dias tem a primeira fase com a duração de 33 – 14 = 19 dias. Qual é a importância disso? Em um ciclo de 33 dias, a fase ovulatória ocorrerá no 19° dia, portanto a janela de oportunidade para a gravidez será do 16° ao 20° dia do ciclo.
Para mulheres com ciclos mais curtos, como de 25 dias, calculamos 25 – 14 = 11. Dessa forma, o provável dia fértil ocorrerá no 11° dia e o período fértil será do 8° ao 12° dia do ciclo.
Período fértil e fertilidade
Casais que sabem como calcular o período fértil têm mais chances de engravidar ou mesmo de detectar possíveis problemas de fertilidade. Quando a relação sexual é intensificada durante o período fértil por um ano ou mais, sem o uso de nenhum método contraceptivo, e ainda assim não há sucesso gestacional, o quadro provavelmente é de infertilidade, resultado de fatores femininos, masculinos, ou da associação de ambos.
Os distúrbios de ovulação são uma das principais causas de infertilidade feminina, provocados por doenças como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e a endometriose, comuns durante a fase reprodutiva. Têm como característica dificuldades no desenvolvimento, amadurecimento e liberação do folículo ovariano, o que impede a ovulação e, consequentemente, a fecundação.
Os fatores masculinos associados aos espermatozoides podem igualmente impedir ou dificultar a fecundação. Desde alterações estruturais, na morfologia (forma) ou motilidade (movimento), à baixa concentração ou ausência no sêmen, condições denominadas oligozoospermia e azoospermia, respectivamente, causas de infertilidade masculina frequentemente registradas.
Apesar de algumas mulheres demorarem mais a engravidar, o que é normal, se houver suspeita de infertilidade é importante procurar um especialista em reprodução humana para investigar as possíveis causas. Atualmente, o problema pode ser solucionado na maioria dos casos, as técnicas de reprodução assistida são o tratamento padrão.
Infertilidade e reprodução assistida
Hoje, as três principais técnicas de reprodução assistida, relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV), proporcionam a solução de praticamente todas as necessidades reprodutivas.
As de menor complexidade, RSP e IA, são indicadas para o tratamento de fatores de infertilidade menos graves, pois a fecundação acontece como na gestação natural, nas tubas uterinas. A RSP, por exemplo, geralmente é a primeira opção para solucionar distúrbios de ovulação mais leves, enquanto a IA é indicada se houver pequenas alterações nos espermatozoides.
Em ambas o período fértil tem a mesma importância que na gestação natural. No primeiro caso, para programar a relação sexual e, no segundo, para inserir os espermatozoides mais capacitados no útero, selecionados por técnicas de preparo seminal.
Já a FIV é uma técnica mais complexa, que reproduz etapas importantes em laboratório como a fecundação e o desenvolvimento inicial dos embriões formados no processo, posteriormente transferidos diretamente ao útero materno.
Assim, permite solucionar praticamente todas as demandas reprodutivas, independentemente da severidade do fator de infertilidade que impede a gravidez.
No entanto, todas as técnicas quando bem indicadas são um importante auxílio para a gravidez e registram percentuais de sucesso compatíveis com a complexidade do procedimento, que podem ser ainda mais expressivos quando a infertilidade é diagnosticada precocemente. Por isso, os casais tentantes que sabem como calcular o período fértil e não obtêm sucesso após um ano de tentativas, não devem demorar a procurar um especialista.
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FIV, IA e RSP: conheça as técnicas de reproduçãoo assistida
Por Prof. Dr. Gustavo André
Hoje, milhares de pessoas no mundo todo sofrem com infertilidade, ou seja, não conseguem engravidar naturalmente por relação sexual, como consequência de diversas condições, incluindo, por exemplo, doenças e hábitos de vida. Os percentuais são tão elevados que a organização mundial da saúde (OMS) passou a considerar o problema questão de saúde pública mundial.
No entanto, apesar dos altos números registrados anualmente, com o tratamento adequado é possível engravidar na maioria dos casos. A reprodução assistida é considerada o tratamento padrão para os fatores de infertilidade femininos e masculinos, além de possibilitar a gravidez em outras situações, como casais homoafetivos ou pessoas solteiras que desejam ser pais independentes.
Essa área da medicina reúne técnicas e procedimentos que auxiliam no processo reprodutivo, as principais são a fertilização in vitro (FIV), a inseminação artificial (IA) e a relação sexual programada (RSP). A definição da mais adequada em cada caso é feita após a realização de exames, laboratoriais e de imagem, para identificar a causa da dificuldade de engravidar.
Este texto aborda detalhadamente o funcionamento e indicação de cada uma delas. Continue a leitura até o final e confira!
FIV, IA e RSP
Algumas mulheres podem demorar um pouco mais do que outras para engravidar, isso depende de cada organismo e é considerado normal. Para o diagnóstico de infertilidade é necessário haver pelo menos um ano de tentativas com relações sexuais desprotegidas, sem o uso de nenhum método contraceptivo.
A infertilidade feminina geralmente é consequência de distúrbios de ovulação, obstruções tubárias ou anormalidades uterinas, enquanto a masculina pode resultar de interferências na espermatogênese, processo de produção dos espermatozoide, ou de obstruções que impedem o transporte para fecundar o óvulo.
Entre as doenças femininas mais comuns durante a idade fértil, que podem provocar esses problemas, estão as estrogênio-dependentes – endometriose, miomas uterinos ou pólipos endometriais – e a síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Já entre as masculinas a varicocele e os processos inflamatórios dos órgãos reprodutores, epididimite, dos epidídimos, orquite, dos testículos e prostatite, da próstata, se destacam por serem causas prováveis de azoospermia, ausência de espermatozoides no sêmen, bem como podem interferir na qualidade dos gametas.
Após identificada a causa da infertilidade, o tratamento pode ser realizado pelas técnicas de baixa complexidade, RSP e IA, em que a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas, ou pela FIV, mais complexa, em que o processo é realizado em ambiente laboratorial. Veja abaixo o funcionamento e indicação de cada uma:
RSP – Relação sexual programada
A RSP é a técnica de reprodução assistida mais simples. Como o nome sugere, o objetivo do tratamento é programar a relação sexual para o período do ciclo menstrual feminino em que há mais chances de engravidar. Para isso, a mulher é submetida à estimulação ovariana, procedimento que utiliza medicamentos hormonais para estimular os ovários e obter mais óvulos maduros.
No ciclo menstrual normal vários folículos são recrutados, estruturas que contém o óvulo imaturo. Porém, apenas um deles se destaca, desenvolve, amadurece e rompe liberando o óvulo na ovulação.
Os medicamentos administrados estimulam o desenvolvimento de mais folículos. Na RSP são utilizadas baixas doses, uma vez que a fecundação acontece naturalmente, para obter entre 1 e 3 óvulos.
O desenvolvimento dos folículos é acompanhado por exames de ultrassonografia transvaginal periódicos, que indicam quando eles atingem o tamanho ideal para que novos medicamentos os induzam ao amadurecimento e ovulação, que ocorre em aproximadamente 36 horas. Permitem, dessa forma, programar a relação sexual para o período em que há mais chances de engravidar.
O período de maior fertilidade das mulheres é marcado pela ovulação e considera o tempo de sobrevida do óvulo, 24h, e dos espermatozoides, aproximadamente 72h.
A RSP apresenta percentuais de sucesso semelhantes aos da gestação espontânea: cerca de 20% a cada ciclo de tratamento. É indicada nas seguintes situações:
- Para mulheres com até 35 anos, idade em que a qualidade e os níveis da reserva ovariana ainda estão altos. Reserva ovariana é o termo que descreve a quantidade de folículos presentes desde o nascimento, utilizados durante a fase fértil;
- Para mulheres com distúrbios de ovulação mais leves, que podem ser provocados por doenças em estágios iniciais, como a SOP e a endometriose;
- Para mulheres com as tubas uterinas permeáveis, uma vez que a fecundação acontece naturalmente;
- Para mulheres cujos parceiros possuem os espermatozoides saudáveis, dentro dos padrões de normalidade.
IA – inseminação artificial
Assim como a RSP, a IA inicia com a estimulação ovariana; as doses dos medicamentos são igualmente mais baixas. No entanto, essa técnica permite o tratamento quando há pequenas alterações na morfologia (forma) ou motilidade (movimento) dos espermatozoides.
Simultaneamente à estimulação ovariana, as amostras de sêmen do parceiro são coletadas e submetidas ao preparo seminal, técnica que utiliza diferentes métodos para capacitar os gametas masculinos e selecionar os com maior capacidade de penetrar o óvulo para fecundá-lo.
Os espermatozoides selecionados são, então, inseridos em um cateter e depositados diretamente no útero, encurtando o caminho até as tubas uterinas, durante o período fértil apontado pelos exames ultrassonográficos.
Os percentuais de sucesso da IA também são semelhantes aos da gestação espontânea, cerca de 20% por ciclo. É indicada nas seguintes situações:
- Para homens com pequenas alterações nos espermatozoides;
- Para homens com dificuldades em ejacular, como ejaculação precoce ou em pequenos volumes;
- Para mulheres com até 35 anos (melhor qualidade dos óvulos) e as tubas uterinas permeáveis;
- Para mulheres com alterações no muco cervical, substância produzida pelo colo do útero que protege contra ascensão de bactérias presentes na vagina e facilita a entrada e transporte dos espermatozoides durante o período fértil;
- Para casais homoafetivos femininos, que utilizam, nesse caso, sêmen de um doador.
FIV – fertilização in vitro
A FIV é a técnica mais complexa e é considerada a principal por atender a praticamente todas as demandas reprodutivas.
Possibilita desde o tratamento de fatores de infertilidade, mais ou menos graves, à gravidez de casais homoafetivos masculinos, que contam com a doação de óvulos, o processo compartilhado no caso dos femininos, além de ser a única técnica que permite evitar a transmissão de distúrbios genéticos para os filhos.
O tratamento com a FIV é realizado em cinco etapas, estimulação ovariana, preparo seminal, fecundação e cultivo embrionário.
A estimulação ovariana, entretanto, se difere das outras técnicas em alguns pontos. Além da dosagem hormonal ser mais alta, pois o objetivo é obter de 5 a 15 óvulos maduros e garantir que mais embriões sejam formados, após a administração dos medicamentos indutores os folículos maduros são coletados por punção folicular, os óvulos extraídos e selecionados em laboratório.
O preparo seminal também permite a seleção dos espermatozoides mais saudáveis. Na FIV em homens com azoospermia (ausência de espermatozoides no ejaculado) eles podem em boa parte dos casos ser coletados dos epidídimos ou testículos por diferentes métodos.
Apenas os melhores óvulos e espermatozoides são utilizados na fecundação, geralmente realizada por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que cada espermatozoide é diretamente injetado no óvulo.
Os embriões formados são acomodados em incubadoras e se desenvolvem por até seis dias. Podem ser transferidos ao útero em duas fases de desenvolvimento, D3 ou clivagem, entre o segundo e terceiro dia, ou no blastocisto, entre o quinto e o sexto.
Além de o tratamento principal contornar diferentes problemas que podem dificultar a gravidez, a FIV conta com um conjunto de técnicas complementares, que oferecem ainda outras soluções. Entre elas está o PGT (teste genético pré-implantacional), que analisa as células do embrião indicando possíveis distúrbios genéticos. Dessa forma, apenas os mais saudáveis são transferidos.
Os percentuais de sucesso proporcionados pela FIV são os mais altos da reprodução assistida, embora todas proporcionem a gravidez quando são bem indicadas.
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